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O Dia das Mulheres na Itália: tradições e progresso

O Dia das Mulheres na Itália: tradições e progresso

O Dia Internacional da Mulher é uma ocasião significativa em todo o mundo, celebrando a luta por direitos e igualdade de gênero. Na Itália e no mundo, esse dia pode ser cada vez mais marcado por uma combinação de tradições e de progresso, se destacarmos a importância das mulheres na sociedade italiana e global.

Historicamente, a Itália tem sido uma nação com raízes profundas em tradições familiares e culturais. No entanto, ao longo das décadas, as mulheres italianas têm desempenhado um papel fundamental na mudança social e política. O Dia Internacional da Mulher é uma oportunidade de honrar suas contribuições e refletir sobre os desafios que ainda enfrentam.

Mimosa: a flor do Dia da Mulher na Itália

Uma tradição comum, na Itália e por todo o mundo, é a oferta de mimos e flores. Na Itália, em especial as flores de mimosa se tornaram um símbolo da celebração, mas há muita história por trás de algo que poderia parecer apenas esteticamente belo.

Flor do dia da mulher Itália

Explicamos: a mimosa é inclusive conhecida como a flor do Dia da Mulher na Itália, e esse símbolo existe desde um período de pós-guerra, quando a flor foi usada por mulheres, como Rita Montagnana, Teresa Mattei e Teresa Noce, para consolidarem o símbolo de sua luta contra o fascismo. Foi nesse período, inclusive, em 1945, que foi criada a Unione Donne Italiane, uma associação que se constitui com objetivos claros: inscrever os direitos das mulheres na Carta Constitucional.  Hoje, portanto, toda uma história de luta e de conquistas está em ação quando as mulheres recebem buquês de mimosa como um gesto de carinho e reconhecimento por seu papel na sociedade e na família. No entanto, as comemorações não devem se limitar a gestos simbólicos desse tipo. O reconhecimento verdadeiro é também feito de consciência sobre os valores que nos conduzem a novas ações no cotidiano.

Dia de Conscientização

Muitas atividades e eventos são realizados em todo o país para discutir questões relacionadas aos direitos das mulheres e igualdade de gênero. Uma parte fundamental do Dia das Mulheres na Itália é a conscientização sobre a história e sobre as realizações que se tornam possíveis quando o gênero não é visto como uma característica limitante. Temas como igualdade salarial, violência de gênero e representação política das mulheres são assuntos cada vez mais presentes em todos os dias, não apenas no dia das mulheres. Esses esforços buscam promover uma mudança cultural e social positiva, dando voz às questões que afetam as mulheres italianas.

Flor do dia da mulher Itália

A Itália tem feito avanços notáveis em direção à igualdade de gênero. As mulheres ocupam posições de destaque em diferentes setores, incluindo a política. No entanto, há desafios persistentes, tanto na Itália como ao redor do mundo. É o caso da disparidade salarial de gênero e a luta contra a violência doméstica, que ainda estão muito presentes e requerem atenção contínua.

Reconhecimento

Um aspecto notável do Dia das Mulheres na Itália, e que queremos trazer para consolidar nossa celebração aqui na ITALICA, é o reconhecimento de conquistas femininas históricas. Mulheres italianas notáveis, como Rita Levi-Montalcini, vencedora do Prêmio Nobel, e Eleonora Duse, renomada atriz, são lembradas e homenageadas hoje e sempre.

Rita Levi-Montalcini

Rita Levi-Montalcini (1909~2012) foi uma das italianas mais importantes da história da humanidade. Recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1986, por ter descoberto uma substância do corpo que estimula o crescimento de células nervosas, o que possibilitou a ampliação dos conhecimentos sobre o mal de Alzheimer e a doença de Huntington.

Ela nasceu em Turim, em 22 de abril de 1909, e foi médica neurologista. É um dos maiores orgulhos da Itália no último século e deixou contribuições para toda a humanidade. Em 30 de setembro de 2009, pelos seus estudos do sistema nervoso, recebeu o Wendell Krieg Lifetime Achievement Award, prêmio instituído pela mais antiga associação norte-americana de neurociência.

Rita Levi Montalcini
Rita Levi Montalcini

Eleonora Duse

Eleonora Duse (1858~1924), nasceu em Vigevano, na província de Pavia, na Lombardia. Chamada por alguns como “la divina del teatro”, foi uma das maiores atrizes italianas da história. Charles Chaplin, ao assisti-la, disse: “a maior atriz que já vi”. De uma família ligada ao teatro, começou cedo, e já aos 14 anos destacou-se ao interpretar Julieta. Em sua época, Eleonora Duse cumpriu o papel de uma formidável embaixadora cultural da Itália no mundo.

Lembrarmos das ações de grandes pessoas serve sempre como uma fonte de inspiração para as gerações mais jovens, mostrando-lhes que não há limites para o que podem alcançar.

É um dia para se continuar em reflexão, não apenas para se lembrar, mas para nos conscientizarmos de que celebrações só podem ser feitas devidamente se reconhecermos o valor essencial das realizações que queremos relembrar: a conquista e a luta das mulheres italianas, e de todo o mundo, é um avanço civilizatório que nos enche de orgulho!

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A presto!

Aprendendo italiano no Val d’Orcia: o encanto didático da Toscana

Aprendendo italiano no Val d’Orcia: o encanto didático da Toscana

A Toscana, uma região encantadora no coração da Itália, é um cenário idílico onde a língua italiana se torna mais do que palavras; ela se entrelaça com a cultura, a história e a beleza deslumbrante do Val d’Orcia. Para aqueles que estão imersos no estudo do italiano, uma jornada por essa paisagem de colinas suaves e vilarejos medievais (muitas vezes comparados a paisagens de contos de fadas) não é apenas uma viagem, mas uma oportunidade única de aprendizado e descoberta.

Val d’Orcia

Val d´Orcia Pienza

O Val d’Orcia é uma região que abrange uma paisagem belíssima de colinas ondulantes, vales exuberantes e vilarejos pitorescos. Reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO desde 2004, é uma área sempre lembrada por sua beleza cênica e suas características paisagens rurais que exemplificam uma tão sonhada harmonia entre os humanos e a natureza. Mas outra lição que o Val d’Orcia pode oferecer é o encontro com a língua viva, que ressoa nas conversas dos habitantes locais. Ao percorrer as ruas de Pienza, por exemplo, um tesouro do Renascimento italiano, onde o ar está impregnado com o aroma de queijo pecorino, com vistas espetaculares que se desdobram diante dos olhos a cada curva, as palavras italianas ganham vida. Em regiões como essa, a prática do idioma pode ocorrer mais naturalmente, enquanto se interage com os comerciantes locais, sem a pressa das metrópoles, tendo tempo e espaço para pedir conselhos sobre os melhores sabores ou para aprender mais sobre as tradições artísticas preservadas nas lojas de artesanato.

Mercadinho em Pienza
Mercadinho charmoso em Pienza
Vista de Pienza
Pienza vista ao longe

A imersão na língua italiana pode continuar nos vinhedos exuberantes que pontilham as colinas do Val d’Orcia. Em Montalcino, a terra do prestigiado Brunello di Montalcino, os amantes do italiano podem participar de degustações de vinho, não apenas apreciando os sabores robustos da região, mas também mergulhando nas nuances da língua enquanto discutem as características da colheita com os produtores locais. Aprender italiano no Val d’Orcia pode ser, portanto, uma experiência sensorial.

Val dOrcia
Montalcino
Uma das ruas de Montalcino

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Paisagens dos sonhos

A região do Val d’Orcia, com suas colinas suaves, fileiras de ciprestes e vilarejos medievais, tem sido também uma fonte de inspiração para artistas, escritores e fotógrafos ao longo dos séculos.

A história que permeia cada rua de Montepulciano ou cada muralha de San Quirico d’Orcia é outra lição valiosa para quem busca compreender a riqueza cultural da Itália. Os monumentos medievais, igrejas antigas e praças vibrantes são testemunhas silenciosas de séculos de história, e a língua italiana torna-se uma ponte para desvendar essas narrativas. Guias locais compartilham histórias fascinantes em italiano, transformando as ruínas em crônicas vivas e proporcionando uma experiência de aprendizado que vai além das páginas dos livros.

Montepulciano
Montepulciano
San Quirico d´Orcia
San Quirico d’Orcia vista de cima

A beleza do Val d’Orcia não se limita apenas aos olhos; é um convite para explorar o idioma italiano com todos os sentidos. É como se fosse possível transformar cada passeio em aulas ao ar livre, sob a sombra de antigas oliveiras, ou caminhando pelas ruelas de cada comune, que proporcionam um ambiente de aprendizado incomparável. A vibração da língua surge naturalmente em meio às paisagens pitorescas e nos pequenos estabelecimentos, onde cada palavra é complementada pela brisa suave e pelos aromas envolventes do que se descobre pelo caminho.

Horti Leonini em San Quirico
Horti Leonini, localizado em San Quirico d’Orcia, é um jardim italiano que foi criado em 1580 por Diomede Leoni, e que até hoje é extremamente bem cuidado e aberto para visitações do público

Viajar pelo Val d’Orcia é, portanto, mais do que uma jornada turística; é uma aula prática de italiano que se desenrola nas ruelas de pedra e nos vinhedos banhados pelo sol. À medida que as palavras se tornam diálogos, e os diálogos se entrelaçam com a rica cultura toscana, o aprendizado do italiano transcende a sala de aula tradicional, transformando-se em uma experiência imersiva que perdura na memória e no coração.

Aprender italiano com a ITALICA pode ser assim, à distância ou em solo do Bel Paese, levando na bagagem o conhecimento que apresentamos em cada conteúdo.

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O legado de Gian Lorenzo Bernini na história da arquitetura

O legado de Gian Lorenzo Bernini na história da arquitetura

Você sabia que foi o escultor Bernini o responsável pelo projeto arquitetônico da Praça de São Pedro no Vaticano? Vamos voltar um pouco no tempo e traçar um início.

A história da arquitetura está entrelaçada com o legado artístico e inovador da Itália, um país que, desde os tempos do Império, serviu como epicentro para muitos movimentos e estilos arquitetônicos ao longo dos séculos. Nesse contexto riquíssimo, é impossível não destacarmos a figura de Gian Lorenzo Bernini, um dos mais notáveis arquitetos e escultores do período barroco, cujo trabalho continua a exercer uma influência monumental na paisagem arquitetônica global.

Gian Lorenzo Bernini

Retrato de Gian Lorenzo Bernini

O Barroco, um movimento artístico que floresceu nos séculos XVII e XVIII, foi marcado por uma estética teatral, ornamentação extravagante e uma ênfase nas emoções. Nesse cenário, Bernini emergiu como um líder incontestável, contribuindo não apenas para a escultura, mas também para a arquitetura com uma visão unificadora que transcendia os limites tradicionais dessas disciplinas.

Piazza San Pietro

Praça São Pedro no Vaticano

As contribuições arquitetônicas de Bernini são imortalizadas em obras como a Praça de São Pedro, no Vaticano. Seu design grandioso, com uma colunata que abraça os visitantes, não apenas cria uma sensação de boas-vindas, mas também incorpora simbolismos religiosos, revelando uma profunda compreensão da interação entre o espaço físico e as pessoas. A Praça de São Pedro é um testemunho da maestria de Bernini em unir elementos arquitetônicos e artísticos para criar experiências transcendentais.

Praça Vaticano São Pedro

Igreja de Santa Maria della Vittoria

Outra realização arquitetônica notável de Bernini é a composição da Capela Cornaro, na Igreja de Santa Maria della Vittoria, em Roma, onde Bernini colocou uma de suas esculturas mais conhecidas, L’Estasi di Santa Teresa d’Avila.

Igreja Santa Maria della Vittoria em Roma
A Igreja de Santa Maria della Vittoria
Êxtase de Santa Teresa de Bernini

“O Êxtase de Santa Teresa” é a peça central neste espaço sagrado, onde Bernini transcendeu as limitações físicas, dando vida à escultura e à arquitetura de maneira harmoniosa. É uma obra-prima que combina a escultura, a iluminação vinda de cima, por uma claraboia, e portanto a arquitetura para evocar uma experiência única. Bernini não apenas desenha o espaço, mas manipula a luz e a forma física da matéria para guiar as emoções dos espectadores, transformando a capela em um teatro celestial.

Estatua Êxtase de Santa Teresa de Bernini

A influência de Bernini estende-se para além das fronteiras italianas. O arquiteto desempenhou um papel significativo na formação do estilo barroco que se espalhou por toda a Europa e além. Seu conceito de fusão entre escultura e arquitetura influenciou gerações subsequentes de arquitetos, moldando a maneira como o espaço é percebido e experimentado. Os princípios inovadores de Bernini também deixaram uma marca indelével em arquitetos contemporâneos, que continuam a encontrar inspiração em sua abordagem integrada.

No entanto, o legado de Bernini vai além de suas realizações físicas. Seu trabalho influenciou a própria natureza da prática arquitetônica, destacando a importância da narrativa e da emoção na concepção de espaços. A busca incessante por uma fusão entre o divino e o humano permeia sua obra, revelando uma compreensão única da arquitetura como meio de comunicação espiritual.

São feitos monumentais que não apenas adornam as paisagens urbanas, mas também moldam a própria essência da disciplina. A genialidade de Bernini ressoa através do tempo, demonstração duradoura da capacidade humana de transcender as limitações físicas e dar forma à matéria bruta dos edifícios e à matéria metafísica da fé e das narrativas que perduram há milênios.

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A presto!

150 anos da imigração italiana!

150 anos da imigração italiana!

Hoje, dia 21 de fevereiro, comemoramos aqui no Brasil o Dia Nacional do Imigrante Italiano. E, neste ano de 2024, é uma data ainda mais especial, pois alcançamos a marca de 150 anos desde o acontecimento mais determinante para a existência de muitos de nós: o início da imigração em massa de italianos para o Brasil.

Sogni italiani: 150 anos desde a primeira chegada!

Entre os dias 17 e 21 de fevereiro de 1874, desembarcaram no porto de Vitória, Espírito Santo, os primeiros 388 imigrantes italianos. Eram camponeses que chegavam com a promessa de trabalharem na fazenda “Monte das Palmas”, em Santa Cruz.

A embarcação, chamada “La Sofia”, havia saído de Gênova e fora encomendada por Pietro Tabacchi, italiano oriundo de Trento, que já se encontrava no Espírito Santo desde o início da década de 1850.

Mas… por que tantos partiram de uma só vez da Itália? Eles buscavam uma vida mais digna. Naquela época, a Itália recém-unificada passava por grandes desafios: fome, falta de emprego, falta de assistência sanitária. A Itália ainda não era o país que conhecemos hoje!

A história da imigração italiana registrada pelos olhos da Itália

Chegada dos imigrantes italianos no Brasil

Em 2002 foi lançado um canal de TV na Itália como extensão da emissora RAI, chamado Rai Storia, em transmissão apenas em solo italiano. É um canal de propriedade da Rai Cultura, que já produziu conteúdos riquíssimos, com registros históricos raros. Um desses conteúdos é um documentário que por muito tempo esteve pouco acessível aqui no Brasil, até ser disponibilizado no YouTube. Aproveite para assistir aos registros da imigração pelos olhos dos italianos!

Clique aqui para assistir: Storia dell’immigrazione Italiana – Straordinario documento Rai Storia

A chegada

Desembarcar e garantir um futuro não foi nada fácil… apesar das promessas, o cenário encontrado era também desolador: há registros que contam sobre terras muito despreparadas e uma situação caótica nos alojamentos, com pouco espaço e higiene precária.

Chegada dos italianos

Para piorar, o empreendimento de Pietro Tabacchi não prosperou, e os imigrantes tiveram de buscar outras soluções para conseguirem sobreviver.

Nos desafios da sobrevivência diária, milhares de italianos adiaram a realização dos seus sonhos para as gerações seguintes, com a fé de que um dia, talvez, seus descendentes pudessem ver nesta nova terra um lar.

Alojamentos da imigração italiana no Brasil

Seja você descendente ou não, conhecer as dificuldades daqueles homens e mulheres e sua luta por uma vida digna é fundamental para entender o próprio Brasil! Eles desempenharam um papel fundamental no desenvolvimento do nosso país, e a data de hoje é uma forma de honrarmos e celebrarmos esse legado.

Você é descendente de italianos ou simplesmente ama essa cultura que também faz parte dessa linda mistura que é o Brasil? Independente da resposta, por aqui você encontrará muito conteúdo para conhecer cada vez mais sobre a cultura e a língua italianas!

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Agora aproveite para explorar mais detalhes escutando ao Prof. Darius, num vídeo muito especial sobre a imigração italiana preparado em nosso canal no YouTube:

Buona visione!

Espírito Santo: 150 anos depois!

Para comemorar esse marco tão especial, o governo do estado do Espírito Santo lançou o Calendário dos 150 anos da Imigração Italiana, em cerimônia realizada na Casa do Turismo Capixaba, em Vitória.

Imigração Italiana depois de 150 anos no Espírito Santo

Foi dado o nome de “Calendário de Eventos da Cultura Italiana”, que traz diversas ações que serão realizadas ao longo de todo o ano de 2024, comemorando de maneira acessível para todos que puderem comparecer. As atividades envolvem música, religiosidade, comidas típicas, dança, artes visuais e um encontro proposto entre lideranças.

Isso tudo ocorrerá em diferentes municípios do Espírito Santo, com o objetivo de valorizar as práticas culturais dos italianos e de seus milhares de descendentes no Estado e ao redor do Brasil.

A presto!

O incrível concreto que se repara sozinho e mantém o Coliseu de pé

O incrível concreto que se repara sozinho e mantém o Coliseu de pé

O Coliseu guardou há milênios um segredo que parece saído de um filme de ficção. E é uma informação que ajuda a explicar a durabilidade impressionante de grande parte dos edifícios romanos, que se mantêm de pé há milênios. O cimento usado para construir o antigo anfiteatro romano é simplesmente mágico: além de ser mais durável do que os tipos usados hoje em dia, ele é também capaz de se autorreparar! Isso acontece devido a um ingrediente especial, que veremos ao longo deste artigo.

Retrato do interior do Coliseu
Interior do Coliseu – Christoffer Wilhelm Eckersberg (1815)

Concreto usado na construção

Podemos imaginar que não foi nada simples sobreviver a terremotos e aos milênios de variadas ocupações e utilizações diferentes do espaço interno. A construção do Coliseu, em sua estrutura principal, se mantém firme e, o que é impressionante, mais resistente e forte. Estudiosos afirmam que quando uma nova rachadura surge nas juntas de concreto, em menos de duas semanas é possível reencontrar a mesma fenda fechada, e isso acontece sem nenhuma intervenção humana. O concreto que foi utilizado pelos romanos, quando exposto ao ar, se repara sozinho.

Apesar de estudos sobre o concreto romano serem feitos desde a década de 1960, o segredo por trás dessa capacidade misteriosa só foi recentemente descoberto.

Coliseu de Roma iluminado

Cimento romano

No início de janeiro, universidades da Itália, da Suíça e dos Estados Unidos publicaram um estudo científico sobre o cimento romano. Por muito tempo, pensou-se que a durabilidade desse cimento seria por causa do uso da “pozolana”, uma rocha vulcânica encontrada perto da pequena cidade de Pozzuoli, nas encostas do Monte Vesúvio, perto de Nápoles. Mas agora isso mudou.

Não podemos subestimar o conhecimento dos antigos. Pablo Guerra, arqueólogo e professor da Universidade de Castilla-La Mancha, na Espanha, destacou a grande experiência de um renomado arquiteto romano, Vitrúvio, que escrevia em detalhes sobre o uso do hidróxido de cálcio, também conhecido como “cal apagada”, e ressaltava que a cal “deveria ser mantida hidratada por pelo menos seis meses”.

Pablo Guerra é o autor da tese de doutorado sobre os materiais de construção romanos e explica que a mistura dos elementos essenciais provocava uma reação química muito resistente e ativa, capaz de ligar e religar as estruturas do concreto que resiste até os dias de hoje em Roma.

Mas o que explica essa capacidade de se religar e se manter em auto-reparo depois de milhares de anos? O que foi descoberto apenas recentemente por diversos estudiosos é que os romanos faziam uma mistura diferente, com dois fatores determinantes: a pureza dos materiais e um ingrediente especial, o óxido de cálcio, conhecido como cal viva. Curiosamente, é uma substância conhecida por ter propriedades corrosivas. Como então era obtido o efeito contrário?

Cal viva do Coliseu de Roma
Óxido de cálcio: cal viva
Entrada do Coliseu

O segredo do efeito está também na mistura. Quando falamos em uma pureza de materiais, é porque descobriu-se que o cascalho que era utilizado para formar o cimento romano era extraído em Pozzuoli, uma localidade em que o cascalho era localizado em estado de grande pureza, e então transportado diretamente por todo o Império Romano até o campo de obras. E sobre o elemento da cal viva, ela servia como um aglutinante, uma espécie de cola, que servia para manter o cascalho unido.

Na mistura, além do hidróxido de cálcio, eles utilizavam também esse estado mais virgem da cal, a cal viva, e faziam isso sabendo que tinham que utilizar a cal recém-saída do forno, ainda queimando durante o processo de mistura. 

“A cal viva acelera o endurecimento do concreto e o torna mais resistente se adicionada durante o processo de mistura. Também permite que o material reaja bem à exposição ao ar, pois os poros do concreto se fecham ao entrar em contato com o carbono do meio ambiente”, afirma Pablo Guerra.

Cimento romano

Então é por isso que, mesmo milênios depois de ter sido construído, uma fissura no concreto se fechará em questão de dias. 

“O cimento romano é o melhor. Nenhuma civilização na história, incluindo a nossa, jamais produziu um concreto tão durável. Até este último estudo, sua durabilidade sempre foi atribuída à areia pozolana. Esta descoberta tem o potencial de revolucionar os nossos próprios métodos de construção”, afirma Carmen Martínez, doutoranda em arqueologia romana em Cartagena, sudeste de Espanha, onde trabalha há 12 anos. 

Outro especialista vai ainda além, trazendo uma explicação que impressiona pela genialidade da evolução do processo romano, que era certamente de compreensão dos arquitetos da época, uma sabedoria que, ao longo de todo esse tempo, ficou simplesmente perdida. Quem fala é Alfonso Barrón, arquiteto e especialista em materiais, apontando o incrível funcionamento desse processo:

“Além de sua propriedade auto-reparadora, a cal do concreto romano torna-se mais dura com o passar dos anos. Com o tempo, volta a ser calcário, rocha original da qual foi extraído – torna-se mais jovem e mais forte. Enquanto isso, o cimento Portland, que usamos desde o século XIX, faz o oposto – envelhece e se deteriora.”

Portanto, aos poucos, o Coliseu se tornou uma rocha, calcário original, uma parte da paisagem com uma resistência comparável às criações da própria natureza!

Detalhes da construção do Coliseu

Este é mais um registro da nossa série sobre as invenções romanas que continuam a ser descobertas e melhor entendidas, surpreendendo os pesquisadores ainda hoje em dia. Descobrimos hoje algo que demonstra como o progresso científico nem sempre segue uma linha crescente e segura ao longo da história da humanidade. Muitos conhecimentos do passado foram perdidos por não terem sido guardados e passados adiante pelas gerações que se seguiram a muitas das grandes invenções. Graças ao trabalho meticuloso de estudiosos ao redor do mundo, pudemos descobrir essa incrível sabedoria antiga, e poderemos descobrir outras.

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A presto!

Fonte das citações: Francisco Pastor para a edição americana do jornal El País https://english.elpais.com/culture/2023-02-01/the-self-repairing-concrete-that-keeps-the-colosseum-standing.html