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Margherita con Ananas: Pecado na Itália?

Margherita con Ananas: Pecado na Itália?

Como já dissemos por aqui, o tal espaguete à bolonhesa não é uma ideia aceita na Itália. Os italianos têm pavor de algumas criações culinárias que são popularizadas em outras partes do mundo, como aqui no Brasil. E quer saber de uma que gerou uma polêmica gigante? Pizza com abacaxi. E foi justamente um italiano que requentou esse debate. O pizzaiolo Gino Sorbillo gerou revolta e apareceu até na TV italiana para comentar sobre o assunto. A razão: ele resolveu mexer nessa regra da culinária italiana e lançou em sua pizzaria, em Nápoles, a chamada Margherita con Ananas!

pizza margherita com ananas
Margherita con Ananas e, ao fundo, entrada para a famosa Via dei Tribunali

A pizzaria dele fica simplesmente na Via dei Tribunali, a rua de pizzarias mais conhecida do mundo! E ele é dono de 21 unidades ao redor do mundo, localizadas de Tóquio a Ibiza, Miami…

Fachada de uma das pizzarias de Gino Sorbillo
Fachada de uma das pizzarias de Gino Sorbillo
Pizzarias de Gino Sorbillo

E a invenção de Gino Sorbillo saiu nos noticiários de todo o mundo. Já até existe pizzaria aqui no Brasil, em Belo Horizonte, preparando o mesmo prato.

Ele contou que fez isso para combater o preconceito alimentar. Disse em entrevistas que as pessoas condenam ingredientes ou preparos só porque, no passado, muitos alimentos não eram acessíveis nem muito conhecidos, como o caso do abacaxi – antes de Cristóvão Colombo trazer de uma de suas viagens ao Novo Mundo (precisamente à Ilha de Guadalupe, no Caribe, em 1493), ninguém podia nem imaginar que essa fruta existisse!

Eis então os detalhes da inovação de Gino Sorbillo: sua pizza, que custa 7 euros, é o que chamamos de uma pizza “bianca”, ou como ele mesmo disse, una pizza bianca particolarissima. É uma pizza que não conta com a tradicional camada de tomate, e que leva três tipos de queijo como base. Por cima, são colocados pedaços de abacaxi pré-assado, para dar um toque caramelizado.

Enquanto alguns aplaudem essa audácia, outros acreditam que é uma ameaça à santidade de um prato que se tornou uma herança e um patrimônio cultural. Uma admiradora do trabalho de Gino Sorbillo o criticou nas redes sociais, dizendo:

“No, ti prego. Ti apprezzo come pizzaiolo (…) da napoletana che ama la pizza dico che tu la realizzi come fosse un’opera d’arte. Ma ti prego: la pizza a Napoli con l’ananas no. Va benissimo negli Usa e in Inghilterra ma a Napoli lasciamo la tradizione. Napoli è la capitale indiscussa della pizza nelle sue versioni storiche e con ingredienti di base semplici, come un tempo.” 

Por outro lado, a jornalista italiana, Barbara Politi, foi até Nápoles experimentar a pizza, e gostou!

Ela disse: “Un applauso alle belle trovate e, soprattutto, alle trovate-riuscite!”

(“Uma salva de palmas para as boas ideias e, sobretudo, para as ideias de sucesso!”)

E Barbara Politi lembrou justamente a curiosa história por trás da chegada dessa fruta à Europa:

“Quem sabe o que hoje diria Cristóvão Colombo sobre esta polémica, ele que, quando provou ananás pela primeira vez em Guadalupe, gostou tanto que decidiu levá-lo consigo para a Europa. Não é por acaso que estamos falando do explorador e navegador mais importante da história italiana, aquele que revelou com ousadia aos europeus a existência das Américas. Um homem inovador, cujos méritos só foram reconhecidos anos depois. No final das contas, se o abacaxi acabou na pizza de Sorbillo, a culpa é em parte dele.”

E aí, o que vocês pensam? Gostariam de provar? Acham que o pizzaiolo está certo em inovar?

Aproveite para assistir nossos conteúdos de viagem e aprenda com o Prof. Darius como pedir uma pizza na Itália!

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A presto!

As tradições do antipasto e aperitivo italiano

As tradições do antipasto e aperitivo italiano

A Itália é conhecida não apenas por sua rica herança culinária, mas também por suas tradições sociais únicas. Uma dessas tradições, que é apreciada tanto pelos italianos quanto por estrangeiros, é o aperitivo italiano. O aperitivo, do latim aperitivus (“que abre”), é uma bebida capaz de estimular e “abrir” a sensação de fome. Pode ser uma bebida alcoólica ou não alcoólica que se toma antes do jantar ou do almoço, com alguns petiscos. Esta é uma experiência gastronômica que combina sabor, convívio social e um toque de elegância, tornando-a uma experiência essencial para quem visita o país ou para quem quer viver à moda italiana, independente de onde se vive no mundo.

Antipasti e aperitivi

O aperitivo italiano tem raízes antigas, remontando ao século XVIII em Turim, no noroeste da Itália. Naquela época, um farmacêutico chamado Antonio Benedetto Carpano criou o primeiro vermute, um vinho aromatizado com ervas e especiarias. O vermute foi inicialmente comercializado por suas propriedades medicinais, mas logo se tornou uma bebida popular para abrir o apetite antes das refeições.

Com o tempo, o aperitivo evoluiu para incluir não apenas bebidas, mas também uma seleção de petiscos, que se tornaram conhecidos como “stuzzichini” (petiscos, que também chamamos de aperitivos). Os italianos começaram a se reunir em bares e cafés para desfrutar de um vermute ou coquetel acompanhado por pequenas porções de alimentos para compartilhar. Esse ritual social cresceu em popularidade e, eventualmente, se espalhou por toda a Itália.

antipasti

Em cardápios, o que você encontrará é justamente uma seleção apenas de bebidas na lista de aperitivi, enquanto os itens de comida, para acompanhar a bebida, estarão em antipasti. Antipasto, que significa “antes da refeição” em italiano, é uma tradição culinária de se desfrutar de um prato de entrada, antes de massa. Sua história remonta aos tempos romanos, quando os banquetes começavam com pequenas porções de alimentos, como azeitonas, queijos e vegetais em conserva. Com o tempo, essa prática evoluiu e se diversificou em uma variedade de pratos frios e quentes, incluindo bruschette, prosciutto e salame (presunto e salame) e muito mais.

Antipasto

Os antipasti tornaram-se uma parte essencial das refeições italianas, celebrando os sabores regionais e proporcionando uma introdução deliciosa à rica culinária italiana, enriquecendo a experiência gastronômica. De certa maneira, muitas pessoas comem aperitivos leves no momento em que desfrutam de um antipasto. Mas podemos entender que aperitivos são compostos por aquelas bebidas amargas, que abram o apetite, e por quitutes mais leves, capazes de anteceder até mesmo os pratos que serão servidos depois no antipasto, o qual, por sua vez, pode ser mais elaborado em preparo e variedade, com caponatas, crostini e spiedini.

caponata no crostini
Caponata servida sobre fatias de crostini
Spiedini (espetinhos)
Spiedini (espetinhos)

Bebidas no aperitivo

Uma das principais características do aperitivo italiano é a variedade de bebidas oferecidas. Além do vermute, que é uma escolha tradicional, os italianos também desfrutam de coquetéis como Negroni, Spritz e Aperol, todos conhecidos por suas notas refrescantes e amargas. É comum pedir uma bebida do aperitivo acompanhada de uma pequena porção de petiscos.

Acompanhe o Prof. Darius conversando com o barman Henrique @bazanbar, que demonstrou o preparo do drink Negroni! Clique aqui e venha prendere un aperitivo conosco!

Petiscos do aperitivo (muitos deles também encontramos no Antipasto)

Os petiscos servidos durante o aperitivo italiano são uma atração por si só. A variedade é impressionante e pode incluir uma vasta gama de opções, como:

  • Bruschettas: Fatias de pão torrado cobertas com tomate, alho, manjericão e azeite de oliva.
  • Olivas: Azeitonas marinadas, muitas vezes com ervas e especiarias.
  • Queijos: Uma seleção de queijos italianos, como mozzarella, pecorino e gorgonzola.
  • Presuntos e embutidos: Fatias de presunto de Parma, salame e outros embutidos italianos.
  • Mini pizzas: Pequenas pizzas com uma variedade de coberturas.
  • Crostini: Pãezinhos crocantes cobertos com uma variedade de ingredientes, como patês, queijos e vegetais grelhados.
  • Frituras: Petiscos fritos, como arancini (bolinhos de arroz) e supplì (bolinhos de risoto recheados).
  • Legumes grelhados: vegetais frescos grelhados e temperados com azeite e ervas.
  • Frutos do mar: Mariscos, camarões e lulas preparados de várias maneiras, incluindo fritos e marinados.
stuzzichini
Stuzzichini

O aspecto social do aperitivo

Uma das coisas mais especiais sobre o aperitivo italiano é o aspecto social. É uma oportunidade para amigos, familiares e até mesmo estranhos se reunirem, conversarem e compartilharem momentos agradáveis enquanto desfrutam de comida e bebida. As mesas de aperitivo são frequentemente marcadas por risadas e conversas animadas.

Aperitivo e o turismo

Para os estrangeiros que visitam a Itália, o aperitivo é uma experiência que não deve ser perdida. É uma maneira deliciosa de mergulhar na cultura local, experimentar sabores autênticos e se envolver com os habitantes locais. Muitos bares e restaurantes em cidades italianas populares oferecem aperitivos.

Ao visitar a Itália, reserve um tempo para pesquisar opções e experimentar aperitivos diferentes de cada estabelecimento e região, para saborear os sabores locais e descobrir as nuances dessa tradição encantadora e acolhedora. É uma experiência que ficará na memória e que ilustra a riqueza das tradições italianas.

Buon appetito!

Tesouros Arqueológicos da Itália

Tesouros Arqueológicos da Itália

A Itália é uma terra de incrível riqueza arqueológica, tesouros de todos os tipos remontam à grandiosidade da Roma Antiga. E ao longo dos últimos 100 anos, escavações meticulosas e descobertas fascinantes proporcionaram insights inestimáveis sobre a vida, a cultura e as realizações dos antigos romanos. Hoje vamos explorar aqui no blog alguns desses achados notáveis que moldaram a narrativa arqueológica italiana.

Pompeia e Herculano: cidades preservadas no tempo

Entre as descobertas mais impressionantes das últimas décadas estão as cidades de Pompeia e Herculano, na região Campania, incrivelmente preservadas após séculos sob as cinzas do Vesúvio.

Sol poente nas ruínas de Pompeia, ao fundo o Monte Vesúvio
tesouros arqueológicos Itália

Desde o início das escavações no século XVIII, os arqueólogos continuam a desenterrar casas, templos e artefatos que proporcionam uma visão única da vida quotidiana romana. Murais coloridos, utensílios domésticos e até mesmo pães carbonizados oferecem uma visão vívida das pessoas que viveram nessas cidades antigas.

Santuário Subaquático: um mundo submerso em Nápoles

Nas águas da Baía de Nápoles, encontra-se um tesouro subaquático de grande importância arqueológica. O sítio de baía revela vestígios de uma antiga cidade romana que, ao longo dos séculos, afundou devido a atividades sísmicas. Estruturas imponentes, como a Villa dei Pisoni, proporcionam uma visão intrigante do luxo e da arquitetura da época imperial. Estátuas, mosaicos e até mesmo ruas pavimentadas sob a água testemunham a riqueza perdida nas profundezas do mar.

Cidades subaquáticas na Itália

Bastidores da arena do Coliseu

Em Roma, recentes escavações sob a Arena do Coliseu revelaram os bastidores dos gladiadores. Corredores subterrâneos, conhecidos como hipogeus, agora abertos ao público, mostram o complexo sistema de elevadores e celas onde gladiadores aguardavam seu destino nas areias da arena. Essas descobertas oferecem uma compreensão mais profunda da maquinaria por trás dos espetáculos épicos e da vida dos gladiadores, uma faceta muitas vezes romantizada na cultura popular.

Bastidores da Arena no Coliseu em Roma

Villa de Livia: A Residência Imperial

A Villa di Livia, residência de campo da esposa do imperador Augusto, emergiu como uma das residências imperiais mais bem-preservadas da Roma Antiga. Investigações recentes revelaram afrescos em ótimo estado, representando paisagens exuberantes e detalhes arquitetônicos.

Villa di Livia - Roma - Itália
Pinturas em Villa di Livia - Roma - Itália

Essas pinturas fornecem um vislumbre das preferências estéticas da elite romana, destacando o papel fundamental das villas na expressão artística e cultural da época.

Além das pinturas, foi encontrada na vila, em 1863, a famosa estátua heróica de Augusto, esculpida em mármore, que está agora nos Museus do Vaticano. 

Estátua Imperador Augusto

Achados mais recentes

A arqueologia não é uma atividade do passado. Mesmo hoje em dia ainda acontecem descobertas fascinantes.

No início deste mês chegou a notícia de que mais de 30 mil moedas romanas foram encontradas por um mergulhador na Itália, e elas estão em ótimo estado de conservação.

O mergulhador nadava na costa da ilha da Sardenha e se deparou com objetos metálicos sem imaginar que se tratavam de objetos de mais de 1.600 anos de idade. 

Ufficio Stampa e Comunicazione MiC
Foto: Ufficio Stampa e Comunicazione MiC

Isso aconteceu em Arzachena, na costa norte do leste da Sardenha, ilha italiana no mar Mediterrâneo. E o tesouro é da primeira metade do século 4 d.C. São entre 30 mil e 50 mil moedas chamadas fólis, do Império Romano, feitas de bronze com uma fina camada externa de prata.

E segundo um comunicado divulgado no dia 04 de novembro, pelo Ministério da Cultura da Itália, essa é uma quantidade maior do que já se viu em achados de objetos semelhantes, no Reino Unido em 2013, por exemplo, quando 22.800 moedas fólis foram achadas em Seaton, no sul da Inglaterra.

Moedas chamadas fólis, do Império Romano - Tesouros arqueológicos

De acordo com o ministério italiano, essas milhares de moedas estão em um raro estado de conservação: somente quatro peças estão danificadas, e mesmo assim estão legíveis. A datação das moedas estima que tratam-se de cunhagens de Licínio, do período de 324 a 340 d.C. E o que ajuda a confirmar essa datação é a presença de moedas de Constantino, e, dentre outras tantas, também moedas da família imperial, incluindo os Césares.

Aproveite para assistir a uma matéria especial do canal do Mistero della Cultura, abordando toda a descoberta, clique abaixo para assistir!

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A presto!

De onde surgiu a expressão “Vecchio come er cucco”?

De onde surgiu a expressão “Vecchio come er cucco”?

O italiano é repleto de palavras que podem funcionar como fósseis preciosos se olharmos com cuidado em busca da origem do som e do significado! Já ouviu alguém falar esta expressão “Vecchio come er cucco”? Seria uma maneira de descrever exageradamente a idade de uma pessoa, ou seja, uma hipérbole. 

Vecchio come er cucco

Existem alguns resquícios do dialeto romano que, ainda hoje, fazem parte da linguagem cotidiana. Entre tantos, está esse ditado que é frequentemente usado até mesmo pelas novas gerações. É possível encontrar jovens recorrendo a “Vecchio come er cucco”, sem necessariamente saberem a origem e o significado original.

Esta é uma expressão usada para se referir a um objeto muito antigo ou a uma pessoa muito velha, mas também a um conceito, uma forma de pensar considerada antiga e fora de moda. Mas e qual seria a origem desse ditado?

Acredita-se que o termo “cucco”, de acordo com estudos linguísticos e históricos, tenha surgido de uma corruptela, uma deformação onomatopeica do nome “Habacuque”, que foi um dos 12 profetas de Israel. Ele, aliás, é sempre representado como um homem idoso, pensativo, às vezes com uma longa barba!

Habacuque o Sentinela de Deus
Pintura “Habacuque, o Sentinela de Deus”, de 1954, por Frank O Salisbury

Vejamos o que diz a Accademia della Crusca, que é a mais prestigiosa instituição linguística da Itália – e que reúne estudiosos e especialistas em linguística e filologia italiana. É simplesmente a mais antiga entre as academias em atividade no país.

Biblioteca dell'accademia Della Crusca
Biblioteca dell’accademia Della Crusca, em Villa di castello

Segundo a Accademia della Crusca, a palavra “cucco” pode derivar de “cuculo”, cujos nomes “cuco”, “cucco” e “cucù” se originariam do grito repetitivo da ave pertencente à ordem dos Cuculiformes e à família Cuculidae. Ela justamente emite o som “cu-cu”.

cucco

E a Accademia della Crusca escreve:

Tutti i dizionari, antichi e contemporanei registrano le espressioni menzionate alla voce cucco ‘cuculo’. Ad avvalorare l’ipotesi che il cucco dell’espressione in questione sia il ‘cuculo’ contribuisce la presenza del sintagma l’era del cucù (accanto a l’era del cucco) per indicare un ‘tempo molto lontano’. L’Etimologico afferma: già in lat. cucūlus significa ‘infingardo’ e ‘stupido’ e anche l’it. cucco è sinonimo di ‘babbeo’ per la permessività che mostra nei confronti dell’infedeltà della compagna; per la stessa ragione il fr. cocu è divenuto sinonimo di ‘cornuto’.

Traduzindo:

Todos os dicionários antigos e contemporâneos registram as expressões mencionadas do verbete cucco, em ‘cuculo’. A presença da frase “era do cuco” contribui para sustentar a hipótese de que o “cuco” da expressão em questão serve para indicar um ‘tempo muito distante’. O Etmológico afirma: já em latim, “cucūlus” significa ‘lento’ e ‘estúpido’, e também no italiano “cucco” é sinônimo de “babbeo” (otário), pela permissividade que demonstra em relação à infidelidade de seu parceiro; pela mesma razão o francês “cocu” tornou-se sinônimo de “cornuto” (corno).

Ainda de acordo com a Accademia della Crusca, “cucco” também poderia derivar de “bacucco” (que tem uma ligação com o nome ‘Habacuc’); o trecho do argumento diz: “o paralelismo da expressão Vecchio Bacucco e Vecchio come il Cucco, ou Vecchio Cucco, seria explicado neste caso pela queda da sílaba ba-“.

E aí, achou interessante descobrir as raízes sonoras que evidenciam o parentesco antigo das palavras italianas? Então aproveite para assistir aos nossos conteúdos gratuitos de aprofundamento de estudo da história linguística do latim ao italiano, nas seguintes lives: uma do Prof. Vinicio, e outra que o Prof. Darius conduziu com o professor de Latim Artur Costrino. Eles exploraram a herança do latim no italiano e conversaram sobre o trajeto histórico dessa língua-mãe do português, do espanhol, do francês e, é claro, do italiano. Também abordaram as relações linguísticas e históricas entre o latim e o italiano. Você ainda descobrirá quais influências Dante Alighieri promove, mesmo hoje em dia, no modo com que falamos italiano!

#1 Expressões e palavras em latim no italiano de hoje!

#2 Do latim ao italiano – Bate papo com o professor de Latim Artur Costrino!

Buona visione!

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A presto!

O mistério por trás do jardim italiano: Horti Leonini

O mistério por trás do jardim italiano: Horti Leonini

O Horti Leonini é um famoso jardim localizado em San Quirico d’Orcia, uma encantadora vila na região da Toscana, na Itália. Este jardim histórico é uma jóia paisagística que remonta ao século XVII. É conhecido por seu design geométrico clássico e sua atmosfera serena, oferecendo aos visitantes uma experiência única entre as belezas naturais da Toscana. Mas há também um mistério envolvendo sua criação.

O Jardim Horti Leonini

O jardim foi encomendado por Diomede Leoni, um nobre local, no século XVII, mais precisamente em 1580, daí o nome “Horti Leonini”, que significa “Jardins de Leoni”. A concepção do jardim reflete os princípios do estilo renascentista italiano, com caminhos geométricos, canteiros de flores, sebes aparadas e elementos arquitetônicos que proporcionam um ambiente elegante e tranquilo.

A grandeza por trás da construção desse jardim levou a historiadora Isa Bella Bersali a escrever que há ali sinais que revelam a “mão de um arquiteto desconhecido e importante”. (Baldassare Peruzzi e le ville senesi nel cinquecento, 1977).

E o que tem contribuído para atrair ainda mais pessoas é o fato de que, através de cartas de Diomede, descobrimos algumas informações importantes. Leoni estava trabalhando como um “agente” em Roma na época do final da Renascença. Ele prestava serviços para um cardeal veneziano e para os Medici, e fez amizade com ninguém mais ninguém menos do que Michelangelo. E aqui é que começa o mistério. Não há nenhum registro de quem teria sido contratado para desenvolver o jardim. Algumas pessoas podem pensar que o próprio Diomede teria sido o responsável pelos desenhos, mas o equilíbrio de cada detalhe chama atenção de especialistas por ser algo geometricamente perfeito. Isso tem levado muitos pesquisadores e historiadores a levantarem a teoria de que o próprio Michelangelo pode ter desenhado o que hoje encontramos aqui!

Horti Leonini
Mapa Jardim Horti Leonini

O espaço todo é criado por duas paredes colocadas a 45 graus, uma da outra. E a forma triangular do jardim torna-se mais dramática devido ao nível do solo que está inclinado para cima a partir do ponto de entrada.

Portão principal na Piazza Centrale e vestíbulo de entrada

Ao chegar ao portão, a primeira coisa que se nota é a explosão de espaço criada pelas duas paredes do jardim colocadas a 45 graus uma da outra. A forma triangular do jardim torna-se mais dramática com o plano do solo inclinado para cima a partir deste ponto de entrada.

É possível ver a forma de um trapézio, moldado pelos muros do jardim e pelo pequeno muro baixo na frente. Embutidos no pavimento há uma série de triângulos, uma sugestão dos padrões geométricos repetidos na disposição das sebes e no desenho geral do jardim.

Vista aérea Horti Leonini

Placas

Inscrições em mármore são algumas das poucas decorações que Diomede colocou no jardim. No vestíbulo de entrada avista-se uma porta de madeira com uma placa acima localizada à direita.

Durante a caminhada é possível encontrar dez placas de mármore com inscrições em latim de versos de poetas romanos, que comunicam ao visitante os benefícios da vida no campo, longe da cidade. Uma delas é das Odes, de Horácio:

“Pare de admirar a fumaça, as riquezas e o barulho de Roma!”

(“Omitir mirari beatae fumum et opes strepitumo romae” – Horácio, Odes, III, 29)

A conexão visual da Palazzetta 

A Palazzetta é uma casa de apenas alguns metros de largura que proporcionou um refúgio à nobreza que ali tivesse que parar durante o longo percurso da estrada para Roma ou Florença.

O interior possui diversas placas destinadas a mostrar sua erudição aos que tiveram a sorte de ali permanecer.

Na base da escadaria da Palazzetta, é possível observar outra placa de mármore, estrategicamente localizada no final do caminho diagonal que liga ao portão leste. A inscrição dá as boas-vindas ao visitante, que se hospedaria ali após longas viagens:

“Viajantes cansados ​​são bem-vindos em nosso lar.”

“Peregrino labore fessi / venimus larem ad nostrum” – Catulo, 31 

Esta pequena casa foi construída enquanto se buscava reparar as muralhas da cidade, que estavam ali danificadas pela guerra de Siena com Florença, na década de 1550. A última batalha de Siena foi travada nas proximidades de Montalcino. E os exércitos saquearam também San Quirico, deixando as muralhas protetoras da cidade em ruínas. Os exércitos florentinos venceram e posteriormente reivindicaram toda Siena e seus territórios, formando a moderna Toscana.

Ao longo dos anos, o Horti Leonini passou por várias fases de restauração e preservação, mantendo-se fiel ao seu projeto original, por isso os turistas podem encontrar nos dias de hoje muito do que foi visto e pensado há mais de 400 anos. Naturalmente, é um espaço apreciado tanto por turistas quanto por amantes de jardinagem e história, oferecendo um refúgio sereno e cultural no coração da Toscana.

A chance de ver de perto uma construção que pode ter sido pensada por Michelangelo tornou esse espaço localizado no Val d’Orcia uma parada muito especial para os turistas! Você gostaria de visitar?!

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