Escolha uma Página
Cinema Paradiso e além: o cinema italiano e as musas que marcaram o século XX

Cinema Paradiso e além: o cinema italiano e as musas que marcaram o século XX

O cinema italiano, ao longo de sua rica história, trouxe ao mundo algumas das mais talentosas e belas atrizes da sétima arte. Entre elas, destaca-se Gina Lollobrigida e Sophia Loren, verdadeiras musas que iluminaram as telas de cinema nas décadas de 1950 e 1960. 

Cinema Paradiso

Mas o cinema italiano não é apenas conhecido por suas grandes atrizes talentosas e belas, mas também por suas produções icônicas que marcaram a história da sétima arte. Um exemplo notável é o filme “Cinema Paradiso”, dirigido por Giuseppe Tornatore e lançado em 1988.

Esta obra-prima cinematográfica capturou a imaginação do público e foi premiada com o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, solidificando sua posição como um dos grandes sucessos do cinema italiano.

Cinema Italiano Cinema Paradiso

Aqui na ITALICA, inclusive, é um filme que faz parte dos nossos conteúdos. Já produzimos um vídeo muito especial com Giuliano cantando a música tema do filme “Cinema Paradiso”, intitulada “Se”, e com o Prof. Darius, logo em seguida, destrinchando os significados da canção, que nos ensina tanto sobre o idioma. Aproveite!

Detalhes sobre o filme Cinema Paradiso

Esse filme é uma carta de amor ao cinema e uma reflexão sobre a nostalgia da infância e do passado. A história é centrada em um jovem chamado Salvatore, que cresce em uma pequena cidade da Sicília e desenvolve uma profunda paixão pelo cinema através de sua amizade com Alfredo, o projetista do cinema local. O filme, que explora temas universais como amor, amizade e perda, é lembrado por sua trilha sonora emocionante e pelos momentos tocantes que evocam uma sensação de pertencimento e saudade.

Esta obra-prima é apenas um exemplo do impacto duradouro do cinema italiano na cultura global. Com suas narrativas envolventes, personagens memoráveis e uma estética visual única, o cinema italiano continua a encantar espectadores de todas as idades e origens ao redor do mundo. Assim como as musas italianas que deixaram sua marca na indústria cinematográfica, filmes como “Cinema Paradiso” perpetuam o legado e a influência do cinema italiano, provando que as histórias contadas na tela têm o poder de transcender fronteiras e atravessar o tempo.

Principais atrizes do cinema italiano

À medida que celebramos a contribuição extraordinária de clássicos cinematográficos e das grandes atrizes italianas, é importante reconhecer como esses elementos se entrelaçam para criar uma tapeçaria rica e diversificada na história do cinema italiano. A combinação da elegância e do talento das musas com as narrativas emocionantes e a direção visionária dos cineastas italianos continua a encantar e cativar o público, deixando uma marca indelével no coração da cultura cinematográfica mundial. É um testemunho da habilidade única da Itália de produzir não apenas estrelas de cinema, mas também obras de arte que ressoam profundamente com a humanidade.

Filme italiano Malena
Monica Bellucci em Malena (2000), Giuseppe Tornatore

Por isso, tomamos hoje a chance de apresentar não apenas atrizes, mas também seus feitos, os grandes clássicos em que estrelaram, alguns talvez não tão conhecidos! Hoje iremos além de Sophia Loren e Gina Lollobrigida, que não estavam de modo algum sozinhas nesse panteão de estrelas. Muitas outras atrizes italianas também deixaram sua marca na história do cinema mundial. Mas vamos começar citando os clássicos estrelados por elas duas, tão queridas de todos nós.

Gina Lollobrigida

Nascida em 1927 em Subiaco, Itália, foi uma das maiores atrizes e símbolos de beleza de sua geração. Ela começou sua carreira como modelo, mas logo chamou a atenção em produções cinematográficas italianas. Seu talento e carisma a levaram a Hollywood, onde atuou ao lado de atores renomados como Humphrey Bogart e Rock Hudson.

Musa do Cinema Italiano Gina Lollobrigida
Gina Lollobrigida

Gina Lollobrigida se destacou em uma variedade de gêneros cinematográficos, desde dramas românticos até comédias. Seu papel em “Pão, amor e fantasia” (1953) (Pane, amore e fantasia) ao lado de Vittorio De Sica, lhe rendeu grande reconhecimento e a primeira de três indicações ao Globo de Ouro.

Sua beleza clássica e elegância italiana a tornaram uma figura icônica na indústria do cinema. Ela também era conhecida por seu trabalho humanitário e compromisso com causas sociais, estabelecendo um legado não apenas como atriz, mas também como ativista.

Sophia Loren

Outra figura lendária do cinema italiano é Sophia Loren, nascida em 1934 em Roma. Ela conquistou os corações de espectadores em todo o mundo com sua beleza cativante e talento inegável. Loren é uma das poucas atrizes a ganhar um Oscar, um Globo de Ouro, um BAFTA e um prêmio da Cannes Film Festival.

Sophia Loren Musa do Cinema Italiano
Sophia Loren

Seu papel em “Duas Mulheres” (La ciociara) (1960), dirigido por Vittorio De Sica, lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz, tornando-a a primeira pessoa a ganhar o prêmio por uma atuação em um filme estrangeiro. Loren também trabalhou em várias produções de Hollywood, como “Um Dia Muito Especial” (Una giornata particolare) (1977), ao lado de Marcello Mastroianni.

Musa do Cinema Italiano Sophia Loren
Sophia Loren

Sophia Loren personifica a elegância italiana e continua sendo um ícone de beleza e talento no cinema até hoje.

Claudia Cardinale

Nascida em 1938 na Tunísia, Claudia Cardinale é outra atriz italiana que deixou uma marca duradoura no cinema. Ela é conhecida por sua participação em filmes emblemáticos, como “O Leopardo” (Il gattopardo) (1963), dirigido por Luchino Visconti, onde contracenou com Alain Delon.

Musa do Cinema Italiano Claudia Cardinale
Claudia Cardinale

Cardinale também trabalhou com outros grandes diretores, como Federico Fellini e Sergio Leone. Sua carreira internacional inclui filmes de sucesso como “Era uma Vez no Oeste” (C’era una volta il West) (1968), “A pele” (La pelle) (1981), da diretora Liliana Cavani, e um dos clássicos de Werner Herzog “Fitzcarraldo” (1981). Sem dúvida, uma das estrelas mais reconhecíveis do cinema italiano.

Monica Bellucci

No final do século XX e início do século XXI, Monica Bellucci emergiu como uma das atrizes italianas mais famosas e cobiçadas de sua geração. Nascida em 1964 em Città di Castello, Itália, Bellucci combinou beleza sensual com um talento versátil.

Musa do Cinema Italiano Monica Bellucci
Monica Bellucci

Ela trabalhou em produções internacionais, incluindo filmes de Hollywood como “Matrix Reloaded” (2003) e “007 – Spectre” (2015). No entanto, Bellucci também manteve uma forte presença no cinema italiano, atuando em filmes como “Malena” (2000), dirigido por Giuseppe Tornatore, mesmo diretor do clássico “Cinema Paradiso”, que vimos no início deste artigo de hoje.

Cinema Paradiso - Malena

Isabella Rossellini

Isabella Rossellini, filha da icônica atriz Ingrid Bergman e do diretor italiano Roberto Rossellini, também deixou sua marca única no mundo do cinema. Nascida em 1952 em Roma, ela herdou o talento de seus pais e desenvolveu uma carreira diversificada em Hollywood e na Europa.

Musa do Cinema Italiano Isabella Rossellini
Isabella Rossellini

Dentre muitos filmes, Isabella Rossellini é conhecida por sua colaboração com o diretor David Lynch em filmes como “Veludo Azul” (Velluto blu) (1986) e “Coração Selvagem” (Cuore selvaggio) (1990). Sua capacidade de interpretar uma variedade de papéis a tornou uma atriz versátil e respeitada internacionalmente.

Laura Antonelli

Laura Antonelli é lembrada por sua presença magnética nas telas. Ela conquistou o público com papéis memoráveis em filmes como “Malícia” (Malizia) (1973) e “O Inocente” (L’innocente) (1976), demonstrando seu talento versátil. A contribuição de Laura Antonelli para o cinema italiano é uma parte essencial do legado das grandes atrizes, musas inspiradoras que deixaram não apenas a marca de sua beleza física, mas a memória de uma atuação autêntica, resultado de uma devoção ao que a arte cinematográfica pode alcançar de mais significativo.

Musa do Cinema Italiano Laura Antonelli
Laura Antonelli

Monica Vitti

Conhecida por sua colaboração com o renomado diretor Michelangelo Antonioni, trouxe uma intensidade emocional única para suas performances em filmes como “A Aventura” (L’avventura) (1960) e “A Noite” (La notte) (1961). Sua habilidade em transmitir complexas emoções através de sua atuação a tornou uma figura emblemática do cinema italiano.

Musa do Cinema Italiano Monica Vitti
Monica Vitti

Gostou? Quer continuar explorando as curiosidades do cinema e da cultura italianas? Então continue acompanhando nosso blog.

Buona visione!

A presto!

Pães na Itália: arte e a tradição da fabricação

Pães na Itália: arte e a tradição da fabricação

A Itália, famosa por sua culinária incrivelmente diversificada e deliciosa, não é apenas o lar de massas e pizzas incríveis, mas também é um país onde a arte da fabricação de pães é elevada a um nível de maestria. A tradição de fazer pães na Itália remonta a séculos e continua a ser uma parte fundamental da cultura gastronômica italiana. Hoje vamos explorar um pouco da rica história, dos métodos tradicionais e veremos os tipos de pães que fazem da Itália um verdadeiro paraíso para os amantes de um bom pão.

Uma longa história de panificação

Como a maioria das características culturais italianas, a história da fabricação de pães na Itália remonta ao Império Romano, quando o pão era um alimento básico e fundamental na dieta diária. Naquela época, os padeiros já dominavam a arte de fazer pães de diferentes variedades e texturas. Com a queda do Império Romano e o surgimento do feudalismo na Idade Média, a arte da panificação continuou a se expandir territorialmente, tornando-se cada vez mais presente e importante para a variedade de culturas que cada regionalismo propiciou. Com o passar dos anos, naturalmente, as técnicas foram refinadas.

Durante o Renascimento, o território que um dia viria a ser a Itália unificada começou a ver uma explosão na criatividade culinária, e isso incluiu a panificação. Padeiros italianos experimentavam suas ideias com ingredientes locais, como azeite de oliva, ervas, queijos e azeitonas, para criar pães únicos que pudessem refletir suas regiões de origem. Essa tradição, inclusive, de explorar e respeitar ingredientes locais, ainda hoje está muito viva na fabricação de pães italianos. E é o que permite que turistas descubram sabores de receitas que foram criadas há séculos.

Pães na Itália: a variedade italiana

Como a Itália é um país de diversas regiões bastante conscientes e protetoras de suas identidades, cada uma delas conta com suas próprias tradições culinárias. Isso se reflete na grande variedade de pães italianos disponíveis. Vejamos alguns dos pães mais famosos da Itália:

Ciabatta

Originária da região da Toscana, a ciabatta é um pão caracterizado por sua casca crocante e interior macio e alveolado. É frequentemente usado para fazer sanduíches.

Também existe uma versão menor e mais arredondada da ciabatta, a ciabattina, perfeita para lanches individuais ou acompanhamentos.

Pães na Itália Ciabatta

Focaccia

Uma deliciosa massa plana, semelhante a uma pizza, que é frequentemente temperada com azeite de oliva, sal e ervas antes de ser assada. É um aperitivo popular na Itália.

Pães na Itália Focaccia

Pane Pugliese

Este é um pão rústico típico da região de Puglia, no sul da Itália. É conhecido por sua casca grossa e dura e seu interior macio e elástico.

Pane Pugliesi pão italiano

Grissini

Também conhecidos como “palitos de pão”, os grissini são finos bastões de pão que são frequentemente servidos como aperitivos.

Pão Italiano Grissini

Pane di Altamura

Proveniente da cidade de Altamura, na região da Puglia, é conhecido por seu sabor único e crosta espessa.

Pão italiano Pane di Altamura

Pão Siciliano

Originário da Sicília, este pão é geralmente feito com semolina e é denso e saboroso.

Pão italiano Siciliano

Métodos tradicionais de fabricação

A fabricação de pães na Itália é uma combinação de tradições antigas e técnicas modernas. Muitas padarias italianas ainda valorizam os métodos tradicionais de panificação, como o uso de fermentação natural e a chamada massa madre (massa mãe), que é um método antigo de fermentação que não requer o uso de fermento comercial. A fermentação natural dá aos pães um sabor e uma textura distintos, além de melhorar sua digestibilidade.

Massamadre do pão italiano

Outro aspecto importante da fabricação de pães italianos é a qualidade dos ingredientes. A farinha utilizada é frequentemente de alta qualidade e muitas vezes é moída localmente. O azeite de oliva extra virgem é um ingrediente comum que contribui para o sabor e a textura dos pães italianos.

O papel cultural do pão na Itália

O pão tem um papel cultural significativo na Itália, além de ser um alimento básico na mesa. Em muitas partes do país, o ato de compartilhar pão é um símbolo de hospitalidade e amizade. O pão também desempenha um papel importante em celebrações religiosas, como a Páscoa, quando o pão é abençoado e compartilhado entre os fiéis.

Além disso, muitos festivais e eventos regionais na Itália (como aqueles conhecidos como sagras, festas religiosas) estão relacionados à produção e ao consumo de pães locais. Os festivais de pães oferecem uma oportunidade para as comunidades locais celebrarem suas tradições e compartilharem suas especialidades culinárias.

Um bom exemplo de uma sagra que festeja justamente um pão é a Festa Te la Uliata, que acontece perto de Lecce, na Puglia. “Uliata” é uma “puccia” (nome dado aos lanches característicos da região da Puglia). No caso da “uliata”, é um tipo de pão feito com azeitonas pretas de Salento!

Tradição do pão italiano

Pães na Itália: essência familiar

Logo que chegamos na Itália, é fácil notar como os pães italianos variam amplamente em forma, sabor e textura, refletindo a diversidade das regiões italianas. E mais do que apenas alimento, o pão desempenha um papel cultural importante na Itália, conectando pessoas através de gerações e celebrando a riqueza da culinária italiana. Afinal, a fabricação de pães na Itália é uma arte que combina tradições antigas, ingredientes de alta qualidade e uma paixão pelo sabor e pela textura. Por isso, quando se trata de pães italianos, podemos entender que eles são mais do que apenas uma parte da refeição – são uma das essências mais antigas da vida italiana e da partilha em família.

Tradição dos pães na Itália

Te convidamos agora para assistir a um vídeo especial que o Prof. Darius fez caminhando pelo bairro do Bixiga, em São Paulo, quando ele visitou uma panificadora para te apresentar um pouco mais sobre os tipos de pão que existem na Itália e, portanto, sobre a razão de não existir algo como “pão italiano”, que vemos tanto à venda aqui no Brasil.

Para assistir e entender tudo, é só clicar aqui!

Buona visione!

A Festa dei Nonni na Itália: celebrando a sabedoria e o amor dos avós

A Festa dei Nonni na Itália: celebrando a sabedoria e o amor dos avós

A Itália é uma nação que valoriza profundamente a família e as tradições. Uma dessas tradições que encanta os italianos e é motivo de celebração todos os anos é  ” la Festa dei Nonni,” o Dia dos Avós. Esta festividade, que por lá acontece no dia de hoje, 2 de outubro, honra e celebra o papel fundamental que os avós desempenham na vida das famílias italianas e na transmissão de valores, de histórias e amor às gerações mais jovens.

Origens da Festa dei Nonni

A Festa dei Nonni é uma celebração relativamente recente na Itália, tendo sido oficialmente instituída em 2005. A data escolhida, 2 de outubro, coincide com a festa religiosa dos Arcanjos Gabriel, Rafael e Miguel, que têm uma conexão com a figura dos avós na tradição cristã. No entanto, a ideia de homenagear os avós e seus papéis na família não é nova na cultura italiana.

A importância dos avós na sociedade italiana remonta a séculos, quando a vida familiar era mais centralizada e as famílias frequentemente viviam juntas em grandes lares multigeracionais. Os avós, portanto, desempenhavam um papel crucial na criação e na educação das crianças, transmitindo tradições, histórias e sabedoria acumulada ao longo de suas vidas.

Dia dos avós Festa dei nonni na Italia
Reunião em Homenagem aos Avós

Na ocasião da Festa dei Nonni, os italianos têm a chance de expressarem seu amor e gratidão pelos avós de várias maneiras calorosas e afetuosas. As crianças frequentemente fazem cartões e presentes caseiros para seus avós, demonstrando seu carinho e apreço. As escolas e creches também organizam atividades especiais, como apresentações de música e dança, envolvendo os avós e as crianças.

Uma tradição comum é que as famílias se reúnam para uma refeição especial em homenagem aos avós. Os pratos tradicionais italianos, como massas, lasanhas, e sobremesas, como o tiramisù, são preparados com carinho para a ocasião. Não é apenas uma oportunidade de compartilhar uma refeição deliciosa, mas também um momento para compartilhar histórias de família e criar memórias duradouras.

O papel dos avós na sociedade italiana

Os avós desempenham papéis únicos e especiais na sociedade italiana. Como dissemos, eles são como os guardiões da tradição e da cultura familiar. Sua sabedoria acumulada ao longo dos anos é uma fonte inestimável de orientação e aconselhamento para as gerações mais jovens. Por isso, os momentos de reunião familiar são oportunidades para que os avós se expressem e recebam grande atenção, podendo então contar histórias sobre as vivências da família, e sobre suas próprias experiências de vida em eventos passados. Tudo isso ajuda a manter viva a conexão com as raízes familiares.

Além disso, os avós cumprem um papel ativo na educação e no cuidado das crianças. Muitas famílias italianas contam com os avós para ajudar na criação de seus netos, proporcionando um ambiente amoroso e seguro enquanto os pais se dedicam ao trabalho. Essa colaboração intergeracional é uma característica importante da sociedade italiana e fortalece os laços familiares.

Dia dos avos nonni na-Itália Museu do imigrante
Nonni di São Paulo (Mostra sobre avós italianos no Museu da Imigração de SP, em 2020)

Por todas essas razões, é profundo o significado da Festa dei Nonni. Mais do que apenas uma celebração anual, ela carrega a essência do respeito que define os núcleos familiares, um lembrete constante da importância dos avós na vida das famílias italianas, como verdadeiras fontes de amor, conhecimento e estabilidade.

O tempo passado, o presente e a possibilidade de um futuro

A tradição de celebração também ajuda a manter a memória e o legado dos avós que já se foram. Nas conversas e histórias compartilhadas durante a Festa dei Nonni, as lembranças dos avós falecidos são mantidas vivas e continuam a influenciar as vidas de seus descendentes.

Através desta festa, a Itália celebra portanto a sabedoria acumulada em sua cultura e reforça o valor de se buscar manter a família unida. É uma lembrança anual do legado dos avós que continua a moldar a cultura e a sociedade italianas. Afinal, os nonnos e as nonnas são figuras representativas da possibilidade de se existir, cada integrante da família, no tempo presente. Enfatiza-se assim o percurso que garantiu a vida de cada familiar, e por isso a importância da gratidão e da continuidade do trabalho árduo de se manter a vida seguindo bem ao futuro.

Dia dos avós nonni na Itália

Todos esses valores são considerados pilares fundamentais da sociedade italiana e são transmitidos de geração em geração com a orientação amorosa dos avós.

A presto!

Via dell’Amore na Cinque Terre: a reabertura da trilha mais romântica do mundo!

Se você gosta de caminhadas na hora de explorar cidades e países novos, é hora de começar a imaginar suas próximas viagens. A parte inicial do percurso conhecido como ‘Caminho do Amor’ está reabrindo em Riomaggiore, comuna da região da Ligúria, província de La Spezia.

Foram 11 anos fechada, devido a um deslizamento de terra. Essa primeira parte a ser reaberta conta com apenas 170 metros, isso mesmo, um trajeto tão curto que merece explicação: do que se trata esse caminho exatamente? E com isso poderemos apresentar a você 5 bons motivos para querer programar uma viagem para esse lugar maravilhoso!

Região italiana da Ligúria Cinque Terre
Localização da Liguria onde fica a província de La Spezia no mapa da Itália)

5 motivos para visitar a Via dell’Amore

Trazemos sempre dicas sobre a Itália, curiosidades sobre o estilo de vida e do dia a dia no país da bota. Conheça abaixo os 5 principais motivos para você colocar Via dell’Amore em seu roteiro de viagem.

1. CINQUE TERRE

O caminho romântico é conhecido como “Via dell’Amore” e liga a comuna de Riomaggiore ao distrito de Manarola. É considerada uma das trilhas mais bonitas de um conjunto de vilas chamado Cinque Terre, que é composto por cinco aldeias da Riviera italiana: Monterosso al Mare, Vernazza, Corniglia, Manarola e Riomaggiore. A costa, as cinco aldeias à beira-mar e as colinas circundantes fazem parte do Parque Nacional Cinque Terre e são Património Mundial da UNESCO.

Via Dellamore na Itália
Caminho Via dell’Amore

Essas aldeias são conhecidas pela tradição pesqueira, pelas belezas naturais e por sua arquitetura pitoresca – uma arquitetura colorida, com casas que se empilham nas encostas íngremes próximas ao mar. Muitos que visitam o local descrevem as cores como brilhantes sob a luz do sol, tão vivas a ponto de fazer a cidade parecer um espaço saído de um conto de fadas. Comprove:

Parque Nacional Cinque Terre na Itália
Vista da aldeia

2. VINO

As regiões que compõem a Cinque Terre, incluindo portanto Riomaggiore, são famosas também por suas produções de vinho. Um espetáculo impressionante é a vista dos terraços de cultivo de uvas nas encostas. Caso possa visitar, já saiba: dentre os vinhos locais, o Sciacchetrà é altamente apreciado e único, carrega o nome dessa região por todo o globo.

plantação de uvas no topo da colina Cinque Terre na Itália
Plantação de uvas nos topos das colinas

3. SENTIERI PER ESCURSIONI

Outra grande atração turística é o belíssimo acesso a trilhas. Riomaggiore é um ótimo ponto de partida para os turistas que querem explorar as trilhas que ligam todas as cinco aldeias de Cinque Terre. A trilha mais famosa é a “Sentiero Azzurro”, que conta com vistas espetaculares da costa, passando por entre as colinas e pelos rochedos à beira-mar.

Via dellamore Cinque terre na Itália
Trilha Sentiero Azzurro

E, claro, uma das trilhas mais bonitas, como começamos dizendo neste artigo, é aquela conhecida como “Via dell’Amore”. A vista privilegiada permite a sensação de se estar caminhando em direção ao pôr-do-sol, contornando as montanhas.

Via dellamore Vernazza na Italia

4. FESTA DI SAN GIOVANNI BATTISTA

Acontece anualmente, em 24 de junho, o Festival de San Giovanni. É quando a cidade de Riomaggiore celebra o padroeiro da cidade, San Giovanni Battista.

Pétalas na Festa de San Giovanni Battista na Itália
Festa di San Giovanni Battista Itália

Durante o dia, as flores são distribuídas por todas as ruas em preparação para o desfile, por isso é possível caminhar pela cidade e se deparar inesperadamente com os rastros vermelhos das pétalas que, à noite, guiarão a procissão de padres da aldeia, acompanhados da banda marcial e de habitantes da cidade carregando velas acesas e cantando solenemente.

Padres na Festa di San Giovanni Battista Itália

O santo é então transportado pela aldeia à vista de todos. É uma tradição que atrai visitantes de toda a região.

5. CULTURA ANTICA

Riomaggiore tem preservada a sua atmosfera de aldeia italiana tradicional, com ruas estreitas e sinuosas, cafés aconchegantes e praças encantadoras. Tudo isso garante que a aldeia seja um lugar perfeito para explorar a cultura local e descobrir o legado e as tradições.

Cinque terre Riomaggiore na Itália

Agora, para ajudar na programação de deslocamento, uma dica: Riomaggiore é acessível de trem a partir da comuna de La Spezia ou de outras cidades vizinhas, o que faz de Riomaggiore uma opção bastante conveniente para os visitantes que desejam viajar sem carro, por exemplo, para explorar tudo caminhando muito pelas trilhas e pelas ruas estreitas e históricas da Cinque Terre.

Para sincronizar seus planos, saiba que a previsão atual é de que apenas em 2024 haverá a liberação do percurso completo da Via dell’Amore!

E aí, interessados?!

A presto!

Aqueduto romano: um legado milenar de eficiência

Aqueduto romano: um legado milenar de eficiência

A Itália é famosa por suas fontes artísticas, com esculturas monumentais, jorrando água há séculos, 24 horas por dia. Tudo isso graças a um complexo de aquedutos que cobre a Itália do Lácio à Toscana, da Campânia à Úmbria. Mas você sabia que essas fontane só existem porque, muito antes delas, durante o Império Romano, outras obras monumentais precisaram ser pensadas e criadas muito lentamente?

Aqueduto dos pegões na Itália

Origem dos aquedutos

Há mais de dois mil anos, técnicos do Império descobriram fontes naturais de água pura a pouco mais de 20 quilômetros de Roma. Estabelecia-se assim a possibilidade de um serviço romano que pouparia distâncias e levaria água potável ao povo, até suas casas e até bebedouros públicos. Mas como fazer esse transporte?

Os chamados aquedutos foram construídos como vias, às vezes subterrâneas, às vezes em caminhos “aéreos”, fazendo a água correr em calhas no topo de arcadas, que desviavam o fluxo da água das fontes naturais ao longo de quilômetros e quilômetros, até chegar às cidades, nas casas dos cidadãos e nas ruas.

Espetáculo das águas

Já nos tempos do Império Romano, após a construção de fontes que serviam para matar a sede dos transeuntes, o que se decidiu é que esses aquedutos seriam desviados também para grandes praças, onde se construiria uma fonte que servisse de “espetáculo”, la fontana “mostra.

Aqueduto Fontana di Trevi Dolce Vitta na italia
Marcello Mastroianni e Sylvia Rank nas águas da Fontana di Trevi durante as gravações de “La Dolce Vita”, de 1960.

Hoje é impossível pensar em Roma e não se lembrar desses tipos de fontes artísticas monumentais, com água cristalina jorrando incessantemente, como a Fontana di Trevi (que já apareceu em filmes, como em La Dolce Vita), ou a Fontana dei Quattro Fiumi localizada na Piazza Navona, a Fontana del Gianicolo, a Fontana del Tritone, entre outras.

https://www.youtube.com/watch?v=The8Xi6fKOE

 

Nasoni: os bebedouros do século XIX

Como vimos, além das conhecidas fontes artísticas do centro histórico da capital, que existem há séculos e são pontos turísticos disputados todos os dias, também existiam, há milênios, outras pequenas fontes. Após a queda do Império, o sistema de bebedouros foi repensado e recriado. Os mais comuns de Roma, hoje em dia, não são muito conhecidos por turistas que planejam visitar apenas as grandes fontes dos pontos turísticos.

Estamos falando dos chamados nasoni. Esse foi o nome dado pelos romanos às fontes públicas de menor porte construídas a partir de 1870, feitas em ferro fundido ou travertino. Significa literalmente “nariz grande“. Se quisermos: “narigões”. É uma maneira carinhosa de se referir ao formato cilíndrico, dotado de uma bica. Essas fontes estão instaladas em diversas praças e ruas da cidade.

Bebedouro Fontana Delle Tre Cannelle na Via Della Cordonata em Roma
Uma das mais famosas nasoni, a Fontana Delle Tre Cannelle, localizada na Via Della Cordonata

A água potável que é fornecida nesses nasoni é a mesma da distribuição às casas romanas há mais de 100 anos. Hoje em dia, só em Roma, existem aproximadamente 2,500 nasoni, garantindo que ninguém passe sede nas ruas da metrópole. Tudo resulta de um precioso patrimônio histórico e social da Itália, conhecido ao redor do mundo, que leva água potável até os subúrbios da cidade. 

Adiantamos uma dica importante: a maneira mais fácil de se beber água destas fontes é simplesmente tapar a abertura principal por onde corre a água. Dessa maneira, você fará com que o fluxo desvie o trajeto e saia pelo pequeno orifício de cima do cano, funcionando então como um bebedouro.

Nasone italiano como beber água
O melhor jeito de reconduzir a água de um nasoni, tampando sua saída principal com a mão.

Isso tudo não significa que as águas de milhares de nasoni viajam ainda hoje pelos mesmissimos aquedutos do tempo do Império Romano. Afinal, houve um período em que as águas pararam de jorrar e os aquedutos secaram!

Aqueduto na Itália

Aquedutos – Ruínas secas

Em 98 d.C., de acordo com Sextus Julius Frontinus (que era cônsul e curador aquarum da época, encarregado de cuidar do serviço de distribuição de água), Roma contava com dezenas de fontes monumentais e centenas de bacias públicas. Foi, portanto, depois da queda do Império Romano do Ocidente que essas fontes pararam de funcionar. Os aquedutos foram destruídos, tornaram-se ruínas observáveis até os dias hoje, e por isso as centenas de fontes espalhadas pela cidade secaram. Por muito tempo, durante a Idade Média, os romanos só puderam se abastecer da água de poços poluídos, que recebiam os esgotos da cidade.

Aqueduto em Tivolli na Itália
Ruínas de um trecho destruído da Acqua Marcia, em Tívoli

Mais de mil anos precisaram se passar até que, por decisão do Papa Nicolau V, foi iniciada a reconstrução do Acqua Vergine, um dos aquedutos mais antigos que abasteciam a cidade de Roma na era do Império. Com essa decisão, o Papa também reviveu o costume romano de se marcar o ponto de chegada de um aqueduto com uma “mostra”, como vimos: uma fonte monumental para servir de espetáculo.

Assim surgia a ideia de construir, bem no ponto final da Acqua Vergine, uma monumental fonte, que fosse um espetáculo digno da história. Arquitetos foram encarregados de criarem projetos até que fosse selecionado um que estivesse à altura. Após muitas competições entre arquitetos e artistas do Renascimento, Nicola Salvi, e depois Giuseppe Pannini, realizaram o projeto que ao final, em 1762, ergueu Netuno e seu séquito nas águas da Fontana di Trevi.

Cem anos depois, surgiam também os projetos das construções dos milhares de nasoni que hoje, junto às magníficas fontes monumentais, ajudam a reviver a idade de ouro dos romanos, realizando os sonhos do Império.

Aqueduto Villa Adriana na Itália
Ruínas da Villa Adriana, por onde passavam quatro dos aquedutos que abasteciam Roma: Anvio Vetus, Anio Novus, Acqua Claudia e Acqua Marcia.

Quais nasoni visitar?

Nem todos os nasoni seguem o projeto base, utilizado na maioria dos casos, no formato cilíndrico e uma só bica. Como vimos, alguns podem ter três bicas, como na Fontana delle Tre Cannelle. Outros nasoni são ainda mais diferenciados, com uma estética única que justifica que os turistas criem planos para visitarem algumas áreas secretas da cidade a fim de conhecê-los.

Entre os nasoni mais conhecidos, estão os seguintes, das respectivas imagens abaixo: a pequena fonte embutida na parede da Via della Fontanella di Borghese; a Fontana da área do Circo Massimo, com vista para as ruínas e o vale que uma vez compuseram a maior arena de entretenimento do Império; e aquela que já vimos anteriormente, a Fontana delle Tre Cannelle, com bicas em forma de dragão, localizada na via della Cordonata, perto da via Nazionale.

Mas é claro que você poderá descobrir outras centenas de nasoni especiais, afinal são mais de 2 mil em Roma. E para auxiliar os turistas, foi inclusive criado um app, chamado Fountains in Italy, que contém um mapa com as direções, as descrições e as fotos de cada uma dessas fontes especialmente italianas! Também é possível utilizar o site da operadora de distribuição de água, Acea, para rastrear no mapa os mais de 6500 nasoni instalados por toda a Itália.

Nasone Circo Massimo bebedores na Itália
Nasone na área do Circo Massimo, com ruínas ao fundo
Bebedouro na Via della Fontanella di Borghese na Itália
Nasone na Via della Fontanella di Borghese

Quer aprender italiano e saber mais sobre a cultura e as características históricas únicas do Bel Paese? Inscreva-se na nossa lista de espera, no nosso newsletter e acompanhe as redes da ITALICA no Instagram e no YouTube, onde fazemos lives especiais semanalmente!

A presto!