Regiões vinícolas da Itália: descubra os sabores de cada território

Regiões vinícolas da Itália: descubra os sabores de cada território

A Itália é sinônimo de vinhos de qualidade, com uma tradição vitivinícola que remonta a milhares de anos. Como um dos maiores produtores de vinho do mundo, o país oferece uma incrível diversidade de regiões vinícolas, cada uma com suas uvas nativas, técnicas de produção e características exclusivas. Neste artigo, exploramos as principais regiões vinícolas da Itália, destacando os vinhos que fazem de cada uma delas um destino imperdível para os amantes dessa bebida.

1. Piemonte

Localizada no norte da Itália, a região do Piemonte é famosa por produzir alguns dos vinhos mais prestigiados do mundo, como:

  • Barolo e Barbaresco: Feitos a partir da uva Nebbiolo, esses vinhos são conhecidos por sua estrutura complexa, taninos marcantes e notas de frutas vermelhas, trufas e especiarias.

  • Moscato d’Asti: Um vinho doce e leve, perfeito para acompanhar sobremesas.

O Piemonte também é um excelente destino para quem deseja explorar vinícolas familiares e paisagens encantadoras de colinas.

2. Toscana

A Toscana é uma das regiões mais icônicas da Itália quando se trata de vinhos. Destaca-se por:

  • Chianti: Produzido principalmente com a uva Sangiovese, é um vinho versátil que combina bem com a culinária local.

  • Brunello di Montalcino: Um dos vinhos mais valorizados da região, também feito de Sangiovese, mas com maior potencial de envelhecimento.

  • Super Toscanos: Vinhos modernos que misturam uvas tradicionais italianas com variedades internacionais como Cabernet Sauvignon e Merlot.

Além dos vinhos, a Toscana é famosa por suas cidades históricas, como Florença e Siena, e suas paisagens de tirar o fôlego.

3. Veneto

No nordeste da Itália, o Veneto é uma das regiões vinícolas mais produtivas do país. Entre os destaques estão:

  • Prosecco: Um espumante refrescante e elegante, perfeito para celebrações.

  • Amarone della Valpolicella: Um vinho encorpado e rico, produzido a partir de uvas secas.

  • Soave: Um vinho branco seco e aromático, ideal para acompanhar peixes e frutos do mar.

O Veneto também é lar de Veneza, uma cidade que combina arte, história e romantismo com a cultura do vinho.

4. Sicília

A ilha da Sicília está se destacando cada vez mais no cenário vitivinícola, com vinhos que refletem seu terroir único. Os mais famosos incluem:

  • Nero d’Avola: Um vinho tinto robusto com notas de frutas negras e especiarias.

  • Etna Rosso: Produzido nas encostas do vulcão Etna, este vinho é elegante e mineral.

  • Marsala: Um vinho fortificado tradicionalmente usado na culinária, mas que também pode ser apreciado sozinho.

Com sua rica história e paisagens deslumbrantes, a Sicília é um destino imperdível para os enófilos.

5. Puglia

Conhecida como o “calcanhar da bota” italiana, a Puglia é uma região famosa por seus vinhos encorpados e acessíveis. Entre os destaques estão:

  • Primitivo: Um vinho tinto rico e frutado, parente próximo do Zinfandel.

  • Negroamaro: Um tinto que combina intensidade com notas herbáceas e de frutas vermelhas.

  • Rosés de Salento: Refrescantes e perfeitos para os dias quentes do verão mediterrâneo.

6. Emilia-Romagna

A Emilia-Romagna é uma região que combina uma culinária excepcional com vinhos que complementam seus pratos típicos. Entre eles:

  • Lambrusco: Um vinho frisante, disponível em versões secas e doces, ideal para acompanhar embutidos e queijos locais.

  • Albana di Romagna: Um vinho branco aromático, que pode ser seco ou doce.

A região é também conhecida por cidades históricas como Bolonha e Parma, que enriquecem a experiência enogastronômica.

7. Campânia

Localizada no sul da Itália, a Campânia oferece vinhos que são verdadeiros tesouros para os conhecedores. Alguns dos mais famosos incluem:

  • Taurasi: Um tinto encorpado e elegante, feito da uva Aglianico.

  • Fiano di Avellino: Um branco fresco e mineral, perfeito para pratos de frutos do mar.

  • Greco di Tufo: Outro vinho branco de destaque, com notas de frutas e ervas.

Por que explorar as regiões vinícolas da Itália?

Cada região vinícola da Itália oferece uma combinação única de terroir, tradição e inovação. Explorar essas regiões não é apenas uma oportunidade de degustar vinhos excepcionais, mas também de descobrir a rica história, cultura e paisagens que fazem da Itália um destino tão especial.

vinicolas da italia ao entardecer

As regiões vinícolas da Itália são um convite à exploração sensorial e cultural. Do Piemonte à Sicília, cada taça de vinho conta uma história única e reflete a paixão dos italianos pela vitivinicultura. Planeje sua próxima viagem ou escolha um vinho italiano para trazer um pedacinho da Itália para sua mesa. Seja qual for a escolha, a experiência certamente será inesquecível.

O que a Nutella tem a ver com o Carnaval?!

O que a Nutella tem a ver com o Carnaval?!

A Nutella, um dos cremes de avelã mais amados do mundo, tem uma história fascinante que remonta a tempos de escassez e criatividade na Itália. O produto, que hoje é sinônimo de indulgência e sabor, nasceu da necessidade de encontrar alternativas ao chocolate, que era raro e caro após a Segunda Guerra Mundial. Mas você sabia que a Nutella também tem uma conexão especial com o carnaval italiano? Vamos explorar essa história cheia de cultura, inovação e, claro, muito sabor!

A origem: Giandujot, o antepassado da Nutella

Para entender como a Nutella surgiu, precisamos voltar ao Piemonte, uma região do norte da Itália famosa por suas avelãs de altíssima qualidade. Durante o Bloqueio Continental imposto por Napoleão em 1806, o cacau se tornou um ingrediente escasso e valioso. Para contornar esse problema, os confeiteiros piemonteses começaram a misturar avelãs moídas ao chocolate, criando uma pasta doce chamada Gianduja. Essa inovação não apenas permitiu que o chocolate rendesse mais, mas também trouxe um sabor único, que se tornaria a base da Nutella no futuro.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1946, a Itália enfrentava mais uma vez a escassez de cacau. Foi então que a confeitaria de Michele Ferrero retomou a ideia da Gianduja e criou o “Giandujot”, uma pasta doce à base de avelãs e chocolate, moldada em blocos que podiam ser fatiados e passados no pão.

A ligação com o Carnaval

O nome “Giandujot” não foi escolhido ao acaso. Ele homenageia Gianduja, um dos personagens típicos do carnaval piemontês. Gianduja faz parte da commedia dell’arte italiana e representa o espírito festivo da região. Seu nome vem do dialeto piemontês “Gioann dla Doja”, que significa algo como “João do Jarro”, uma referência a um bebedor alegre e festivo. Hoje, Gianduja é considerado o “rei do Carnaval” em Turim, reforçando a conexão entre essa tradição e o doce que daria origem à Nutella.

A evolução: de Giandujot a Nutella

A inovação não parou por aí. Em 1951, a receita foi aprimorada para uma versão mais cremosa e fácil de espalhar, chamada “SuperCrema”. Essa mudança fez com que o produto se tornasse ainda mais popular, pois facilitava o consumo no café da manhã e nos lanches diários.

Foi somente em 1964 que a Nutella recebeu seu nome definitivo. Michele Ferrero refinou ainda mais a fórmula e lançou oficialmente o primeiro pote de Nutella. O nome foi escolhido para ressaltar a presença das avelãs (“nut”, em inglês) e seu caráter cremoso e irresistível. Campanhas publicitárias da época enfatizavam como a Nutella tornava as manhãs mais felizes, com slogans como “Il lavoro rende, e la fatica non pesa, con Nutella al mattino!” (“O trabalho rende e o esforço não pesa, com Nutella pela manhã!”).

Francesco Rivella: o mestre por trás do sabor icônico

Um dos grandes responsáveis pelo sabor inconfundível da Nutella foi Francesco Rivella. Nascido em Barbaresco, Piemonte, Rivella estudou química na Universidade de Turim e, em 1952, foi contratado pela Ferrero. Durante 40 anos, ele trabalhou no desenvolvimento e aprimoramento da Nutella e de outros produtos icônicos da marca.

Rivella e Michele Ferrero viajavam pelo mundo em busca de inspiração para novos doces. No entanto, foi a riqueza gastronômica da própria terra natal que inspirou as maiores inovações da Ferrero. A paixão pela perfeição e pela qualidade levou à criação da Nutella como conhecemos hoje, um creme de avelã irresistível que conquistou o mundo.

A Nutella conquista o mundo

Com sua textura cremosa e sabor inigualável, a Nutella rapidamente ultrapassou as fronteiras italianas e se tornou um fenômeno global. Comerciais de TV ajudaram a popularizar o produto, e logo ele estava presente nos lares de milhões de pessoas ao redor do mundo.

A consagração definitiva veio em 2007, quando a blogueira ítalo-americana Sara Rosso criou o “Dia Mundial da Nutella”. Desde então, todo dia 5 de fevereiro, fãs do creme de avelã celebram essa delícia compartilhando receitas, fotos e histórias nas redes sociais.

Nutella e cultura italiana: um legado duradouro

Mais do que um simples creme de avelã, a Nutella se tornou um símbolo da cultura italiana, representando a criatividade e a paixão dos italianos pela gastronomia. Seu sucesso global prova que, mesmo em tempos difíceis, a inovação e a tradição podem andar de mãos dadas para criar algo verdadeiramente extraordinário.

Hoje, ao saborear uma colherada de Nutella, você também está provando um pouco da história da Itália, com suas tradições, seu carnaval e sua capacidade única de transformar desafios em oportunidades deliciosas.

E você, já conhecia essa história? Gosta de Nutella? Conte pra gente nos comentários e siga a ITALICA para mais conteúdos sobre a cultura e a língua italianas!

5 bebidas italianas famosas no mundo todo: saiba quais são

5 bebidas italianas famosas no mundo todo: saiba quais são

A Itália é mundialmente conhecida por sua gastronomia, e suas bebidas não ficam para trás. Além dos vinhos renomados, o país é o berço de algumas das bebidas mais icônicas e apreciadas em todo o mundo. Vamos conhecer as cinco mais famosas:

1. Aperol Spritz

O Aperol Spritz é um dos coquetéis mais populares da Itália, especialmente no norte. Ele combina Aperol, prosecco e um toque de água com gás, servidos sobre gelo e decorados com uma fatia de laranja. Criado em 1919 em Pádua, o Aperol Spritz ganhou fama global devido ao seu sabor refrescante e levemente amargo. É a escolha perfeita para um aperitivo.

Receita:

  • 3 partes de prosecco
  • 2 partes de Aperol
  • 1 parte de água com gás
  • Gelo e fatia de laranja para decorar

2. Limoncello

O Limoncello é um licor tradicional do sul da Itália, especialmente popular na região da Costa Amalfitana. Feito à base de limões, seu sabor doce e cítrico é perfeito como digestivo após as refeições. A origem do Limoncello é atribuída a pequenas cidades costeiras como Sorrento e Capri, onde os limões gigantes e aromáticos são cultivados.

Receita:

  • Cascas de limão siciliano
  • Álcool puro
  • Água e açúcar

3. Negroni

O Negroni é um coquetel clássico italiano, conhecido por seu sabor forte e amargo. Ele é composto por gin, Campari e vermute, partes iguais, e normalmente servido com gelo e uma fatia de laranja. A origem do Negroni remonta à Florença, em 1919, quando o conde Camillo Negroni pediu para adicionar gin ao seu Americano, criando assim o icônico coquetel.

Receita:

  • 1 parte de gin
  • 1 parte de Campari
  • 1 parte de vermute rosso
  • Gelo e uma fatia de laranja

4. Campari

O Campari é um dos licores mais famosos da Itália, conhecido por seu sabor amargo e cor vermelha vibrante. Criado em 1860 por Gaspare Campari em Milão, ele é amplamente utilizado em coquetéis, como o Americano e o Negroni. O Campari pode ser apreciado puro ou com gelo, e é um clássico aperitivo nos bares italianos.

Receita:

  • Campari puro ou com gelo
  • Pode ser diluído com água com gás ou utilizado em coquetéis

5. Espresso

Embora não seja uma bebida alcoólica, o Espresso é uma das bebidas italianas mais consumidas e reconhecidas no mundo. O café espresso é parte integral da cultura italiana, apreciado em pequenos goles em qualquer hora do dia. O segredo de um bom espresso está na qualidade dos grãos e no método de preparo, que resulta em um café forte e encorpado.

Receita:

  • Grãos de café de alta qualidade
  • Máquina de espresso

Além Dessas: Vinhos e Vinícolas Italianas

Não podemos falar de bebidas italianas sem mencionar os vinhos. A Itália é um dos maiores produtores de vinho do mundo, com regiões vinícolas renomadas como Toscana, Piemonte e Vêneto. Além de serem apreciados localmente, os vinhos italianos são exportados para todo o mundo, fazendo da Itália um destino de destaque para o enoturismo. Vinhos como o Chianti, Barolo e Prosecco são apenas alguns exemplos da rica diversidade enológica do país.

Seja para explorar os vinhedos ou degustar os melhores rótulos, o turismo enológico na Itália é uma experiência imperdível para amantes de vinho e cultura.

As bebidas italianas são um reflexo da rica cultura e tradição do país. Seja um refrescante Aperol Spritz, um digestivo Limoncello ou um autêntico espresso, essas bebidas são apreciadas globalmente e fazem parte da identidade italiana. E claro, não podemos esquecer dos vinhos, que são uma parte essencial da gastronomia e turismo da Itália. Para quem ama a cultura italiana, explorar suas bebidas é uma deliciosa jornada de descoberta.

Confetti: a origem e o preparo milenar das amêndoas açucaradas

Confetti: a origem e o preparo milenar das amêndoas açucaradas

Confetti colorido

A amêndoa açucarada, tão presente nas tradições italianas, como em casamentos, é uma sobremesa de origens muito antigas. Seu nome deriva do latim “confectum”, que é o passado de “conficere”, que significa preparar, embalar. Trata-se de um preparo elaborado de amêndoas – a mais conhecida e apreciada é a “pizzuta d’Avola” – coberta de açúcar. Já na Idade Média este termo “confectum” referia-se a compotas ou frutos secos cobertos de mel.

A origem do Confetti

Originalmente, a amêndoa era embrulhada numa mistura sólida de mel e farinha. E podemos encontrar vestígios históricos a este respeito nos escritos relativos à família dos Fábios, os Fabii (447 a.C.), e nos escritos do gastrônomo Apício, Marcus Gavius Apicius (século I d.C.), amigo do imperador Tibério.

O doce moderno, porém, é muito mais recente e deve seu nascimento à difusão do açúcar quando começou a ser importado das Índias Ocidentais. Foi a partir desse momento que se estabeleceu a receita transmitida até aos dias de hoje.

As primeiras imagens de confetes modernos datam da Idade Média e encontram-se na capela de Teodelinda da Catedral de Monza, onde aparecem pela primeira vez no afresco “Banquete de Casamento de Teodelinda” do século XIV.

Afresco Fratelli Zavattari de Banchetto di Nozze
Afresco de 1444. “Fratelli Zavattari, Banchetto di nozze”, localizado na Cappella di Teodolinda, no Duomo di monza

A amêndoa açucarada é retratada por diversos artistas como sobremesa ideal para presentear convidados ilustres em ocasiões importantes. Assim aparece na literatura, por exemplo, de Boccaccio, Leopardi, Carducci, Verga, Manzoni e Goethe.

As amêndoas confeitadas têm um profundo significado simbólico. A amêndoa é uma noz dura e amarga, simbolizando os desafios e as adversidades que fazem parte da vida. No entanto, o açúcar que envolve a amêndoa representa a doçura da vida e as recompensas que vêm ao enfrentar esses desafios. A ideia de pureza da cor branca, por exemplo, é o que conduz a escolha de qual amêndoa servir em sacramentos, como comunhão e casamento; é quando então opta-se pela amêndoa açucarada de cor branca.

Confetti - Amêndoas Açucaradas

De modo geral, oferecer amêndoas confeitadas aos convidados representa o desejo do casal recém-casado de compartilhar tanto os momentos difíceis quanto os felizes da vida.

O preparo

Preparo das amêndoas
Preparo das amêndoas

As amêndoas açucaradas são produzidas em caldeiras, de cobre ou aço, chamadas “bassine” . Elas se distinguem pelo formato, que pode ser em forma de pêra ou de tambor (tamburo), e pelo tipo de rotação. Durante o processamento, a caldeira gira continuamente.

Caldeira para preparo de amêndoas

Após a fase de revestimento com açúcar, a superfície fica primeiro enrugada e irregular, só depois é iniciada a fase de alisamento e polimento. A confecção é um processo muito trabalhoso, que pode levar até dois ou três dias.

As amêndoas confeitadas são tradicionalmente oferecidas em grupos de cinco, simbolizando cinco desejos essenciais: saúde, riqueza, felicidade, fertilidade e vida longa. Cada desejo é representado por uma amêndoa, e a combinação de cinco amêndoas simboliza a esperança de uma vida plena e próspera juntos.

Cores das amêndoas

As amêndoas confeitadas também vêm em uma variedade de cores brilhantes, cada uma com seu próprio significado simbólico. O branco, por exemplo, está associado à pureza e à união do casal, enquanto o azul representa a fidelidade e o rosa simboliza o amor e a gratidão. A escolha das cores pode ser coordenada com a paleta de cores da decoração da festa de casamento, adicionando um toque de elegância e harmonia ao evento.

Confetti

Na tradição, as cores das amêndoas açucaradas acompanham a comemoração de cada marco da passagem do tempo dos casados:

  • 1 ano – Casamento de Algodão: Rosa
  • 5 anos – Casamento de Seda: Fúcsia
  • 10 anos – Casamento de Estanho: Amarelo
  • 15 anos – Casamento de Porcelana: Bege
  • 20 anos – Casamento de Cristal: Claro
  • 25 anos – Casamento de Prata: Prata
  • 30 anos – Casamento de Pérola : Mar
  • 40 anos – Bodas Esmeralda: Verde
  • 45 anos – Bodas Rubi: Vermelho
  • 50 anos – Bodas Douradas: Ouro

Embora as amêndoas confeitadas sejam mais comuns em casamentos, elas também são usadas em outras celebrações na Itália, como batizados, comunhões e aniversários. 

Curiosidades:

  • #1 O lançamento dos confetes na saída da igreja é denominado “sciarra” (do termo siciliano “litirare”, que significa algo como “briga”), já que as crianças corriam para recolher os confetes fazendo bagunça.
  • #2 Durante a cerimônia de casamento, os confetes são geralmente distribuídos pela própria noiva, que, segundo a tradição, deve retirá-los com uma grande colher de prata de um recipiente também feito de prata. E o recipiente, por sua vez, é entregue a ela pelo noivo, conforme se deslocam entre as mesas.

E você, gosta do sabor dessas amêndoas. Na próxima vez que puder, provar, lembre-se de todo o trajeto histórico que a tradição precisou seguir até chegar ao nosso paladar!

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Há 2 mil anos nascia o primeiro chef italiano da história

Há 2 mil anos nascia o primeiro chef italiano da história

Quando pensamos em culinária e em chefes de cozinha, pode ser que alguém considere que esse é um fenômeno da modernidade, intensificado nas novas gerações principalmente com o advento recente das mídias que deram fama a tantos empreendimentos.

Primeiro chef italiano

Surgimento dos chefs

Acontece que chefs são tão antigos quanto a culinária. Onde houvesse fome e alimento, haveria logo quem se destacasse como aquela pessoa mais experiente no preparo dos alimentos. Assim, nada mais natural que nas civilizações mais antigas já existissem o que hoje chamamos de chef gastronômico. Assim foi no Império Romano.

O primeiro chef da história

Marco Gávio Apício é uma figura icônica na história da culinária italiana, cujas contribuições à gastronomia romana e, por extensão, à culinária italiana, perduram até os dias atuais. Nascido em 25 a.C., Apício viveu durante os reinados dos Imperadores Augusto e Tibério, e foi um chef, gastrônomo e escritor cuja paixão pela comida e seu desejo de aperfeiçoar a culinária romana o tornaram uma figura lendária na Roma Antiga.

Marco Gávio Apício e a culinária italiana

Registros históricos

Sua obra mais notável, “De Re Coquinaria” (Sobre a Arte Culinária), é um tesouro histórico, uma das fontes mais importantes sobre a culinária romana antiga, que chegou aos dias de hoje graças a um manuscrito do século V. O livro aparenta ser uma compilação de acréscimos a partir de um texto original, atribuído a Apício.

Livro De Re Coquinaria de Apricio

O manuscrito, depois de recuperado, passou por transcrições de monges medievais, que possibilitaram a reedição do texto, para um novo alcance no mundo medieval. O livro contém uma variedade surpreendente de receitas – 490 receitas transcritas pelos monges entre o século XV e XVI – que abrangem desde pratos principais, como guisados de carne, até sobremesas elaboradas, como bolos e tortas. Cada receita é acompanhada por detalhes sobre os ingredientes necessários e instruções sobre como preparar os pratos – em alguns casos, Apício descreve inclusive dicas de como utilizar os ingredientes certos para a melhor conservação do alimento, aumentando sua durabilidade. Essas receitas foram preservadas e forneceram uma base valiosa para a compreensão da culinária romana.

As contribuições históricas de Apício à culinária italiana podem ser entendidas também pelo ponto de vista da padronização. Suas receitas consolidaram uma ideia de se qualificar uma repetição rigorosa de técnicas, tornando as receitas mais acessíveis e compreensíveis para os cozinheiros de sua época. Isso, naturalmente, contribuiu muito para o desenvolvimento da gastronomia romana.

Receitas gourmet

Além disso, era grande o seu enfoque na qualidade dos ingredientes. Apício enfatizou a importância de se avaliar bem os ingredientes que deveriam ser escolhidos para cada finalidade culinária – uma característica distintiva da culinária italiana, que muitas vezes envolve a seleção de frutos de determinadas regiões para o preparo de uma receita tradicional. Ele ajudou a promover a ideia de que a qualidade dos ingredientes seria essencial para a excelência culinária.

Seu livro de receitas incluía também uma ampla gama de pratos que refletiam a diversidade da Roma Antiga. Isso ajudou a registrar na História a influência culinária das diferentes culturas e regiões que existiam dentro do Império Romano.

E, por outro lado, além dos registros documentais, Apício demonstrou sobretudo criatividade em suas receitas, muitas vezes incorporando ingredientes exóticos e especiarias em suas preparações. Essa abordagem inovadora influenciou a cultura culinária romana e italiana.

Culinário Romana e Italiana

Influências na culinária italiana

Não é possível compreender os dias de hoje da culinária italiana apenas pelas primeiras influências do chef romano. Por se tratar de uma culinária milenar, é claro que encontraremos muitas outras influências determinantes. As tradições da culinária italiana moderna se consolidaram com outras evoluções e influências culturais nos 2 mil anos que se passaram desde a época de Apício. Mas as contribuições atemporais do chef romano à gastronomia ainda são visíveis nas práticas culinárias italianas contemporâneas, como sua influência na valorização dos ingredientes sazonais, frescos e de alta qualidade, na criatividade e na paixão pela culinária. Na cozinha italiana, muitos ingredientes são valorizados além da ideia de um prato principal (primo ou secondo piatto). Vem daí a apreciação por uma alimentação em etapas, que destaque sabores diversos e a qualidade de cada preparo. 

Conquista do emirado de Bari
Imperador Luís II na conquista do Emirado de Bari, em 871

Os séculos que se seguiram ao tempo de Apício trouxeram outras tantas influências, desde o período das invasões bárbaras, até o Renascimento. E cada região da Itália apresenta suas próprias características culinárias, com diferenças que apontam influências também dos países que estão nas fronteiras, como a França e a Áustria. Mas há uma identidade italiana construída ao longo do tempo que evidencia a contribuição cultural-gastronômica de cada novo convívio que as terras itálicas conheceram. A ideia, por exemplo, de que uma refeição tipicamente italiana envolve um grande prato de antepasto, com frios, leguminosas, cogumelos e anchovas, é uma mistura de costumes que datam de Apício, mas que também se mesclaram às influências mediterrâneas, como a dos Árabes.

Emirado da Sicília
Ano 1000: O Emirado da Sicília, sob o domínio dos cálbidas, antes de seu colapso.

Os banquetes, que no passado eram uma realidade apenas da nobreza (enquanto a população contentava-se com a simplicidade da chamada tríade mediterrânea: azeitonas, vinho e pão), foram aos poucos ganhando mais mesas, com uma dieta mediterrânea composta por vegetais, legumes e queijos.

Mais tarde, no século IX, quando a ilha da Sicília foi dominada pelos árabes, a culinária também ganhou influências que caracterizam muito do que encontramos hoje, como frutas secas e especiarias.

Na Renascença, a culinária continuou ganhando especificidades italianas em sua tradição.

Um chef de grande impacto desse período foi Cristoforo de Messibugo, nascido no século XV, cozinheiro e mordomo da Casa d’Este, em Ferrara. (A família Este ou Casa d’Este era o ramo italiano de uma importante dinastia europeia de príncipes.) Cristofo também escreveu um livro de receitas, intitulado “Banchetti, composizioni di vivande e apparecchio generale”, publicado postumamente em 1549, e que tem como foco os preparadores de festas principescas, fornecendo descrições detalhadas dos menus dos seus banquetes oficiais na corte Este. Além de listar receitas, também discute logística, decoração e equipamentos de cozinha.

Xilogravura culinária italiana
Xilogravura de uma cozinha italiana.

Marco Gávio Apício pode não ter feito tudo em seu tempo, nem jamais cogitou a possibilidade de alguns preparos elaborados que surgiram depois de seu tempo, nas mãos de outros inúmeros chefs de grande impacto, mas seu legado o tornou ao longo dos séculos uma referência importantíssima para se entender a culinária como um bem cultural, uma herança respeitosa e essencial para a identidade de um povo. Por essas razões, podemos estudar a culinária italiana por diversos ângulos, conhecendo mil outras influências, mas um denominador comum é o reencontro quase arqueológico com as receitas selecionadas e registradas por Apício. Seu legado é uma lembrança de como a paixão pela comida pode transcender o tempo e continuar a inspirar amantes da culinária em todo o mundo.

E você, consegue imaginar a cultura italiana sem a gastronomia?

Agora que abrimos o apetite e aguçamos a curiosidade, aqui vão três vídeos valiosos sobre o tema: duas lives produzidas pelo Prof. Vinicio e uma visita que o Prof. Darius fez a um restaurante, onde pudemos aprender sobre o preparo de alguns pratos tradicionais com o chef Rafael Lorenti, do restaurante Basilicata, uma casa italiana com mais de 100 anos em São Paulo! 

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