O Renascimento italiano definiu padrões estéticos e técnicos que ecoaram por séculos, até os dias de hoje, e a arte contemporânea italiana desafia esses paradigmas, redefinindo constantemente as fronteiras da expressão artística. Hoje poderemos explorar um pouco desse mundo tão cheio de significados. E quando falamos de arte, neste caso, não nos limitaremos a falar apenas da arte da pintura. Veremos como a interação entre a arte contemporânea italiana e a tradição clássica do Renascimento revela um diálogo fascinante que ultrapassa as fronteiras da Itália, e também os limites do estilo e das épocas.
A arte moderna contemporânea
É interessante começarmos pensando que a ideia do termo “arte contemporânea” é absolutamente relativa. Imagine quem pôde andar pelas ruas de Firenze e avistar Michelangelo atravessando a rua. Essa pessoa que pôde viver ao mesmo tempo que os grandes pintores renascentistas não olhava para aquelas artes como artes necessariamente “clássicas” ou “renascentistas”, eram artes de seu próprio tempo, ou poderíamos dizer “artes contemporâneas“. Os mestres se tornam inquestionavelmente clássicos conforme o tempo passa e as gerações seguintes olham e revisitam as obras com o conhecimento de um outro tempo, futuro.
Nesse sentido, é muito importante compreendermos que as influências de cada período só são entendidas e medidas de acordo com a durabilidade da presença de determinadas criações. Por outro lado, o mundo moderno, globalizado, apresentou uma nova possibilidade de disseminação internacional: as artes hoje viajam o mundo numa velocidade impensável no tempo do Renascimento. O que é produzido hoje na Itália já pode ser visto em qualquer parte do mundo em questão de minutos, e assim as influências e as inspirações também ganharam novo poder e mais intensidade.
Influências duradouras
A rica tradição artística da Itália não se limita aos mestres renascentistas, mas continua a prosperar no cenário contemporâneo, contribuindo de maneiras inovadoras e emocionantes para a cena global da arte. Neste contexto, exploraremos a influência da arte contemporânea italiana, destacando três artistas que desempenham papéis cruciais na moldagem dessa narrativa contemporânea.
A influência do Renascimento é evidente em muitos artistas contemporâneos italianos, que, embora estejam conscientes da rica herança artística do passado, optam por subverter e reinterpretar essas tradições.
Um dos artistas que se destacam na vanguarda da cena artística italiana é Maurizio Cattelan, nascido em 1960, em Pádua. Ele se destaca por criar esculturas e espaços, gerando uma ideia de cenário. Assim como a pintura, a arte de Maurizio Cattelanpermite uma avaliação da cena e dos sentidos que se complementam quando observamos cada elemento e analisamos a maneira como eles criam uma história.
Essas criações são provocativas e muitas vezes satíricas, assim Cattelan desafia as convenções artísticas tradicionais, provocando há décadas uma reflexão crítica sobre temas sociais e religiosos, lembrando-nos da habilidade renascentista de questionar e desafiar as normas estabelecidas.
Seu trabalho transcende as fronteiras da escultura e da performance, oferecendo uma crítica afiada à sociedade contemporânea. Uma de suas obras mais emblemáticas, “La Nona Ora” (A Nona Hora), apresenta uma escultura de cera do Papa João Paulo II atingido por um meteorito; estão aí temas de poder, religião e mortalidade de maneira provocativa e única.
Essa capacidade de Cattelan de criar obras que provocam reflexões profundas, enquanto desafiam as expectativas estéticas, não é a única razão de ele estar no epicentro da influência artística italiana. Outro bom exemplo de sua arte demonstra sua sensibilidade para questões do cotidiano. É uma das figuras de sua exposição chamada Breath Ghosts Blind: uma escultura em mármore Carrara que representa um homem e um cachorro, deitados um de frente para o outro. O espaço em torno não recebeu decorações, foi deixado completamente escuro, com uma única luz que ilumina as duas figuras. Podemos ver assim, por exemplo, a intimidade e a união e chegar a uma sensação de que a existência de uma é essencial para a existência da outra.
Outro nome que destacamos é Francesco Clemente, nascido em 1952, em Nápoles. Com sua fusão única de estilos, dialoga diretamente com o ecletismo renascentista, que também combinava influências diversas.
Sua criação artística é uma mescla ousada que reflete uma exploração da identidade, da espiritualidade e das culturas, no plural mesmo, porque Francesco Clemente desafia categorizações convencionais, fundindo elementos do Oriente e do Ocidente. Suas obras são figurativas e simbólicas e revelam uma visão singular que transcende as fronteiras culturais, destacando-se como uma expressão inovadora na cena artística global, não apenas na Itália.
Para finalizar nossa seleção, escolhemos Giuseppe Penone, um nome de grande influência. Ao esculpir árvores para revelar camadas internas, ele evoca a ênfase renascentista na observação detalhada da natureza. Ele nasceu em Garessio, em 1947 e vive em Turim, na Itália. É um escultor de renome internacional, conhecido por suas esculturas especialmente originais: são feitas em grande escala, com árvores, e revelam muito de um pensamento crítico sobre a ligação entre o homem e o mundo natural, dialogando bastante com os movimentos que buscam chamar atenção para as consequências das mudanças climáticas.
Seus primeiros trabalhos são frequentemente associados ao movimento “Arte povera”, que data da segunda metade dos anos 1960, quando dava-se ênfase à ideia de um trabalho artístico cujo processo poderia ganhar muito com o uso de materiais e elementos não convencionais no campo da arte. Em 2014, Penone recebeu o prestigioso prêmio Praemium Imperiale. É possível conhecer de perto a obra de Penone aqui no Brasil, em Inhotim, Minas Gerais.
Em obras como “Albero” (Árvore), ele esculpe árvores para revelar os anéis de crescimento internos, enfatizando a conexão intrínseca entre a natureza e a experiência humana. Sua arte traz uma perspectiva única para a cena artística contemporânea, desafiando os espectadores a reconsiderar sua relação com o mundo natural em um contexto cada vez mais tecnológico.
Podemos começar a ver como a arte contemporânea italiana não é uma ruptura, mas uma conversa dinâmica com o Renascimento, demonstrando que, mesmo em meio à inovação e experimentação, a influência duradoura da tradição clássica continua a inspirar e moldar a expressão artística contemporânea.
Em conjunto, Cattelan, Clemente e Penone exemplificam a diversidade e a profundidade da arte contemporânea italiana. Suas obras desafiam as tradições, exploram novas fronteiras conceituais e, ao fazê-lo, enriquecem a paisagem artística global. Ao olharmos para além dos estereótipos e clichês associados à arte italiana, encontramos uma narrativa artística vibrante e em constante evolução, que continua a moldar e inspirar o cenário artístico contemporâneo em todo o mundo.
Continue de olho nas nossas homenagens à herança cultural que construiu a Itália aqui no blog e confira nossas outras publicações nas redes sociais da ITALICA no instagram e no YouTube, onde fazemos lives especiais semanalmente!
E quer aprender italiano e saber mais sobre a cultura e as características históricas únicas do Bel Paese? Inscreva-se na nossa lista de espera e no nosso newsletter!
A Toscana, uma região encantadora no coração da Itália, é um cenário idílico onde a língua italiana se torna mais do que palavras; ela se entrelaça com a cultura, a história e a beleza deslumbrante do Val d’Orcia. Para aqueles que estão imersos no estudo do italiano, uma jornada por essa paisagem de colinas suaves e vilarejos medievais (muitas vezes comparados a paisagens de contos de fadas) não é apenas uma viagem, mas uma oportunidade única de aprendizado e descoberta.
Val d’Orcia
O Val d’Orcia é uma região que abrange uma paisagem belíssima de colinas ondulantes, vales exuberantes e vilarejos pitorescos. Reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO desde 2004, é uma área sempre lembrada por sua beleza cênica e suas características paisagens rurais que exemplificam uma tão sonhada harmonia entre os humanos e a natureza. Mas outra lição que o Val d’Orcia pode oferecer é o encontro com a língua viva, que ressoa nas conversas dos habitantes locais. Ao percorrer as ruas de Pienza, por exemplo, um tesouro do Renascimento italiano, onde o ar está impregnado com o aroma de queijo pecorino, com vistas espetaculares que se desdobram diante dos olhos a cada curva, as palavras italianas ganham vida. Em regiões como essa, a prática do idioma pode ocorrer mais naturalmente, enquanto se interage com os comerciantes locais, sem a pressa das metrópoles, tendo tempo e espaço para pedir conselhos sobre os melhores sabores ou para aprender mais sobre as tradições artísticas preservadas nas lojas de artesanato.
A imersão na língua italiana pode continuar nos vinhedos exuberantes que pontilham as colinas do Val d’Orcia. Em Montalcino, a terra do prestigiado Brunello di Montalcino, os amantes do italiano podem participar de degustações de vinho, não apenas apreciando os sabores robustos da região, mas também mergulhando nas nuances da língua enquanto discutem as características da colheita com os produtores locais. Aprender italiano no Val d’Orcia pode ser, portanto, uma experiência sensorial.
Aproveite para assistir à viagem do Prof. Darius degustando vinhos ao lado da Profa. Paola Baccin no Vêneto! Clique aqui para viajar com a gente!
Paisagens dos sonhos
A região do Val d’Orcia, com suas colinas suaves, fileiras de ciprestes e vilarejos medievais, tem sido também uma fonte de inspiração para artistas, escritores e fotógrafos ao longo dos séculos.
A história que permeia cada rua de Montepulciano ou cada muralha de San Quirico d’Orcia é outra lição valiosa para quem busca compreender a riqueza cultural da Itália. Os monumentos medievais, igrejas antigas e praças vibrantes são testemunhas silenciosas de séculos de história, e a língua italiana torna-se uma ponte para desvendar essas narrativas. Guias locais compartilham histórias fascinantes em italiano, transformando as ruínas em crônicas vivas e proporcionando uma experiência de aprendizado que vai além das páginas dos livros.
A beleza do Val d’Orcia não se limita apenas aos olhos; é um convite para explorar o idioma italiano com todos os sentidos. É como se fosse possível transformar cada passeio em aulas ao ar livre, sob a sombra de antigas oliveiras, ou caminhando pelas ruelas de cada comune, que proporcionam um ambiente de aprendizado incomparável. A vibração da língua surge naturalmente em meio às paisagens pitorescas e nos pequenos estabelecimentos, onde cada palavra é complementada pela brisa suave e pelos aromas envolventes do que se descobre pelo caminho.
Viajar pelo Val d’Orcia é, portanto, mais do que uma jornada turística; é uma aula prática de italiano que se desenrola nas ruelas de pedra e nos vinhedos banhados pelo sol. À medida que as palavras se tornam diálogos, e os diálogos se entrelaçam com a rica cultura toscana, o aprendizado do italiano transcende a sala de aula tradicional, transformando-se em uma experiência imersiva que perdura na memória e no coração.
Aprender italiano com a ITALICA pode ser assim, à distância ou em solo do Bel Paese, levando na bagagem o conhecimento que apresentamos em cada conteúdo.
Quer aprender italiano e saber mais sobre a cultura e as características históricas únicas do Bel Paese? Aproveite para se inscrever no nossoProjeto Italiano 2024!
Você sabia que foi o escultor Bernini o responsável pelo projeto arquitetônico da Praça de São Pedro no Vaticano? Vamos voltar um pouco no tempo e traçar um início.
A história da arquitetura está entrelaçada com o legado artístico e inovador da Itália, um país que, desde os tempos do Império, serviu como epicentro para muitos movimentos e estilos arquitetônicos ao longo dos séculos. Nesse contexto riquíssimo, é impossível não destacarmos a figura de Gian Lorenzo Bernini, um dos mais notáveis arquitetos e escultores do período barroco, cujo trabalho continua a exercer uma influência monumental na paisagem arquitetônica global.
Gian Lorenzo Bernini
O Barroco, um movimento artístico que floresceu nos séculos XVII e XVIII, foi marcado por uma estética teatral, ornamentação extravagante e uma ênfase nas emoções. Nesse cenário, Bernini emergiu como um líder incontestável, contribuindo não apenas para a escultura, mas também para a arquitetura com uma visão unificadora que transcendia os limites tradicionais dessas disciplinas.
Piazza San Pietro
As contribuições arquitetônicas de Bernini são imortalizadas em obras como a Praça de São Pedro, no Vaticano. Seu design grandioso, com uma colunata que abraça os visitantes, não apenas cria uma sensação de boas-vindas, mas também incorpora simbolismos religiosos, revelando uma profunda compreensão da interação entre o espaço físico e as pessoas. A Praça de São Pedro é um testemunho da maestria de Bernini em unir elementos arquitetônicos e artísticos para criar experiências transcendentais.
Igreja de Santa Maria della Vittoria
Outra realização arquitetônica notável de Bernini é a composição da Capela Cornaro, na Igreja de Santa Maria della Vittoria, em Roma, onde Bernini colocou uma de suas esculturas mais conhecidas, L’Estasi di Santa Teresa d’Avila.
“O Êxtase de Santa Teresa” é a peça central neste espaço sagrado, onde Bernini transcendeu as limitações físicas, dando vida à escultura e à arquitetura de maneira harmoniosa. É uma obra-prima que combina a escultura, a iluminação vinda de cima, por uma claraboia, e portanto a arquitetura para evocar uma experiência única. Bernini não apenas desenha o espaço, mas manipula a luz e a forma física da matéria para guiar as emoções dos espectadores, transformando a capela em um teatro celestial.
A influência de Bernini estende-se para além das fronteiras italianas. O arquiteto desempenhou um papel significativo na formação do estilo barroco que se espalhou por toda a Europa e além. Seu conceito de fusão entre escultura e arquitetura influenciou gerações subsequentes de arquitetos, moldando a maneira como o espaço é percebido e experimentado. Os princípios inovadores de Bernini também deixaram uma marca indelével em arquitetos contemporâneos, que continuam a encontrar inspiração em sua abordagem integrada.
No entanto, o legado de Bernini vai além de suas realizações físicas. Seu trabalho influenciou a própria natureza da prática arquitetônica, destacando a importância da narrativa e da emoção na concepção de espaços. A busca incessante por uma fusão entre o divino e o humano permeia sua obra, revelando uma compreensão única da arquitetura como meio de comunicação espiritual.
São feitos monumentais que não apenas adornam as paisagens urbanas, mas também moldam a própria essência da disciplina. A genialidade de Bernini ressoa através do tempo, demonstração duradoura da capacidade humana de transcender as limitações físicas e dar forma à matéria bruta dos edifícios e à matéria metafísica da fé e das narrativas que perduram há milênios.
Continue de olho nas nossas homenagens a outras personalidades italianas, e à herança cultural italiana como um todo, aqui no blog e também em publicações nas redes sociais da ITALICA, no instagram e no YouTube, onde fazemos lives especiais semanalmente!
E quer aprender italiano e saber mais sobre a cultura e as características históricas únicas do Bel Paese? Inscreva-se na nossa lista de espera e no nosso newsletter!
Hoje, dia 21 de fevereiro, comemoramos aqui no Brasil o Dia Nacional do Imigrante Italiano. E, neste ano de 2024, é uma data ainda mais especial, pois alcançamos a marca de 150 anos desde o acontecimento mais determinante para a existência de muitos de nós: o início da imigração em massa de italianos para o Brasil.
Sogni italiani: 150 anos desde a primeira chegada!
Entre os dias 17 e 21 de fevereiro de 1874, desembarcaram no porto de Vitória, Espírito Santo, os primeiros 388 imigrantes italianos. Eram camponeses que chegavam com a promessa de trabalharem na fazenda “Monte das Palmas”, em Santa Cruz.
A embarcação, chamada “La Sofia”, havia saído de Gênova e fora encomendada por Pietro Tabacchi, italiano oriundo de Trento, que já se encontrava no Espírito Santo desde o início da década de 1850.
Mas… por que tantos partiram de uma só vez da Itália? Eles buscavam uma vida mais digna. Naquela época, a Itália recém-unificada passava por grandes desafios: fome, falta de emprego, falta de assistência sanitária. A Itália ainda não era o país que conhecemos hoje!
A história da imigração italiana registrada pelos olhos da Itália
Em 2002 foi lançado um canal de TV na Itália como extensão da emissora RAI, chamado Rai Storia, em transmissão apenas em solo italiano. É um canal de propriedade da Rai Cultura, que já produziu conteúdos riquíssimos, com registros históricos raros. Um desses conteúdos é um documentário que por muito tempo esteve pouco acessível aqui no Brasil, até ser disponibilizado no YouTube. Aproveite para assistir aos registros da imigração pelos olhos dos italianos!
Desembarcar e garantir um futuro não foi nada fácil… apesar das promessas, o cenário encontrado era também desolador: há registros que contam sobre terras muito despreparadas e uma situação caótica nos alojamentos, com pouco espaço e higiene precária.
Para piorar, o empreendimento de Pietro Tabacchi não prosperou, e os imigrantes tiveram de buscar outras soluções para conseguirem sobreviver.
Nos desafios da sobrevivência diária, milhares de italianos adiaram a realização dos seus sonhos para as gerações seguintes, com a fé de que um dia, talvez, seus descendentes pudessem ver nesta nova terra um lar.
Seja você descendente ou não, conhecer as dificuldades daqueles homens e mulheres e sua luta por uma vida digna é fundamental para entender o próprio Brasil! Eles desempenharam um papel fundamental no desenvolvimento do nosso país, e a data de hoje é uma forma de honrarmos e celebrarmos esse legado.
Você é descendente de italianos ou simplesmente ama essa cultura que também faz parte dessa linda mistura que é o Brasil? Independente da resposta, por aqui você encontrará muito conteúdo para conhecer cada vez mais sobre a cultura e a língua italianas!
Siga a ITALICA para acessar essa herança italiana coletiva: aqui no blog e também em publicações nas redes sociais, no instagram e no YouTube, onde fazemos lives especiais semanalmente!
E quer aprender italiano e saber mais sobre a cultura e as características históricas únicas do Bel Paese? Inscreva-se na nossa lista de espera e no nosso newsletter!
Agora aproveite para explorar mais detalhes escutando ao Prof. Darius, num vídeo muito especial sobre a imigração italiana preparado em nosso canal no YouTube:
Buona visione!
Espírito Santo: 150 anos depois!
Para comemorar esse marco tão especial, o governo do estado do Espírito Santo lançou o Calendário dos 150 anos da Imigração Italiana, em cerimônia realizada na Casa do Turismo Capixaba, em Vitória.
Foi dado o nome de “Calendário de Eventos da Cultura Italiana”, que traz diversas ações que serão realizadas ao longo de todo o ano de 2024, comemorando de maneira acessível para todos que puderem comparecer. As atividades envolvem música, religiosidade, comidas típicas, dança, artes visuais e um encontro proposto entre lideranças.
Isso tudo ocorrerá em diferentes municípios do Espírito Santo, com o objetivo de valorizar as práticas culturais dos italianos e de seus milhares de descendentes no Estado e ao redor do Brasil.
A preservação dos centros históricos enfrenta novos desafios no cenário contemporâneo, com a ascensão dos aluguéis de curto prazo, amplificados por plataformas como o Airbnb. Enquanto esses serviços oferecem aos visitantes uma experiência mais autêntica, o impacto nos imóveis históricos é motivo de crescente preocupação.
A principal questão reside na transformação dos lares históricos em acomodações turísticas, muitas vezes gerando aumento nos preços dos aluguéis e alterando a dinâmica social. A demanda por acomodações temporárias impulsiona a conversão de residências locais em opções de hospedagem, ameaçando a integridade arquitetônica e cultural dos centros históricos.
Grande oferta de aluguéis de curto prazo
Muitas cidades ao redor do mundo vêem no Airbnb e em serviços similares uma razão para explicar o fenômeno de esvaziamento populacional dos centros históricos, cada vez mais tomados por uma variação constante de pessoas, o que altera drasticamente as rotinas internas dos prédios. E o principal problema é que, com uma oferta irrestrita de imóveis para aluguéis breves, os proprietários conseguem um lucro maior e desejam cada vez menos fechar contratos de longa duração. Por consequência, os aluguéis de longa duração também ficam mais caros e as pessoas acabam se afastando em busca de regiões com valores mais acessíveis.
Para enfrentar esse desafio, algumas cidades estão implementando regulamentações mais rigorosas. Firenze (Florença), por exemplo, nada menos do que o berço do Renascimento, encontra-se no epicentro da batalha entre o turismo moderno e a preservação de seu patrimônio histórico. Recentemente, em junho de 2023, a prefeitura de Florença, através do prefeito Dario Nardella, anunciou que iria proibir a utilização de imóveis residências do centro histórico da cidade para aluguéis breves de serviços como o Airbnb, buscando proteger sua rica herança cultural e também o acesso a aluguéis de longa duração.
A missão é incentivar à recolocação de moradias fixas no centro histórico, que, com o passar do tempo, tem sofrido com um “êxodo” de moradores – uma saída que, agora, segundo o prefeito, poderá ser revertida com o fornecimento de incentivos fiscais para proprietários que queiram voltar atrás.
O prefeito Dario Nardella falou sobre a proibição:
“Questa iniziativa non è una panacea ma è un passo concreto […] proviamo a fare breccia in questa situazione di inerzia nel Paese. L’articolo 9 stabilisce che la Repubblica deve tutelare il patrimonio storico e artistico della Nazione. E i centri storici non lo sono? L’unica cosa che non vogliamo permetterci è stare a guardare. Non ci hanno votato per questo.”
E essa é uma medida que está em uníssono com um projeto nacional, em que o governo italiano prometeu implementar um pacote de ações de coibição de aluguéis breves.
Tudo isso visa equilibrar as necessidades dos turistas com a preservação das comunidades locais, assegurando que os centros históricos continuem sendo locais habitáveis e autênticos.
Ao proteger seus edifícios centenários, Florença pretende preservar não apenas uma paisagem urbana única, mas também a qualidade de vida de seus residentes. Essa ação, apesar de controversa, destaca a importância de abordagens proativas para proteger o legado cultural enquanto enfrenta os desafios do turismo moderno.
Assim, cada vez mais, promover um turismo mais sustentável e consciente torna-se uma prioridade. Incentivar a diversificação de opções de hospedagem, como hotéis ou pousadas gerenciadas localmente, pode reduzir a pressão sobre os imóveis históricos. E a organização de parcerias entre governos locais, com projetos nacionais, é essencial para desenvolver políticas que conciliem o turismo com a preservação do patrimônio.
Essa preservação dos centros históricos requer uma abordagem equilibrada, considerando tanto as necessidades dos turistas quanto a proteção dos valores culturais e arquitetônicos. A busca por soluções inovadoras e sustentáveis é vital para garantir que essas áreas preciosas continuem a ser pontos de encontro seguros e acessíveis, beneficiando tanto os habitantes locais quanto os visitantes.
Florença pode mais uma vez, tal como no Renascimento, servir como exemplo eloquente de como as cidades históricas devem avançar em direção a um novo tempo, com um equilíbrio sustentável entre valores locais, turismo e preservação histórica.
Agora clique aqui e aproveite para acompanhar o Prof. Darius pelas ruas de Firenze, conhecendo os caminhos únicos que essa cidade oferece aos turistas e aos moradores:
Continue de olho nas nossas homenagens à herança cultural italiana aqui no blog e também em publicações nas redes sociais da ITALICA, no instagram e no YouTube, onde fazemos lives especiais semanalmente!
E quer aprender italiano e saber mais sobre a cultura e as características históricas únicas do Bel Paese? Inscreva-se na nossa lista de espera e no nosso newsletter!