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“Funiculì, Funiculà”: a canção que sobreviveu às erupções do Vesúvio!

“Funiculì, Funiculà”: a canção que sobreviveu às erupções do Vesúvio!

A música “Funiculì, Funiculà” é uma das canções mais icônicas e alegres da Itália, conhecida por seu ritmo cativante e letras animadas. Difícil encontrar quem já não tenha escutado em algum momento da vida. Geralmente é associada à culinária italiana, muito ouvida em momentos de demonstração do que a Itália exportou para o mundo. Hoje poderemos ir além dessas impressões gerais, para conhecer a origem e os significados. Esta canção, que se tornou um hino não oficial de Nápoles e uma parte importante da cultura musical italiana, tem uma história fascinante de composição, um autor talentoso e significados profundos em sua letra.

Atrações funicular Itália
Partitura Funiculi funicula

A história de “Funiculì, Funiculà”

A história remonta ao final do século XIX, mais precisamente ao ano de 1880. Ela foi escrita como um hino para celebrar a inauguração de um novo funicular (um tipo de transporte ferroviário inclinado) que conectava a cidade costeira de Nápoles ao topo do Monte Vesúvio, um vulcão ativo famoso em todo o mundo.

Atrações funiculare Itália

Giuseppe Turco

O autor desta alegre composição é Giuseppe Turco, um jornalista e poeta napolitano, conhecido também como Peppino Turco. Turco foi encarregado de criar uma música festiva para a cerimônia de inauguração do funicular. Em parceria com o talentoso compositor Luigi Denza (foto ao lado), a dupla criou a melodia e as letras que logo se tornaram um sucesso.

Luigi Denza um dos compositores de Funiculi Funicula

Ela foi cantada pela primeira vez em Castellammare di Stabia, no Hotel Quisisana no dia 6 de junho de 1880. E no mesmo ano, foi apresentada por Turco e Denza no Festival de Piedigrotta.

Hotel Quisisana na Itália
Hotel Quisisana, em Castellammare di Stabia.
Vista para o Vesúvio Itália

A letra da música descreve vividamente a empolgante experiência de subir o Monte Vesúvio no novo funicular, uma aventura emocionante para os moradores e visitantes de Nápoles na época. A palavra “funiculì” é uma contração que une duas palavras: “funicolare” (funicular) e “lì” (ali). Enquanto “funiculà” é a contração de “funicolare” + “là” (lá). Assim, a música transmite a ideia de movimento, o deslocamento daqueles que sobem, daqui até lá, pelo funicular que levava ao topo do Vesúvio, onde se poderia desfrutar de vistas deslumbrantes da baía de Nápoles e do Golfo de Nápoles.

Luigi Denza – Funiculi, Funicula [HQ]

A canção rapidamente se tornou popular em Nápoles e em toda a Itália, cativando o coração do público com seu ritmo vibrante e letras alegres. Ela também se espalhou por todo o mundo, tornando-se um símbolo da música italiana.

Ao longo dos anos, “Funiculì, Funiculà” foi interpretada por inúmeros artistas, tanto italianos quanto internacionais, e foi usada em diversos filmes, programas de televisão e comerciais, solidificando ainda mais sua posição como uma das músicas italianas mais reconhecíveis e queridas.

Duas das apresentações muito conhecidas são a de Luciano Pavarotti, em 1995, e a de Andrea Bocelli, em 2009, cantando dentro do Coliseu! Assistam:

Além de sua associação com o transporte até o Monte Vesúvio, “Funiculì, Funiculà” também é frequentemente executada em festas e celebrações, sendo um elemento essencial nas festividades italianas. Sua energia contagiosa e letras festivas fazem dela uma escolha perfeita para animar qualquer ocasião.

A letra da música é uma celebração da beleza da natureza, da aventura e do espírito napolitano. Ela evoca a sensação de liberdade e excitação que as pessoas sentiam ao subir o Monte Vesúvio e contemplar a paisagem deslumbrante ao redor. Mesmo após mais de um século desde sua criação, “Funiculì, Funiculà” continua a ser uma canção atemporal que encanta e emociona as pessoas.

Vista para as construções do funicular ao pé do Monte Vesúvio
Vista para as construções do funicular ao pé do Monte Vesúvio

Você percebeu que citamos o prazer que as pessoas sentiam nessa subida, mas falamos tudo no passado? É porque a história da construção do funicular deu lugar também a uma história repleta de reconstruções e desafios. Vejam só…

Não é nada simples construir um funicular que sobe o monte de um vulcão ativo. No ano de 1906, ocorreu uma erupção do Vesúvio, que causou a destruição das duas estações do funicular, a superior e a inferior. Além disso, os bondes, os equipamentos e também o restaurante construído na base do monte foram destruídos – ou melhor dizendo, engolidos pelas lavas e cobertos pelas cinzas.

Vesúvio em 1906

O orgulho da construção e o espírito da industrialização, que tomavam a todos naquela época, logo serviram de impulso para que se pensasse numa rápida reconstrução. Os danos foram logo reparados e, já em 1909, o funicular voltou a funcionar.

Acontece que, dois anos depois, em 12 de março de 1911, uma nova erupção destruiu a estação superior novamente. E mais uma vez, ainda com maior rapidez, foram feitos os trabalhos necessários em apenas um ano, e o sistema voltou a funcionar plenamente. E mais, teve a sorte de ficar intacto quando ocorreu outra erupção, em 1929. Isso mesmo, tinham sido 3 erupções desde a inauguração, duas destruidoras, uma felizmente benevolente.

Contudo, em 1944, o Vesúvio entrou em erupção novamente. E, desta vez, o funicular não foi poupado, foi mais uma vez destruído. E, para piorar a situação, isso ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial. Dali em diante, o funicular nunca mais foi reconstruído.

Vesúvio em erupção
Erupção no monte Vesúvio
Março de 1944: Monte Vesúvio durante sua pior erupção em mais de 70 anos. No primeiro plano vemos a cidade de Nápoles. (Keystone/Getty Images)

A decisão por não serem mais feitas reconstruções, claro, é um cuidado que faz muito sentido se considerarmos que o Vesúvio já entrou em erupção outras dezenas e dezenas de vezes ao longo da história, após a destruição de Pompeia e Herculano. Ironicamente, porém, o que seria curioso para tantos italianos que trabalharam arduamente nas reconstruções ao longo do século 20, o vulcão está adormecido desde 1944, e de lá pra cá não tivemos nenhuma erupção nova.

Apesar de não ter sido mais reconstruído, a história do funicular italiano do Vesúvio foi uma inovação tecnológica tão grande e única na época que inspirou vários países a adotarem esse sistema de transporte como um diferencial importante no turismo local de cada região. Temos inclusive um exemplo brasileiro, o funicular de Santos, que percorre 147 metros da encosta do Monte Serrat! Quer conhecer, recomendamos assistir ao Passeio em Santos a bordo do FUNICULAR DO MONTE SERRAT

Outras versões de funiculares

Outros exemplos de funiculares que surgiram depois da criação italiana são:

  • Chaumont Panoramic Funicular Railway, em La Coudre, Neuchatel, Suíça.
  • Bom Jesus do Monte, em Braga, Portugal
  • Monte Pilatus – Suíça
  • Salzburg – Áustria
  • Polybahn – Zurique – Suíça
  • Montmartre – Paris, França
  • Voilà – Noruega
  • Kiev – Ucrânia
Funicular em Paris
Paris
Funicular Portugal
Portugal
Funicular Noruega
Funicular Noruega
Funicular Kiev
Funicular Kiev

Os legados

Apesar de os funiculares terem se tornado uma atração turística em diversas cidades ao redor do mundo, a música “Funiculì, Funiculà” guarda a história e serve como um forte símbolo da alegria de viver e da ascensão apaixonada que a cultura napolitana vivenciava no período de modernização, num caminho raro de uma busca humana por uma comunhão entre indústria e o espaço definitivo da natureza. O que podemos observar nessa tentativa é o poder maior da natureza, que nos atrai até para perto de suas belezas destruidoras, mas que também nos afasta sem dificuldade, e demarca certos limites que, se bem observados, nos fazem aprender e celebrar nossos sonhos através de outras linguagens, como a da música, que se faz inabalável de geração em geração, com palavras que ecoam fora do alcance de qualquer erupção. E a canção, por sua vez, pode nos lembrar da importância de aproveitar a vida, explorar novos horizontes e celebrar a alegria de contemplarmos a natureza, enquanto subimos e subimos por onde conseguirmos. Funiculì, Funiculà!

A letra da música

Agora, aproveitem abaixo a letra da música, no dialeto napolitano e, depois, em português.

E para ir ainda além e conhecer as variações para o italiano, a partir da composição no dialeto napolitano (como “jammo” e “andiamo”), é só clicar aqui: https://www.portanapoli.com/Ita/Cultura/canzone-napoletana/funiculi.html

Letra original (em napolitano)

Aissera, oje Nanniné, me ne sagliette,

tu saje addó, tu saje addó

Addó ‘stu core ‘ngrato cchiù dispietto

farme nun pò! Farme nun pò!

Addó lu fuoco coce, ma se fuje

te lassa sta! Te lassa sta!

E nun te corre appriesso, nun te struje

sulo a guardà, sulo a guardà.

Jamme, jamme ‘ncoppa, jamme jà,

Jamme, jamme ‘ncoppa, jamme jà,

funiculì, funiculà!

funiculì, funiculà!

‘ncoppa, jamme jà,

funiculì, funiculà!

Né, jamme da la terra a la montagna!

Nu passo nc’è! Nu passo nc’è!

Se vede Francia, Proceta e la Spagna…

Io veco a tte! Io veco a tte!

Tirato co la fune, ditto ‘nfatto,

‘ncielo se va, ‘ncielo se va.

Se va comm’ ‘a lu viento a l’intrasatto,

guè, saglie, sà!

Jamme, jamme …

Se n’è sagliuta, oje né, se n’è sagliuta,

la capa già! La capa già!

È gghiuta, po’ è turnata, po’ è venuta,

sta sempe ccà! Sta sempe ccà!

La capa vota, vota, attuorno, attuorno,

attuorno a tte! Attuorno a tte!

Stu core canta sempe nu taluorno:

Sposamme, oje né! Sposamme, oje né!

Jamme, jamme …

Tradução para o português

Ontem à tarde, oi Aninha, eu fui,
sabes para onde, sabes para onde?
Para onde este coração ingrato não pode me desprezar mais!
Onde o fogo queima, mas se tu foges
ele deixa estar!
E não te persegue, não te consome,para que vejas o céu!…
Vamos, vamos, pro topo vamos, já!
Vamos, vamos, pro topo vamos, já!
Funiculì – funiculà, funiculì – funiculà!
Pro topo vamos, já, funiculì – funiculà!

Vamos do sopé à montanha, Aninha! Sem (termos de) caminhar!
Podes ver a França,a Prócida e a Espanha…
e eu vejo a ti!
Puxados por uma corda, antes de nos darmos conta,
vamos para o céu…
Vamos rápidos como o vento e de repente, já saímos!
Vamos, vamos, pro topo vamos, já!
Vamos, vamos, pro topo vamos, já!
Funiculì – funiculà, funiculì – funiculà!
Pro topo vamos, já, funiculì – funiculà!

Subimos, Aninha, já chegamos ao topo!
(O funicular) Foi, e retornou, e voltou novamente…
Está sempre aqui!
O topo gira, gira, ao redor, ao redor,
ao redor de ti!
Este coração canta sempre
e não é arrogante
Vamos nos casar, Aninha!
Vamos, vamos, pro topo vamos, já!
Vamos, vamos, pro topo vamos, já!
Funiculì – funiculà, funiculì – funiculà!
Pro topo vamos, já, funiculì – funiculà!

Traduzido com ajuda do dicionário da “Storia di Napoli” 

Aproveite para ler mais sobre o Vesúvio em nosso artigo aqui do blog: Poesia ao redor do Vesúvio

A presto!

Frases essenciais para viajar à Itália com confiança

Frases essenciais para viajar à Itália com confiança

Viajar para um país estrangeiro é uma experiência emocionante, repleta de novas descobertas e aventuras. No entanto, um aspecto crucial que muitos viajantes subestimam é a importância de aprender algumas frases-chave no idioma local. Essa importância é especialmente verdadeira ao visitar um país como a Itália, com sua língua única e rica cultura.

Cidades Italianas

Dominar algumas frases úteis em italiano pode fazer uma diferença significativa na qualidade da sua viagem. Não se trata apenas de evitar mal-entendidos, mas de abrir portas para interações significativas com os nativos e de demonstrar respeito pela cultura do país que você está visitando.

Viagem de trem na Itália

Frases essenciais em italiano

Desde cumprimentos básicos até frases para pedir comida em restaurantes, obter informações de transporte ou mesmo expressões de gratidão, essas palavras e frases não apenas facilitam a comunicação, mas também mostram aos nativos que você está disposto a se envolver com a cultura deles. Os italianos, como as pessoas de muitas outras culturas, apreciam quando os visitantes fazem um esforço para falar sua língua, por mais limitado que seja.

Além disso, ao entender algumas frases-chave, você se sentirá mais confiante e seguro enquanto explora a Itália. Não importa se você está em Roma, Florença, Veneza ou em uma pequena cidade italiana, as pessoas notarão e apreciarão sua disposição de se comunicar em italiano. Uma coisa que não pega muito bem é um turista falando inglês a todo momento, principalmente em cidades pequenas, como se fosse obrigação dos italianos entenderem o inglês.

Frases em Italiano

Portanto, ao planejar sua viagem à Itália, não subestime o valor de aprender algumas frases-chave em italiano. É uma habilidade que não apenas aprimorará sua experiência de viagem, mas também enriquecerá seu relacionamento com o país e seu povo.

Frases úteis

Para resolver situações comuns que surgem durante uma viagem, é bom se preparar com frases úteis para situações de:

  • Cumprimentos e polidez: frases para cumprimentar as pessoas, dizer mais do que apenas “por favor” e “obrigado”, para demonstrar respeito e cortesia.
  • Pedir informações: frases para pedir direções, informações sobre transportes públicos e recomendações de restaurantes e atrações.
  • Fazer pedidos em restaurantes: especialmente quando se trata de pratos típicos italianos.
  • Compras: frases para negociar preços, pedir tamanhos, cores e informações sobre produtos em lojas e mercados.
  • Emergências: frases para lidar com situações de emergência, como pedir ajuda ou relatar um problema.
  • Interação cultural: frases que demonstram conhecimento e respeito pela cultura italiana, como saudações em diferentes momentos do dia e expressões comuns.
  • Transporte: frases para usar em estações de trem, aeroportos e ao pedir um táxi ou informações de transporte público.

Guia de Viagem ITALICA

Um guia desse tipo pode ser uma ferramenta valiosa para estudantes que desejam vivenciar uma viagem à Itália de forma mais autêntica, interagindo com os nativos e aproveitando ao máximo sua experiência. Além disso, aprender algumas frases-chave também pode ser uma maneira de mostrar respeito pela cultura local e melhorar a qualidade da interação durante a viagem.

Por isso, conte com o nosso Guia de Viagem ITALICA, é só clicar aqui para obter o seu!

Quer aprender italiano e saber mais sobre a cultura e as características históricas únicas do Bel Paese? Inscreva-se na nossa lista de espera e no nosso newsletter!

E agora aproveite para clicar aqui e assistir à live preparada pelo Prof. Darius, com o tema de 30 frases-chave para 30 situações na Itália!

Quem foi Artemisia Gentileschi: italiana pioneira em uma luta ainda bastante atual

Quem foi Artemisia Gentileschi: italiana pioneira em uma luta ainda bastante atual

Artemisia Gentileschi, uma das pintoras mais talentosas do período barroco, deixou uma marca indelével na história da arte italiana e mundial. Sua vida e obra são testemunhos de perseverança, talento e determinação em um mundo dominado por homens. Neste artigo, exploraremos a vida e as contribuições significativas dessa artista extraordinária.

Autorretrato de Artemisia Gentileschi-como Santa Catarina de Alexandria
Autorretrato como Santa Catarina de Alexandria, Artemisia Gentileschi

Artemisia nasceu em Roma, em 8 de julho de 1593, filha do pintor Orazio Gentileschi. Desde cedo, demonstrou um talento excepcional para a pintura, e seu pai a instruiu nas técnicas artísticas. Com apenas 17 anos, ela produziu uma de suas obras mais icônicas, “Susanna e i vecchioni” (Susana e os Velhos), que tornou logo incontestável sua habilidade em representar homens e mulheres de forma realista e emocional.

Susanna e i vecchioni de Artemisia Gentileschi
Susanna e i vecchioni (1610), Artemisia Gentileschi

No entanto, a vida de Artemisia não foi marcada apenas pelo talento artístico. As grandes dificuldades enfrentadas por ela, simplesmente por ser uma mulher em uma profissão dominada por homens, marcaram sua história e fizeram dela um nome por muito tempo invisibilizado pela história da arte.

Em 1611, Artemisia foi vítima de um estupro cometido por Agostino Tassi, um pintor que trabalhava com seu pai. O julgamento subsequente, que se tornou um escândalo público, trouxe grande sofrimento e humilhação para Artemisia, mas também demonstrou sua determinação em buscar justiça.

As obras de Artemisia

As pinturas de Artemisia Gentileschi são notáveis pela naturalidade da sua representação realista. Em suas pinceladas é possível encontrar influências do realismo de Caravaggio (com o uso dramático da técnica chamada chiaroscuro, caracterizada pelo jogo de contrastes na utilização de cores claras e escuras). Ao mesmo tempo, não abriu mão da linguagem de cores do barroco, muito difundida na Escola de Bolonha, de onde destacou-se principalmente Annibale Carracci.

Maria Madalena como Melancolia (1622~1625), Artemisia Gentileschi
Maria Madalena como Melancolia (1622~1625), Artemisia Gentileschi

As obras de Artemisia muitas vezes apresentam heroínas bíblicas e mitológicas que demonstram força, coragem e resiliência. Um exemplo notável é “Judite decapitando Holofernes”, uma das obras mais famosas de Artemisia, que retrata a heroína bíblica Judite em um ato de coragem ao enfrentar o general assírio para libertar seu povo.

A característica dramática do contraste entre luz e sombra, aliada à visão de mundo que, como mulher, lhe era pessoal, conferia às suas pinturas uma leitura diferente das expressões e dos significados das cenas retratadas e, por consequência, uma qualidade teatral e intensa que a tornou uma das figuras mais importantes do movimento barroco.

Reconhecimento e legado

Ao longo de sua carreira, Artemisia Gentileschi enfrentou desafios extraordinários, mas sua paixão pela arte a impulsionou a continuar pintando. Ela eventualmente conquistou reconhecimento e renome, tornando-se a primeira mulher a ser admitida na Academia de Artes de Florença.

Autorretrato, Artemisia Gentileschi
Autorretrato, Artemisia Gentileschi

Até os dias de hoje, o legado de Artemisia continua a inspirar artistas, e mesmo mulheres não envolvidas com a arte. Sua habilidade em dar voz e poder às mulheres em suas pinturas desafiou as convenções de sua época e continua a ressoar com o público contemporâneo. Museus e galerias de todo o mundo exibem suas obras, e suas pinturas são frequentemente estudadas como exemplos de empoderamento feminino na arte.

O legado de Artemisia continua a brilhar como um farol para artistas e defensores de uma sociedade justa, lembrando-nos da importância de desafiar as normas e expressar a própria voz. Suas obras não apenas resistem à passagem do tempo, mas também continuam a influenciar e inspirar gerações futuras de artistas e admiradores da arte. Artemisia Gentileschi é uma verdadeira pioneira cuja contribuição à história da arte não pode ser subestimada.

A Virgem e criança (1613) de Artemisia Gentileschi
A Virgem e criança (1613) de Artemisia Gentileschi

A jornada dessa brilhante artista, desde a infância talentosa até o reconhecimento como uma das principais pintoras do Barroco, é inspiradora e continuará sendo, contanto que não deixemos de citá-la entre os tantos gênios do Renascimento. Sua capacidade de representar mulheres de maneira realista e poderosa, tanto na arte como na realidade da vida cotidiana, pode seguir alcançando gerações e gerações, de todas as culturas. Apesar dos obstáculos que enfrentou como mulher no mundo das artes, sua obra e sua vida registrada em diários, é um testemunho de sua genialidade, sua resiliência e sua determinação.

A história da Itália é repleta de figuras notáveis, e especialmente no período do Renascimento, destacar-se não era uma tarefa para qualquer pessoa; era necessário lançar sua obra a um público acostumado a gigantes como Da Vinci, Michelangelo, Rafael e Caravaggio. Por isso mesmo, é imenso o valor de podermos dizer que a história da arte, italiana e mundial, tem Artemisia como uma das maiores genialidades, uma joia que deixou um legado de influência e de significações que deve ser guardado, lembrado, relembrado e levado adiante, propagado sempre que pensarmos nesse período da História.

Se você quiser ver mais obras de Artemisia Gentileschi, clique aqui, o catálogo está na wikiart.org, que é uma Enciclopédia de Artes Visuais!

Agora aproveite para caminhar pelas ruas de Firenze, onde Artemisia Gentileschi tanto caminhou, quando se inspirava e estudava para as suas criações geniais. Basta se juntar ao Prof. Darius, que explorou as preciosidades que os turistas podem encontrar em Florença, uma das cidades italianas mais conectadas à História da Arte!

É só clicar aqui para começar a sua viagem e anotar as dicas de ouro de tudo que você pode encontrar por lá!

Buona visione!

A arte do café italiano: a tradição do espresso, do cappuccino e do macchiato

A arte do café italiano: a tradição do espresso, do cappuccino e do macchiato

A Itália é conhecida por muitas coisas, e uma delas é sua paixão pelo café. Para os estrangeiros vindos do Brasil, onde o café também é uma parte essencial da cultura, explorar a tradição do café italiano pode ser uma experiência fascinante e deliciosa.

Café italiano

Quando se pensa em café italiano, logo vêm à mente palavras como “espresso”, “cappuccino” e “macchiato”. Essas são algumas das bebidas de café mais icônicas e amadas da Itália, cada uma com suas características únicas e rituais associados. Hoje vamos descobrir um pouco mais sobre cada uma delas.

O espresso italiano: a essência da cafeína

O espresso é a base de todas as bebidas de café italianas. A palavra “espresso” significa “sob pressão”, esse nome é uma referência ao método como o café é extraído, mediante alta pressão. Pode ser ainda “feito “sob medida”, “ad hoc” para essa ocasião.

Mas também podemos ver o nome escrito com a letra X, expresso, que significa um preparo rápido, e serve então como referência à rapidez com que a bebida é preparada. Quando você pede um espresso em uma cafeteria italiana, pode esperar um pequeno, mas potente, gole de café concentrado.

Café Espresso Italiano

Uma xícara de espresso perfeitamente preparada tem uma crema (uma camada cremosa na superfície) e um sabor intensamente rico. Os grãos de café são moídos finamente e pressionados com água quente sob alta pressão para extrair todos os sabores em um curto espaço de tempo, geralmente 25-30 segundos.

Uma das principais curiosidades sobre o espresso é que ele é uma bebida altamente social na Itália. Os italianos têm o hábito de tomar um espresso rapidamente no balcão de uma cafeteria enquanto fazem uma pausa no trabalho ou em suas atividades diárias. É uma tradição que encoraja a interação e a comunicação, pois as pessoas se encontram e conversam durante esses momentos de café.

O cappuccino: uma manhã com espuma de leite

O cappuccino é uma das bebidas de café mais reconhecíveis do mundo. Consiste em partes iguais de espresso, leite vaporizado e espuma de leite. A palavra “cappuccino” vem do termo italiano “cappuccio”, que significa “capuz” ou “capa”. Acredita-se que o nome se refira à semelhança da bebida com a cor das vestes dos monges capuchinhos, que eram conhecidos por seu capuz marrom claro.

Capuccino italiano

Uma das peculiaridades do cappuccino italiano é que ele é considerado principalmente uma bebida da manhã. Os italianos costumam consumir cappuccino apenas no café da manhã e nunca depois do almoço. Eles acreditam que o leite pode interferir na digestão das refeições posteriores.

A preparação de um cappuccino é uma arte em si. O barista experiente cria uma espuma de leite suave e cremosa que é derramada sobre o espresso. O resultado é uma bebida equilibrada com a riqueza do café e a suavidade do leite.

O macchiato: toque de espresso e sabor único

A palavra “macchiato” em italiano significa “manchado”. No contexto do café, o macchiato é um espresso “manchado” com uma pequena quantidade de leite, quente ou frio.. É uma opção mais forte do que o cappuccino e oferece um equilíbrio sutil entre o sabor do café e a cremosidade do leite.

Café italiano macchiato

O macchiato é muitas vezes visto como uma alternativa para aqueles que preferem um café mais intenso, mas ainda apreciam a suavidade do leite. É uma bebida que permite que o sabor robusto do espresso seja a estrela, com apenas um toque suave de leite para suavizar a experiência.

Os Ritmos do Café Italiano: Uma Experiência Social

O café é muito mais do que apenas uma bebida na Itália; é uma experiência social. Os italianos levam seu café a sério e têm uma etiqueta específica quando se trata de pedir e desfrutar de bebidas de café. Uma tradição importante é a de desfrutar do café no balcão da cafeteria, de pé, conversando com amigos ou colegas, e apreciando o momento.

Café espresso italiano

Ao entrar em uma cafeteria italiana, você pode pedir um espresso simplesmente dizendo “un caffè”. Se quiser um cappuccino, peça-o apenas pela manhã, e nunca depois do almoço. E ao pedir um macchiato, lembre-se de que você está adicionando apenas uma “mancha” de leite ao seu espresso.

Aproveite para ver o Prof. Darius ensinando como se pedir um café na Itália! Clique aqui para assistir.

Essa leitura te deixou com vontade de tomar um espresso?!
Embora possa aproveitar dessas delícias da tradição do café italiano, lembre-se que, ao visitar o Bel Paese, não deixe de saborear e apreciar a riqueza das opções que encontrar pelo caminho, sabendo que se trata de uma experiência que combina sabor, cultura e uma pitada da vida cotidiana italiana! É uma jornada sensorial que envolve todos os sentidos e proporciona um verdadeiro mergulho na vida social e culinária da Itália. Portanto, aproveite cada gole e cada momento enquanto explora a arte do café italiano em suas várias formas deliciosas.


A presto!

Há 2 mil anos nascia o primeiro chef italiano da história

Há 2 mil anos nascia o primeiro chef italiano da história

Quando pensamos em culinária e em chefes de cozinha, pode ser que alguém considere que esse é um fenômeno da modernidade, intensificado nas novas gerações principalmente com o advento recente das mídias que deram fama a tantos empreendimentos.

Primeiro chef italiano

Surgimento dos chefs

Acontece que chefs são tão antigos quanto a culinária. Onde houvesse fome e alimento, haveria logo quem se destacasse como aquela pessoa mais experiente no preparo dos alimentos. Assim, nada mais natural que nas civilizações mais antigas já existissem o que hoje chamamos de chef gastronômico. Assim foi no Império Romano.

O primeiro chef da história

Marco Gávio Apício é uma figura icônica na história da culinária italiana, cujas contribuições à gastronomia romana e, por extensão, à culinária italiana, perduram até os dias atuais. Nascido em 25 a.C., Apício viveu durante os reinados dos Imperadores Augusto e Tibério, e foi um chef, gastrônomo e escritor cuja paixão pela comida e seu desejo de aperfeiçoar a culinária romana o tornaram uma figura lendária na Roma Antiga.

Marco Gávio Apício e a culinária italiana

Registros históricos

Sua obra mais notável, “De Re Coquinaria” (Sobre a Arte Culinária), é um tesouro histórico, uma das fontes mais importantes sobre a culinária romana antiga, que chegou aos dias de hoje graças a um manuscrito do século V. O livro aparenta ser uma compilação de acréscimos a partir de um texto original, atribuído a Apício.

Livro De Re Coquinaria de Apricio

O manuscrito, depois de recuperado, passou por transcrições de monges medievais, que possibilitaram a reedição do texto, para um novo alcance no mundo medieval. O livro contém uma variedade surpreendente de receitas – 490 receitas transcritas pelos monges entre o século XV e XVI – que abrangem desde pratos principais, como guisados de carne, até sobremesas elaboradas, como bolos e tortas. Cada receita é acompanhada por detalhes sobre os ingredientes necessários e instruções sobre como preparar os pratos – em alguns casos, Apício descreve inclusive dicas de como utilizar os ingredientes certos para a melhor conservação do alimento, aumentando sua durabilidade. Essas receitas foram preservadas e forneceram uma base valiosa para a compreensão da culinária romana.

As contribuições históricas de Apício à culinária italiana podem ser entendidas também pelo ponto de vista da padronização. Suas receitas consolidaram uma ideia de se qualificar uma repetição rigorosa de técnicas, tornando as receitas mais acessíveis e compreensíveis para os cozinheiros de sua época. Isso, naturalmente, contribuiu muito para o desenvolvimento da gastronomia romana.

Receitas gourmet

Além disso, era grande o seu enfoque na qualidade dos ingredientes. Apício enfatizou a importância de se avaliar bem os ingredientes que deveriam ser escolhidos para cada finalidade culinária – uma característica distintiva da culinária italiana, que muitas vezes envolve a seleção de frutos de determinadas regiões para o preparo de uma receita tradicional. Ele ajudou a promover a ideia de que a qualidade dos ingredientes seria essencial para a excelência culinária.

Seu livro de receitas incluía também uma ampla gama de pratos que refletiam a diversidade da Roma Antiga. Isso ajudou a registrar na História a influência culinária das diferentes culturas e regiões que existiam dentro do Império Romano.

E, por outro lado, além dos registros documentais, Apício demonstrou sobretudo criatividade em suas receitas, muitas vezes incorporando ingredientes exóticos e especiarias em suas preparações. Essa abordagem inovadora influenciou a cultura culinária romana e italiana.

Culinário Romana e Italiana

Influências na culinária italiana

Não é possível compreender os dias de hoje da culinária italiana apenas pelas primeiras influências do chef romano. Por se tratar de uma culinária milenar, é claro que encontraremos muitas outras influências determinantes. As tradições da culinária italiana moderna se consolidaram com outras evoluções e influências culturais nos 2 mil anos que se passaram desde a época de Apício. Mas as contribuições atemporais do chef romano à gastronomia ainda são visíveis nas práticas culinárias italianas contemporâneas, como sua influência na valorização dos ingredientes sazonais, frescos e de alta qualidade, na criatividade e na paixão pela culinária. Na cozinha italiana, muitos ingredientes são valorizados além da ideia de um prato principal (primo ou secondo piatto). Vem daí a apreciação por uma alimentação em etapas, que destaque sabores diversos e a qualidade de cada preparo. 

Conquista do emirado de Bari
Imperador Luís II na conquista do Emirado de Bari, em 871

Os séculos que se seguiram ao tempo de Apício trouxeram outras tantas influências, desde o período das invasões bárbaras, até o Renascimento. E cada região da Itália apresenta suas próprias características culinárias, com diferenças que apontam influências também dos países que estão nas fronteiras, como a França e a Áustria. Mas há uma identidade italiana construída ao longo do tempo que evidencia a contribuição cultural-gastronômica de cada novo convívio que as terras itálicas conheceram. A ideia, por exemplo, de que uma refeição tipicamente italiana envolve um grande prato de antepasto, com frios, leguminosas, cogumelos e anchovas, é uma mistura de costumes que datam de Apício, mas que também se mesclaram às influências mediterrâneas, como a dos Árabes.

Emirado da Sicília
Ano 1000: O Emirado da Sicília, sob o domínio dos cálbidas, antes de seu colapso.

Os banquetes, que no passado eram uma realidade apenas da nobreza (enquanto a população contentava-se com a simplicidade da chamada tríade mediterrânea: azeitonas, vinho e pão), foram aos poucos ganhando mais mesas, com uma dieta mediterrânea composta por vegetais, legumes e queijos.

Mais tarde, no século IX, quando a ilha da Sicília foi dominada pelos árabes, a culinária também ganhou influências que caracterizam muito do que encontramos hoje, como frutas secas e especiarias.

Na Renascença, a culinária continuou ganhando especificidades italianas em sua tradição.

Um chef de grande impacto desse período foi Cristoforo de Messibugo, nascido no século XV, cozinheiro e mordomo da Casa d’Este, em Ferrara. (A família Este ou Casa d’Este era o ramo italiano de uma importante dinastia europeia de príncipes.) Cristofo também escreveu um livro de receitas, intitulado “Banchetti, composizioni di vivande e apparecchio generale”, publicado postumamente em 1549, e que tem como foco os preparadores de festas principescas, fornecendo descrições detalhadas dos menus dos seus banquetes oficiais na corte Este. Além de listar receitas, também discute logística, decoração e equipamentos de cozinha.

Xilogravura culinária italiana
Xilogravura de uma cozinha italiana.

Marco Gávio Apício pode não ter feito tudo em seu tempo, nem jamais cogitou a possibilidade de alguns preparos elaborados que surgiram depois de seu tempo, nas mãos de outros inúmeros chefs de grande impacto, mas seu legado o tornou ao longo dos séculos uma referência importantíssima para se entender a culinária como um bem cultural, uma herança respeitosa e essencial para a identidade de um povo. Por essas razões, podemos estudar a culinária italiana por diversos ângulos, conhecendo mil outras influências, mas um denominador comum é o reencontro quase arqueológico com as receitas selecionadas e registradas por Apício. Seu legado é uma lembrança de como a paixão pela comida pode transcender o tempo e continuar a inspirar amantes da culinária em todo o mundo.

E você, consegue imaginar a cultura italiana sem a gastronomia?

Agora que abrimos o apetite e aguçamos a curiosidade, aqui vão três vídeos valiosos sobre o tema: duas lives produzidas pelo Prof. Vinicio e uma visita que o Prof. Darius fez a um restaurante, onde pudemos aprender sobre o preparo de alguns pratos tradicionais com o chef Rafael Lorenti, do restaurante Basilicata, uma casa italiana com mais de 100 anos em São Paulo! 

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