A música italiana é mundialmente conhecida por grandes sucessos que atravessam gerações, como veremos neste artigo. E aprender italiano com música é um dos benefícios de estudar com a gente aqui na ITALICA. Portanto, hoje vamos somar dois fatores muito importantes para nós: a tradição musical do Festival de Sanremo e tudo o que ofertamos em nosso curso L’italiano Musicale!
O Festival de Sanremo é uma tradição italiana icônica. Desde sua inauguração, em 1951, tornou-se uma vitrine para a música italiana, lançando carreiras, definindo tendências e encapsulando a identidade musical do país. Hoje queremos explorar um pouco dessa história única, cheia de nomes que você certamente conhece!
O Festival de Sanremo foi concebido por Giulio Razzi em 1951, com a intenção de promover a música italiana e atrair turistas para a bela cidade de Sanremo. A primeira vencedora, Nilla Pizzi, estabeleceu a tradição de uma competição que destacaria novos talentos. E os anos 50 foram uma época de otimismo pós-guerra, por isso o festival tornou-se um reflexo dessa energia de renovação e esperança, apresentando uma mistura de melodias românticas e canções vibrantes.
Era das estrelas: anos 60 e 70
Nas décadas seguintes, o Festival de Sanremo viu o surgimento de artistas que se tornariam lendas da música italiana, como Mina, Adriano Celentano, Domenico Modugno e Claudio Villa.
O evento ganhou prestígio internacional e foi um trampolim para artistas que buscavam uma carreira internacional. Os anos 60 e 70 trouxeram uma expansão estilística, incorporando influências do rock e da música popular internacional.
Evolução, desafios e renascimento
Os anos 80 testemunharam uma diversificação ainda maior de estilos, com a entrada de gêneros como o pop italiano e a música melódica. No entanto, a competição enfrentou desafios, incluindo controvérsias e debates sobre sua relevância. Nos anos 90, ele passou por uma renovação, abraçando uma abordagem mais contemporânea e introduzindo elementos visuais e cênicos inovadores. Em 1993, surge Laura Pausini, vencendo o prêmio na categoria Jovem, com a eterna canção “La Solitudine”. No ano seguinte, é a vez de Andrea Bocelli vencer o mesmo prêmio, com “Il mare calmo della sera”.
A virada para o novo milênio trouxe um renascimento para o Festival de Sanremo, com audiências mais jovens e uma maior apreciação internacional. Artistas como Laura Pausini, Eros Ramazzotti e Andrea Bocelli haviam alcançado apelo internacional, ao utilizarem o festival como trampolim para o cenário musical global. A competição expandia-se então para além das fronteiras italianas, atraindo participantes estrangeiros e solidificando sua posição como um evento musical de classe mundial.
Hoje, o Festival de Sanremo continua a desempenhar um papel central na cena musical italiana. Além de apresentar novos talentos, é um evento que celebra a diversidade musical, incorporando uma gama eclética de estilos.
E uma curiosidade: o vencedor tem hoje a honra de representar a Itália no Eurovision Song Contest. O festival transcende portanto seu papel inicial, tornou-se um fenômeno cultural que une gerações em torno da paixão pela música.
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Quando se trata de sobremesas, poucos lugares no mundo podem rivalizar com a Itália, e a gelateria é uma das razões pelas quais esse país é conhecido como o paraíso dos gourmets. A gelateria italiana é uma joia da culinária que brilha com sabores incríveis, história fascinante e uma paixão inigualável por proporcionar prazer através da comida. Ao redor do mundo, quando se pensa em sorvetes deliciosos e cremosos, a Itália é sempre uma referência. Vamos explorar a história e a magia por trás dessa tradição adorada por todos os amantes de sobremesas.
O início de tudo
As raízes desta tradição nos remontam aos romanos aristocráticos, que desfrutavam de uma versão primitiva de sorvete, feita com neve e mel. Em latim, seria conhecido também como “nivatae potiones” (bebidas nevadas). No entanto, o gelato, como o conhecemos hoje, evoluiu durante a Renascença italiana, quando um cozinheiro da corte da rainha Catarina de Médici teve a brilhante ideia de misturar gelo com frutas e açúcar. Esse marco culinário deu origem ao gelato italiano, uma sobremesa que logo conquistou o país e depois o mundo.
Uma das chaves para a magia do gelato italiano é a qualidade dos ingredientes. Os melhores gelatieri (mestres sorveteiros) insistem em usar apenas ingredientes de alta qualidade, como leite fresco, frutas locais da estação, açúcar puro e outros componentes naturais. Essa abordagem artesanal é crucial para criar sabores autênticos e deliciosos.
Um dos fatores mais fascinantes sobre a gelateria italiana é a infinita variedade de sabores disponíveis. Claro, você sempre pode desfrutar dos clássicos, como pistache, chocolate e baunilha, mas as gelaterias frequentemente oferecem criações ousadas e inovadoras. Imagine saborear um gelato de figo, lavanda, azeite de oliva ou até mesmo espinafre! Essa criatividade é uma parte essencial da cultura do gelato.
O preparo
O processo de fabricação do gelato é uma verdadeira obra de arte. Um dos segredos para sua textura suave e cremosa está na técnica conhecida como “churna” (a mistura, a agitação dos ingredientes), que incorpora menos ar do que a fabricação do sorvete comum. Isso resulta em uma sobremesa densa e rica que derrete na boca, proporcionando uma experiência sensorial única.
Curiosidade e dica de viagem: existe um sabor com esse nome, churna, em Bolonha, na sorveteria chamada Soleluna. É um gelato à base de fior di latte (um tipo de mozzarella), com notas de uma perfumada mistura de especiarias, como cúrcuma, açafrão e cardamomo, que conferem ao sorvete uma cor dourada.
Uma visita a uma gelateria italiana é muito mais do que um passeio para satisfazer seu desejo de doces. É uma imersão na cultura e tradição do país. Você encontrará gelaterias em todas as cidades e vilarejos da Itália, muitas delas administradas por famílias locais há gerações. Os gelatieri são verdadeiros artistas e alquimistas, criando apresentações incríveis de suas deliciosas invenções nas vitrines.
Gelato, sorvete ou sorbet?
Muitas pessoas acham que “sorbet” e “gelato” são apenas duas formas elegantes de se chamar um sorvete. Acontece que esses três nomes descrevem métodos de produção diferentes, com composições diferentes.
Gelato
O gelato é preparado na hora. Precisa ser produzido diariamente, para ser consumido sem demora. Sua base é feita de leite, água, açúcar e frutas. E a quantidade de cada ingrediente influencia na textura final. Por isso é necessária uma exatidão na receita e na execução.
Sorbet
Já o sorbet é uma espécie de raspadinha, composto por água, açúcar e frutas.
Sorvete
O sorvete, por sua vez, pode ser feito com amido de milho ou gemas. E o tempo de consumo não é restrito, pode ser guardado e conservado na qualidade de sua composição inicial.
Gelato italiano: para além das fronteiras
A nobre italiana, Catarina de Médici, que se tornou rainha consorte da França de 1547 até 1559, como a esposa do rei Henrique II, é uma das responsáveis pela popularidade dos gelatos ao redor do mundo. Ela ficou tão fascinada com as misturas refrescantes, que fez o sorvete ficar conhecido entre aqueles que faziam parte do seu círculo social. Ela então fez essa receita viajar com ela quando se mudou para a França, na época do seu casamento com o rei francês Henrique II. E a execução das receitas estava garantida, pois conta-se que Catarina levou para além das fronteiras os melhores cozinheiros italianos.
Depois, a neta de Catarina popularizou o sorvete na Inglaterra, após se casar com o monarca Carlos I. Os ingleses, por sua vez, teriam levado o gelato para as Américas.
A consolidação ocorreria depois de 1686, quando o sorvete começou a chegar a outras classes sociais, fora da realeza, quando o italiano Francesco Procópio, também chamado de “Pai do sorvete”, abriu o Café Le Procope, em Paris.
A popularidade do gelato italiano não conhece fronteiras. Em todo o mundo, as pessoas se deliciam com a maravilha cremosa que é o gelato. Gelaterias italianas também exportam suas habilidades, abrindo lojas em outros países e introduzindo os sabores autênticos do gelato italiano em todos os cantos do globo. Por isso, para tantos estrangeiros apaixonados pela gastronomia italiana, é possível embarcar nessa tradição italiana, e provar um verdadeiro gelato, sem precisar atravessar o mundo.
É claro, no entanto, que a experiência no solo natal, no Belpaese, é algo único. A gelateria italiana é muito mais do que uma simples sobremesa; é um contato com a história, com os espaços e com os locais históricos em que os sabores surgiram pela primeira vez. Poder visitar a Itália e provar o gelato em suas diversas receitas é uma celebração da qualidade, da criatividade culinária e da busca incessante pela perfeição no paladar. Quando você puder visitar a Itália, garantimos que provar um autêntico gelato italiano será uma das experiências mais memoráveis. Deixe-se levar pela magia do gelato italiano e descubra por que essa tradição é tão amada em todo o mundo.
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Nacionalidade e naturalidade são dois conceitos que frequentemente causam dúvidas e podem ser facilmente confundidos. Neste post, nosso objetivo é esclarecer as principais diferenças entre esses termos, explicando suas definições e destacando os pontos distintivos entre eles. Caso você tenha alguma dúvida, não deixe de ler até o final.
Nacionalidade e Naturalidade: Compreendendo os Termos
Nacionalidade
A nacionalidade refere-se à ligação legal e oficial de um indivíduo com um determinado país. Ela é concedida pelo Estado e confere ao indivíduo uma série de direitos e responsabilidades dentro desse país. A nacionalidade está associada à cidadania, que é o status de ser um membro pleno de um Estado e implica a participação nos assuntos políticos desse país.
Ela pode ser adquirida de várias maneiras, incluindo:
Nacionalidade por Nascimento
Você pode adquirir a nacionalidade de um país simplesmente por nascer nele. Isso é conhecido como “jus soli” ou direito de solo.
Nacionalidade por Descendência
Você pode adquirir a nacionalidade de um país se seus pais forem cidadãos desse país, independentemente de onde você tenha nascido. Isso é conhecido como “jus sanguinis” ou direito de sangue.
Nacionalidade por Naturalização
Você pode solicitar a nacionalidade de um país por meio de um processo legal, que geralmente envolve a residência no país por um determinado período de tempo, conhecimento da língua e cultura, entre outros requisitos.
Naturalidade
A naturalidade refere-se ao local de nascimento de uma pessoa. É o lugar onde alguém veio ao mundo, independentemente da nacionalidade dos pais. A naturalidade é um dado de registro civil que geralmente consta na certidão de nascimento.
É importante destacar que a naturalidade não implica necessariamente a nacionalidade. Por exemplo, uma pessoa pode nascer em um país, ter sua naturalidade registrada nesse local, mas não ser automaticamente considerada nacional desse país. A nacionalidade depende das leis e regulamentos do país em questão.
Nacionalidade Italiana e Brasileira: É Possível Ter Ambas?
Uma pergunta comum que surge quando se fala sobre nacionalidade é se é possível ter mais de uma nacionalidade. No caso da nacionalidade italiana e brasileira, a resposta é sim, é possível ser cidadão de ambos os países. Isso ocorre porque tanto o Brasil quanto a Itália permitem a dupla cidadania.
Recentemente (12/09) foi aprovada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 16/21, que mantém cidadania brasileira para quem obtiver outra nacionalidade.
De acordo com o texto, a perda de nacionalidade brasileira ficará restrita a duas possibilidades:
quando houver pedido expresso do cidadão ou quando a pessoa não tem sua nacionalidade reconhecida por nenhum outro país;
se houver sentença judicial, em virtude de fraude relacionada ao processo de naturalização ou de atentado contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
Confira aqui a análise de nossos especialistas sobre o assunto.
Mesmo após a renúncia a pedido, o brasileiro poderá readquirir sua nacionalidade originária segundo procedimentos mais simplificados previstos na Lei 13.445/17. Nesse caso, a lei exige apenas requerimento formal do interessado na reaquisição da nacionalidade, sem um processo novo. A nacionalidade originária permite ao brasileiro nato direitos exclusivos, como concorrer a cargos públicos como presidente e vice-presidente da República, oficial das Forças Armadas ou servidor de carreira diplomática, entre outros.
ITALICA Cidadania Italiana: Seu Parceiro na Busca pela Cidadania Italiana
Se você está interessado em adquirir a cidadania italiana, a ITALICA Cidadania Italiana pode ser seu parceiro ideal. Nossa empresa é especializada em auxiliar pessoas em todo o processo de obtenção da cidadania italiana. Aqui estão alguns dos serviços que oferecemos:
Assessoria Legal
Nossos especialistas legais estão à disposição para orientá-lo em relação aos requisitos legais e documentação necessária para solicitar a cidadania italiana.
Pesquisa Genealógica
Se você não tem documentos de seus antepassados italianos, nossa equipe pode ajudá-lo a localizá-los por meio de pesquisa genealógica.
Tradução de Documentos
A obtenção da cidadania italiana frequentemente envolve a tradução de documentos. Oferecemos serviços de tradução profissional para garantir que seus documentos atendam aos requisitos legais.
Assistência na Documentação
Preparamos toda a documentação necessária para sua solicitação de cidadania italiana, garantindo que tudo esteja em conformidade com as regulamentações italianas.
Acompanhamento do Processo
A ITALICA acompanha seu processo de solicitação de cidadania italiana, mantendo você informado sobre o progresso.
Atendimento Personalizado
Entendemos que cada caso é único. Oferecemos atendimento personalizado para atender às suas necessidades específicas.
Em resumo, nacionalidade e naturalidade são conceitos distintos, com a nacionalidade se referindo à ligação legal com um país e a naturalidade ao local de nascimento. Ter cidadania italiana não significa necessariamente perder a cidadania brasileira, pois ambos os países permitem a dupla cidadania.
Se você está interessado em adquirir a cidadania italiana, a ITALICA Cidadania Italiana está aqui para ajudar. Nossa equipe de especialistas pode guiá-lo em todo o processo, desde a pesquisa genealógica até a obtenção da cidadania italiana. Não hesite em nos contatar se tiver alguma dúvida ou precisar de assistência em sua jornada rumo à cidadania italiana. Estamos à disposição para ajudá-lo a realizar seu sonho de se tornar um cidadão italiano.
Acontece todo mês de maio na cidade de Cocullo, na região de Abruzzo: a imagem de um santo é coberta por cobras vivas e carregada pela cidade numa procissão de fiéis e curiosos. Essa é a Festa dei serpari, organizada para celebrar os milagres de um santo que ficou conhecido justamente por curar picadas de serpentes venenosas.
Tradição
Essa tradição é anual e causa arrepios a muitos turistas incrédulos, principalmente aqueles que sofrem de fobia a cobras (ofidiofobia). Na primeira quinta-feira de maio, alguns corajosos moradores e caçadores locais se colocam à disposição para iniciarem o evento: ficam com cobras nas mãos, diante da população na praça principal, à espera da chegada da figura do santo, que é trazida da igreja. Quando então chega a estátua de San Domenico (São Dominique), as cobras são colocadas ao seu redor. Para a segurança geral dos envolvidos, as serpentes usadas neste festival não são venenosas, pois são escolhidas por caçadores locais em regiões próximas. Esses caçadores são conhecidos como “serpari” e usam de suas habilidades de caça para garantir que nenhuma víbora peçonhenta seja selecionada por engano.
A tradição diz que se as cobras se enrolarem na cabeça do santo, esse é um bom presságio para o restante do ano; e que se caírem, pode-se esperar o pior para o ano. Conforme o cortejo passa, a multidão aguarda para tocar a imagem sagrada. E é mesmo uma multidão!
Simbolismo da Festa dei Serpari
De maneira semelhante ao que vimos no artigo sobre a evolução da Befana a partir do ritual pagão de uma deusa romana, estudiosos apontam que a festa de Cocullo também tem um passado longínquo de inspirações que nos levam, como de costume na Itália, aos primórdios do cristianismo – quando as tradições pagãs do Império Romano eram ainda realizadas sem muitas influências da simbologia cristã. Nesse período, o povo Marsi era conhecido pela habilidade de encantar serpentes. E na primavera era oferecido um tributo à antiga deusa pagã Angitia.
Com o advento do cristianismo, a tradição passou a ser ligada a San Domenico, um abade beneditino associado a milagres de cura após ataques de animais selvagens.
E aí, você teria coragem de participar desse festival? Ficaria próximo ao santo?
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No folclore italiano existem figuras bastante peculiares, únicas da cultura do Bel Paese. Vamos conhecer a Befana, uma personagem que poderia se encaixar muito bem nessas comemorações de Halloween ao redor do mundo. Acontece que, na Itália, a Befana aparece em outra data, bem longe de outubro. É em uma noite misteriosa de janeiro, no Dia de Reis, por razões que descobriremos hoje!
O que é Befana?
A Befana é uma bruxa, mas suas ações a aproximam mais do que esperaríamos de um Papa Noel. Essa mistura curiosa foi se espalhando a partir de Roma, para depois se estender como uma tradição italiana até o Ticino, chegando depois a outras regiões de fronteira, como na Suíça, em que o idioma italiano também é falado.
Nessa tradição, a Befana é uma mulher idosa que voa em uma vassoura, visitando as crianças na noite entre 5 e 6 de janeiro, que é justamente a data de comemoração da Epifania, o dia dos Reis Magos. Befana então adentra as casas para preencher as meias deixadas pelas crianças na lareira ou perto de janelas. Quer mais semelhanças com o Papai Noel? Existe ainda mais, pois é dito às crianças que há uma condição para que elas recebam doces, frutas secas ou brinquedos: se comportarem bem durante o ano. E aqui há uma grande diferença do personagem do velhinho, que combina bastante com o que uma bruxa brincalhona poderia fazer: aquelas crianças que se comportarem mal encontrarão suas meias cheias de carvão ou alho!
Celebração da Festa della Befana
Um detalhe divertido do folclore: a velhinha Befana ainda aproveitaria de sua vassoura para varrer o piso antes de sair de cada casa que visita. Que gentileza! Mas nada é de graça: a tradição recomenda que as crianças da casa deixem uma garrafinha de vinho e uma porção de um prato típico ou local para a Befana.
Cidades por toda a Itália (até no Vaticano!) celebram essa data com procissões e festividades nas praças, com decorações feitas pelas ruas e nas casas, com meias penduradas nas janelas, iluminação especial e bonecas da bruxa. Uma das festividades acontece em Florença, onde três homens a cavalo galopam pelas ruas da cidade, entregando oferendas como os Reis Magos fizeram ao menino Jesus.
Origem do nome e um episódio secreto
Acredita-se que o nome Befana se originou justamente como uma corruptela da palavra Epifania (que veio do grego epiphanei, que significa aparição). Essa relação com a palavra explica que a personagem pode ter duas inspirações: ela teria sido primeiro uma figura pagã, pertencente ao folclore romano, e depois reincorporada na cultura por meio dos símbolos cristãos, tomando forma numa versão mais religiosa, ligando a sua história à dos Três Reis Magos do Oriente.
Pesquisas sugerem que ela derivaria primeiro da deusa romana do Ano-Novo chamada Estrênua, ligada ao ritual de final de ano na Roma Antiga, em que o costume era marcar os bons presságios com o ato de se presentear o próximo. É possível encontrar pistas no livro “Vestiges of Ancient Manners and Customs, Discoverable in Modern Italy and Sicily“, em que o autor diz:
Befana parece ser herdeira de uma deusa pagã denominada Strenia, que patrocinava os presentes de ano novo, “Strenae” […] Os seus presentes eram do mesmo tipo dos da Befana – figos, tâmaras e mel. Além disso, as suas celebrações recebiam forte oposição dos primeiros cristãos, pelo seu caráter barulhento, agitado e licencioso.
— John J. Rom, “Vestiges of Ancient Manners and Customs, Discoverable in Modern Italy and Sicily”
A Befana é representada como uma velhinha de xaile negro e coberta sempre de fuligem porque, afinal de contas, assim como o Papai Noel, ela também entraria em algumas casas pela chaminé. (Está aí um detalhe que nunca pensamos sobre as roupas vermelhas limpinhas do velhinho… qual seria o truque para mantê-las sempre impecáveis?!) E no folclore as crianças enxergam a bruxa Befana como uma senhora cheia de alegria: ela está sempre sorridente.
Tradição popular
Na tradição popular, a história da Befana ganhou elementos narrativos bastante interessantes para serem contados às crianças em conjunto com a história cristã.
Na noite em que os três Reis Magos iam para Belém, levando presentes para o Menino Jesus, eles teriam ficado na dúvida quanto ao caminho correto que deveriam seguir, e teriam resolvido pedir informações à uma senhora que encontraram pelo caminho. Ela, porém, também não sabendo do caminho, teria convidado os três viajantes para passarem a noite em sua casa. Na manhã seguinte, em agradecimento, os três Reis Magos convidam a velhinha a segui-los para visitarem juntos o Menino que estava por nascer, mas ela negou, dizendo que estava muito atarefada. É dito que, pouco depois, ela teria se arrependido e seguido pelo mesmo caminho que os Magos pegaram, sem nunca mais conseguir reencontrá-los. O folclore conclui com uma nota bonita: desde então, a Befana pararia em todas as casas que encontra pelo caminho, dando presentes às crianças na esperança de que uma delas seja o Menino Jesus.
Nada mais contemporâneo à nossa geração digital do que acrescentar detalhes extras a uma narrativa já bem consolidada, e assim criar novas histórias. Assim também foi feito há séculos, sobre a noite do nascimento mais conhecido do ocidente. É um toque de spin-off (narrativa derivada), como diriam os apaixonados por séries, um “derivato” ou uma “derivazione”.
Existem também poemas sobre a Befana, que as crianças aprendem logo cedo, e que podem nos ajudar no aprendizado da língua. Alguns são conhecidos em versões que variam um pouco ao redor da Itália, dependendo da região. Um muito conhecido é:
a Befana vien di notte
Con le scarpe tutte rotte
Col vestito alla romana
Viva, Viva La Befana!
(A Befana vem de noite
Com os sapatos quebrados
Vestida à moda romana
Viva, viva, a Befana!)
Já na província de Trento, encontramos outros versos:
Viene, viene la Befana
Vien dai monti a notte fonda
neve e gelo la circondan..
neve e gelo e tramontana!
Viene, viene la Befana
(Vem, vem, a Befana
Vem dos montes na noite profunda
Neve e gelo a circundam
Neve e gelo e tramontana!
Vem, vem, a Befana)
Já conhecia essa tradição da Festa della Befana?
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