Se você gosta de caminhadas na hora de explorar cidades e países novos, é hora de começar a imaginar suas próximas viagens. A parte inicial do percurso conhecido como ‘Caminho do Amor’ está reabrindo em Riomaggiore, comuna da região da Ligúria, província de La Spezia.
Foram 11 anos fechada, devido a um deslizamento de terra. Essa primeira parte a ser reaberta conta com apenas 170 metros, isso mesmo, um trajeto tão curto que merece explicação: do que se trata esse caminho exatamente? E com isso poderemos apresentar a você 5 bons motivos para querer programar uma viagem para esse lugar maravilhoso!
5 motivos para visitar a Via dell’Amore
Trazemos sempre dicas sobre a Itália, curiosidades sobre o estilo de vida e do dia a dia no país da bota. Conheça abaixo os 5 principais motivos para você colocar Via dell’Amore em seu roteiro de viagem.
1. CINQUE TERRE
O caminho romântico é conhecido como “Via dell’Amore” e liga a comuna de Riomaggiore ao distrito de Manarola. É considerada uma das trilhas mais bonitas de um conjunto de vilas chamado Cinque Terre, que é composto por cinco aldeias da Riviera italiana: Monterosso al Mare, Vernazza, Corniglia, Manarola e Riomaggiore. A costa, as cinco aldeias à beira-mar e as colinas circundantes fazem parte do Parque Nacional Cinque Terre e são Património Mundial da UNESCO.
Essas aldeias são conhecidas pela tradição pesqueira, pelas belezas naturais e por sua arquitetura pitoresca – uma arquitetura colorida, com casas que se empilham nas encostas íngremes próximas ao mar. Muitos que visitam o local descrevem as cores como brilhantes sob a luz do sol, tão vivas a ponto de fazer a cidade parecer um espaço saído de um conto de fadas. Comprove:
2. VINO
As regiões que compõem a Cinque Terre, incluindo portanto Riomaggiore, são famosas também por suas produções de vinho. Um espetáculo impressionante é a vista dos terraços de cultivo de uvas nas encostas. Caso possa visitar, já saiba: dentre os vinhos locais, o Sciacchetrà é altamente apreciado e único, carrega o nome dessa região por todo o globo.
3. SENTIERI PER ESCURSIONI
Outra grande atração turística é o belíssimo acesso a trilhas. Riomaggiore é um ótimo ponto de partida para os turistas que querem explorar as trilhas que ligam todas as cinco aldeias de Cinque Terre. A trilha mais famosa é a “Sentiero Azzurro”, que conta com vistas espetaculares da costa, passando por entre as colinas e pelos rochedos à beira-mar.
E, claro, uma das trilhas mais bonitas, como começamos dizendo neste artigo, é aquela conhecida como “Via dell’Amore”. A vista privilegiada permite a sensação de se estar caminhando em direção ao pôr-do-sol, contornando as montanhas.
4. FESTA DI SAN GIOVANNI BATTISTA
Acontece anualmente, em 24 de junho, o Festival de San Giovanni. É quando a cidade de Riomaggiore celebra o padroeiro da cidade, San Giovanni Battista.
Durante o dia, as flores são distribuídas por todas as ruas em preparação para o desfile, por isso é possível caminhar pela cidade e se deparar inesperadamente com os rastros vermelhos das pétalas que, à noite, guiarão a procissão de padres da aldeia, acompanhados da banda marcial e de habitantes da cidade carregando velas acesas e cantando solenemente.
O santo é então transportado pela aldeia à vista de todos. É uma tradição que atrai visitantes de toda a região.
5. CULTURA ANTICA
Riomaggiore tem preservada a sua atmosfera de aldeia italiana tradicional, com ruas estreitas e sinuosas, cafés aconchegantes e praças encantadoras. Tudo isso garante que a aldeia seja um lugar perfeito para explorar a cultura local e descobrir o legado e as tradições.
Agora, para ajudar na programação de deslocamento, uma dica: Riomaggiore é acessível de trem a partir da comuna de La Spezia ou de outras cidades vizinhas, o que faz de Riomaggiore uma opção bastante conveniente para os visitantes que desejam viajar sem carro, por exemplo, para explorar tudo caminhando muito pelas trilhas e pelas ruas estreitas e históricas da Cinque Terre.
Para sincronizar seus planos, saiba que a previsão atual é de que apenas em 2024 haverá a liberação do percurso completo da Via dell’Amore!
A Itália é famosa por suas fontes artísticas, com esculturas monumentais, jorrando água há séculos, 24 horas por dia. Tudo isso graças a um complexo de aquedutos que cobre a Itália do Lácio à Toscana, da Campânia à Úmbria. Mas você sabia que essas fontane só existem porque, muito antes delas, durante o Império Romano, outras obras monumentais precisaram ser pensadas e criadas muito lentamente?
Origem dos aquedutos
Há mais de dois mil anos, técnicos do Império descobriram fontes naturais de água pura a pouco mais de 20 quilômetros de Roma. Estabelecia-se assim a possibilidade de um serviço romano que pouparia distâncias e levaria água potável ao povo, até suas casas e até bebedouros públicos. Mas como fazer esse transporte?
Os chamados aquedutos foram construídos como vias, às vezes subterrâneas, às vezes em caminhos “aéreos”, fazendo a água correr em calhas no topo de arcadas, que desviavam o fluxo da água das fontes naturais ao longo de quilômetros e quilômetros, até chegar às cidades, nas casas dos cidadãos e nas ruas.
Espetáculo das águas
Já nos tempos do Império Romano, após a construção de fontes que serviam para matar a sede dos transeuntes, o que se decidiu é que esses aquedutos seriam desviados também para grandes praças, onde se construiria uma fonte que servisse de “espetáculo”, la fontana “mostra”.
Hoje é impossível pensar em Roma e não se lembrar desses tipos de fontes artísticas monumentais, com água cristalina jorrando incessantemente, como a Fontana di Trevi (que já apareceu em filmes, como em La Dolce Vita), ou a Fontana dei Quattro Fiumi localizada na Piazza Navona, a Fontana del Gianicolo, a Fontana del Tritone, entre outras.
Nasoni: os bebedouros do século XIX
Como vimos, além das conhecidas fontes artísticas do centro histórico da capital, que existem há séculos e são pontos turísticos disputados todos os dias, também existiam, há milênios, outras pequenas fontes. Após a queda do Império, o sistema de bebedouros foi repensado e recriado. Os mais comuns de Roma, hoje em dia, não são muito conhecidos por turistas que planejam visitar apenas as grandes fontes dos pontos turísticos.
Estamos falando dos chamados nasoni. Esse foi o nome dado pelos romanos às fontes públicas de menor porte construídas a partir de 1870, feitas em ferro fundido ou travertino. Significa literalmente “nariz grande“. Se quisermos: “narigões”. É uma maneira carinhosa de se referir ao formato cilíndrico, dotado de uma bica. Essas fontes estão instaladas em diversas praças e ruas da cidade.
A água potável que é fornecida nesses nasoni é a mesma da distribuição às casas romanas há mais de 100 anos. Hoje em dia, só em Roma, existem aproximadamente 2,500 nasoni, garantindo que ninguém passe sede nas ruas da metrópole. Tudo resulta de um precioso patrimônio histórico e social da Itália, conhecido ao redor do mundo, que leva água potável até os subúrbios da cidade.
Adiantamos uma dica importante: a maneira mais fácil de se beber água destas fontes é simplesmente tapar a abertura principal por onde corre a água. Dessa maneira, você fará com que o fluxo desvie o trajeto e saia pelo pequeno orifício de cima do cano, funcionando então como um bebedouro.
Isso tudo não significa que as águas de milhares de nasoni viajam ainda hoje pelos mesmissimos aquedutos do tempo do Império Romano. Afinal, houve um período em que as águas pararam de jorrar e os aquedutos secaram!
Aquedutos – Ruínas secas
Em 98 d.C., de acordo com Sextus Julius Frontinus (que era cônsul e curador aquarum da época, encarregado de cuidar do serviço de distribuição de água), Roma contava com dezenas de fontes monumentais e centenas de bacias públicas. Foi, portanto, depois da queda do Império Romano do Ocidente que essas fontes pararam de funcionar. Os aquedutos foram destruídos, tornaram-se ruínas observáveis até os dias hoje, e por isso as centenas de fontes espalhadas pela cidade secaram. Por muito tempo, durante a Idade Média, os romanos só puderam se abastecer da água de poços poluídos, que recebiam os esgotos da cidade.
Mais de mil anos precisaram se passar até que, por decisão do Papa Nicolau V, foi iniciada a reconstrução do Acqua Vergine, um dos aquedutos mais antigos que abasteciam a cidade de Roma na era do Império. Com essa decisão, o Papa também reviveu o costume romano de se marcar o ponto de chegada de um aqueduto com uma “mostra”, como vimos: uma fonte monumental para servir de espetáculo.
Assim surgia a ideia de construir, bem no ponto final da Acqua Vergine, uma monumental fonte, que fosse um espetáculo digno da história. Arquitetos foram encarregados de criarem projetos até que fosse selecionado um que estivesse à altura. Após muitas competições entre arquitetos e artistas do Renascimento, Nicola Salvi, e depois Giuseppe Pannini, realizaram o projeto que ao final, em 1762, ergueu Netuno e seu séquito nas águas da Fontana di Trevi.
Cem anos depois, surgiam também os projetos das construções dos milhares de nasoni que hoje, junto às magníficas fontes monumentais, ajudam a reviver a idade de ouro dos romanos, realizando os sonhos do Império.
Quais nasoni visitar?
Nem todos os nasoni seguem o projeto base, utilizado na maioria dos casos, no formato cilíndrico e uma só bica. Como vimos, alguns podem ter três bicas, como na Fontana delle Tre Cannelle. Outros nasoni são ainda mais diferenciados, com uma estética única que justifica que os turistas criem planos para visitarem algumas áreas secretas da cidade a fim de conhecê-los.
Entre os nasoni mais conhecidos, estão os seguintes, das respectivas imagens abaixo: a pequena fonte embutida na parede daVia della Fontanella di Borghese; a Fontana da área do Circo Massimo, com vista para as ruínas e o vale que uma vez compuseram a maior arena de entretenimento do Império; e aquela que já vimos anteriormente, a Fontana delle Tre Cannelle, com bicas em forma de dragão, localizada na via della Cordonata, perto da via Nazionale.
Mas é claro que você poderá descobrir outras centenas de nasoni especiais, afinal são mais de 2 mil em Roma. E para auxiliar os turistas, foi inclusive criado um app, chamado Fountains in Italy, que contém um mapa com as direções, as descrições e as fotos de cada uma dessas fontes especialmente italianas! Também é possível utilizar o site da operadora de distribuição de água, Acea, para rastrear no mapa os mais de 6500 nasoni instalados por toda a Itália.
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É possível aprender um idioma se divertindo, assistindo a filmes e escutando músicas. Essa é uma verdade comprovada diariamente no aprendizado de uma criança. Não é apenas o conteúdo visto em sala de aula que alfabetiza e torna fluentes as crianças de todo o mundo, é também o conteúdo com o qual elas entram em contatoquando estão fora da escola. Por que não aplicaríamos esse mesmo procedimento no nosso processo de aprendizado de uma nova língua durante a vida adulta?
Treinando seu italiano
O primeiro passo para garantir que também você tenha essa experiência concreta de descoberta e aprendizado pode ser resumido numa expressão que já utilizei muitas vezes com os meus alunos: immersione ed esposizione costante!
Isso mesmo, não tem mistério quando se trata de treinar a escuta. Para melhorar a sua capacidade de encontrar mentalmente as palavras que precisa para descrever determinada coisa ou ideia, só mesmo através do que chamamos de imersão e exposição constante. A imersão nos garante o envolvimento necessário com a língua que estamos aprendendo. Qualquer idioma se torna, portanto, mais íntimo e acessível quando nos acostumamos a escutar as palavras de um conteúdo autêntico, isto é: conteúdo feito originalmente na língua que estamos estudando. Trata-se de um produto com as marcas culturais, com o ritmo natural da fala e com uma variedade de expressões muito maior do que aquela que encontraríamos apenas em exercícios ou em conversas de uma sala de aula.
Conteúdos em Italiano
E hoje em dia você conta com muitas ferramentas que tornam esse processo mais prazeroso e pessoal, porque você pode se cercar de conteúdos diversos, de entrevistas de podcast a filmes e séries de produção original da Itália! Essa tarefa de imersão pode acontecer com naturalidade se você selecionar conteúdos que abordem os temas e os tipos de entretenimento que te agradam, que já fazem parte do seu mundo e das necessidades que você tem em outras áreas da sua vida. É possível, portanto, adquirir repertório para aprender os fundamentos da língua enquanto você se diverte!
Por isso, convido você a assistir a uma live que preparamos aqui na ITALICA sobre o tema. Abordamos filmes e séries produzidos na Itália e que estão disponíveis na Netflix. Trata-se então de conteúdos autênticos, com os quais você escutará a pronúncia e o ritmo do italiano dentro de contextos que te ajudarão a assimilar significados e recursos de comunicação sem esforço.
Dicas ITALICA de filmes em italiano
Dividimos essa live em duas partes.
Parte 1
Na primeira parte, tive a companhia de Gabi Salvatto, professora da Squadra ITALICA, que muitos de vocês já conhecem! Além da nossa lista de filmes e séries, também aprofundamos a conversa com detalhes sobre os gêneros cinematográficos e a história por trás do termo “Giallo”, vindo da palavra que significa “amarelo”, mas que também ficou marcada para definir o gênero de filmes de suspense e de tema policial.
Parte 2
Na parte 2, dou continuidade à curadoria da professora Gabi Salvatto. E attenzione: não trago a lista toda para cá pois não se trata apenas de saber quais séries estamos recomendando! Assistir à live é também uma chance de conhecer termos e o vocabulário da área cinematográfica. Te convido a me acompanhar na leitura que destaco nas imagens, notando as sonoridades e o vocabulário usado nas diferentes sinopses de cada um dos filmes e séries que mostro a vocês. É uma chance, desde já, de você ampliar seu conhecimento linguístico.
Lembre-se: o aprendizado sempre acontece da melhor maneira e no melhor ritmo quando garantimos que essa atividade de imersão seja feita com diversão e entretenimento!
Existe um tomate especialmente italiano, que só pode ser cultivado em um solo específico da Itália. É o chamado “pomodorino del piennolo del Vesuvio”, também conhecido apenas como “pomodorino vesuviano”.
“Piennolo” é uma referência ao método centenário de cultivo dos tomates, que, após a colheita, são pendurados em cachos, presos em cordas de cânhamo. “Piennolo” significa “pendulo” no dialeto napolitano.
Pomodorino Vesuviano
Esse pomodorino de Nápoles é um tomate cereja tão especial que, em 2009, recebeu a classificação DOP, uma sigla que significa Denominação de Origem Protegida, que serve para indicar os produtos agrícolas que têm vínculos fortes com a terra em que são produzidos. Essa classificação determina que cada etapa da produção deve ocorrer na região especificada.
A principal razão desse valor cultural e gastronômico é que sua área de cultivo se encontra ao redor do Monte Vesúvio, justamente ao pé do vulcão, em um solo vulcânico que é rico em nutrientes essenciais, como potássio e fósforo, devido ao ciclo de matérias depositadas ali ao longo de milênios.
Parque Nacional do Vesúvio
Passeios turísticos por essa área são uma chance, portanto, de conhecer não apenas os vinhedos e as vinícolas que estão ao redor do Monte Vesúvio, mas também de degustar esses raros tomates, descritos como tendo uma polpa de grande consistência e um sabor unicamente agridoce.
O cultivo está na área de mais ou menos 130 quilômetros quadrados do Parque Nacional do Vesúvio. E a comuna mais próxima acrescenta uma razão especial para o interesse dos viajantes. Essa comuna chama-se Torre del Greco, conhecida por ter recebido, em meados do século 19, o poeta que é visto por muitos como o maior poeta italiano depois de Dante: Giacomo Leopardi.
A casa em que Giacomo Leopardi se hospedou pertencia a Giuseppe Ferrigni, cunhado de Antonio Ranieri, grande amigo de Leopardi. A área do casarão teve inicialmente o nome de Villa Ferrigni, mas foi rebatizada como Villa delle Ginestre, em referência ao título do poema que Leopardi escreveu ali, enquanto viveu o fim de sua vida, inspirado pelas pradarias, pela flores e pelo horizonte marcado pela silhueta imponente e temerosa do vulcão. O nome do poema carrega justamente o nome de uma flor amarela que é facilmente encontrada nascendo do solo ao redor do vulcão: La ginestra, o il fiore del deserto (A giesta ou a flor do deserto).
Poema A giesta ou a flor do deserto
Vamos ver a abertura do poema:
La ginestra, o il fiore del deserto
Qui su l’arida schiena
del formidabil monte
sterminator Vesevo,
la qual null’altro allegra arbor né fiore,
tuoi cespi solitari intorno spargi,
odorata ginestra,
contenta dei deserti. Anco ti vidi
de’ tuoi steli abbellir l’erme contrade
che cingon la cittade
la qual fu donna de’ mortali un tempo,
e del perduto impero
par che col grave e taciturno aspetto
faccian fede e ricordo al passeggero.
A giesta, ou a flor do deserto
[tradução de Luiz Antônio Lindo]
Aqui sobre a árida encosta
do formidável monte
exterminador Vesúvio,
onde nada mais cresce, árvore ou flor,
tuas moitas solitárias ao redor espalhas,
perfumada giesta,
feliz com o deserto. Também te vi
com tuas hastes enfeitar os ermos caminhos
que rodeiam a cidade,
a qual foi senhora dos mortais um dia,
e do perdido império
parecer pelo grave e taciturno aspecto
servir de prova e advertência ao que passa.
Destaques de italiano
Com a pesquisa empreendida pelo próprio tradutor, é possível destacarmos efeitos interessantes no emprego de algumas palavras. É o caso de 3 palavras que vimos nestes primeiros 13 versos: arbor, allegra e anco.
O vocábulo “arbor” é do latim (arbore -> árvore) e foi empregado no lugar de “albero”, que seria mais usual no italiano.
O uso de “allegra” é referente a “allegrare”, no sentido geralmente dito sobre as plantas, de “crescer”, “prosperar”. É uma palavra que, numa leitura rápida, poderia parecer ter apenas o sentido que encontramos em “alegrar” e “alegria”.
“Anco” é uma forma antiga de “anche” (também).
Quarentena
Leopardi se mudou para a vila em Torre del Greco buscando, acima de tudo, uma quarentena, para ficar longe o suficiente da epidemia de cólera que se espalhou em Nápoles em 1836.
A colina onde a casa foi construída é localizada em uma área caracterizada pelo acúmulo de fluxos de lava e das giestas que inspiraram o poeta.
Escrito em 1836, o poema foi publicado depois da morte do autor, em 1845, em uma edição organizada e corrigida, seguindo o último entendimento do autor, sob os cuidados do amigo Antonio Ranieri.
Villa delle Ginestre tornou-se um ponto turístico, muito aproveitado também por residente durante planejamentos de excursões escolares. Além da vista para o Vesúvio e dos jardins com giestas, é possível visitar e adentrar também a casa onde Leopardi viveu por um breve período.
Uma das características da alma italiana é ter uma formação geológica e uma história que mesclam infortúnios e desafios civilizatórios determinantes para a construção de uma identidade resiliente, corajosa e criativa. Naturalmente, também através da poesia encontraremos essas marcas que podem inspirar nossas ações e nossos pensamentos.
Após uma leitura completa dos versos, é notável o convite que Leopardi nos faz para olharmos na direção da beleza que há na fragilidade da flor e da vida que desabrocha tão perto dos perigos – como no caso do perigo de erupções do vulcão que já havia destruído Pompeia e Herculano em 79 d.C. Assim o poeta nos posiciona para olharmos para a nossa própria posição diante da natureza e, também, para os nossos valores cegos de progresso.
Se aceitarmos o fato de que não estamos acima da natureza, o bom cultivo de tudo aquilo que nos mantém em comunhão com a natureza é a única resposta consciente que podemos dar em nosso dia a dia.
A terra que é destruída pela lava é também a terra que se torna especialmente fértil para o cultivo de alimentos. É a terra que vibra com o amarelo de uma flor e que inspira o olhar da poesia. É a terra que nos convida a viajar e a aprender os sons e os significados que outro idioma nos guarda como herança.
Sabe aquele famoso gesto italiano feito com as pontas dos dedos reunidas e a mão em movimento? Tão famoso que até se tornou um emoji recentemente. Pois é, todo mundo que quer imitar um italiano acaba recorrendo a esse “estereótipo” da gesticulação.
Mas, afinal, o que significa esse gesto? E a gesticulação, de modo geral, será mesmo apenas um estereótipo?
Entendendo os gestos
Vamos começar respondendo à primeira pergunta: esse gesto é geralmente associado ao significado de “Che vuoi?” (“O que você quer?”)
Isso mesmo, uma frase inteira pode ser entendida com um simples gesto. Isso é o que chamamos de linguagem não-verbal e é parte fundamental da comunicação dos italianos, que não têm apenas esse gesto. São tantos outros que podemos dizer, sem exagero, que os italianos sabem falar com as mãos. Pois é, não é apenas um estereótipo!
A expansão da linguagem dos gestos
Existe até livro sobre o assunto. “Mani che parlano: gesti e psciologia della comunicazione”, de Isabella Poggi e Emanuela Magno Caldognetto (1997), faz um apanhado de 250 gestos muito utilizados pelos italianos no cotidiano.
E não é apenas este livro que aborda o tema. O número de publicações passa de uma dezena e isso demonstra a importância da gesticulação para a comunicação na cultura italiana. É como se as palavras não bastassem para expressar tudo que a pessoa está sentindo ou pensando. Ou então, como se fosse possível poupar algumas palavras para que o sentido fosse passado adiante com menos esforço.
E quais as origens históricas dessa característica?
Uma das primeiras publicações a se aprofundarem no tema foi publicada em 1832: “La mimica degli antichi investigata nel gestire napoletano”, de Andrea de Jorio, arqueólogo italiano, o primeiro etnógrafo a estudar a linguagem corporal.
Descobrimos, com essa leitura, que uma das teorias sobre a origem dos gestos remonta à época do Império Romano, que abrangia territórios habitados por povos distintos.
Os gestos, portanto, ajudariam a resolver problemas de comunicação, representando ações, sentimentos, ideias… exatamente como uma lingua de sinais!
No caso específico de um vasto Império, saber gesticular seria uma poderosa estratégia de comunicação, uma ferramenta ao alcance de todos. As pessoas podiam juntar as mãos, levá-las ao rosto, mostrar dedos, fazer movimento rápidos, tudo isso para se somar às palavras e garantir mais efeito e clareza nas conversas.