A Vespa é uma das scooters mais icônicas e amadas do mundo. Muito mais do que apenas um meio de transporte, ela é um símbolo de engenhosidade, design italiano e liberdade. Neste artigo, vamos explorar a história das vespas italianas, desde seus humildes primórdios até se tornarem um fenômeno global.
Os primeiros passos
A história da Vespa começa nos anos 1940, quando a Itália estava se recuperando dos estragos da Segunda Guerra Mundial. A empresa Piaggio, fundada em 1884, era originalmente uma fabricante de navios, trens e motores. No entanto, com a necessidade de transporte pessoal acessível e eficiente após a guerra, a Piaggio decidiu diversificar seus negócios e criar uma scooter.
O engenheiro aeronáutico Corradino D’Ascanio, conhecido por sua experiência em aviação, foi o cérebro por trás do design inovador da Vespa. Em vez de seguir os padrões das motocicletas da época, ele projetou uma scooter com estrutura monocoque, motor embutido e uma transmissão automática, características revolucionárias para a época. E o nome “Vespa” não precisa nem de tradução para nós, significa exatamente “vespa” em italiano, e foi escolhido devido à aparência do veículo e ao som de seu motor.
Em 1946, a primeira Vespa, modelo Vespa 98, foi lançada. Ela conquistou rapidamente o coração dos italianos e, em seguida, do mundo. Essa scooter foi uma das principais responsáveis por democratizar a mobilidade na Itália do pós-guerra, permitindo que as pessoas se deslocassem de forma eficiente e acessível.
As evoluções e os modelos clássicos
Com o sucesso da Vespa 98, a Piaggio continuou a desenvolver novos modelos e a aprimorar a scooter ao longo dos anos. A Vespa 125, lançada em 1948, foi a primeira a receber um farol dianteiro totalmente integrado ao paralama. Esse design icônico é uma das marcas registradas das Vespas clássicas.
Vespa 125
Ao longo das décadas, a Vespa passou por várias transformações e atualizações. O modelo Vespa 150, introduzido na década de 1950, se tornou um dos mais populares. Posteriormente, surgiram modelos como a Vespa Primavera e a Vespa PX, que se tornaram queridinhas dos entusiastas de scooters em todo o mundo.
A Vespa na cultura pop
A Vespa não é apenas um veículo; ela se tornou um ícone da cultura pop e do estilo de vida italiano. Sua presença em filmes de sucesso internacional, como “Roman Holiday” (A Princesa e o Plebeu), ajudou a solidificar sua imagem de um símbolo de romance e aventura. A Vespa também esteve presente em capas de revistas de moda e em várias músicas e letras de canções.
O fenômeno global
A popularidade da Vespa se espalhou rapidamente para além das fronteiras italianas. A scooter conquistou os corações de pessoas em todo o mundo, tornando-se um símbolo de mobilidade urbana inteligente. Seus modelos continuaram a evoluir, incorporando tecnologias modernas, mas sempre mantendo o design clássico que a tornou famosa.
A Vespa hoje
Hoje, a Vespa continua sendo fabricada pela Piaggio e é vendida em mais de 80 países. Não deixou de ser uma escolha popular entre os amantes de scooters, tanto para uso cotidiano quanto para lazer. E a tradição estética prevalece mesmo tantas décadas depois: os modelos modernos mantêm a essência do design original, com atualizações tecnológicas para atender às demandas dos tempos atuais.
Aqui no blog temos acompanhado ao longo das últimas semanas diversas criações originais da Itália, que carregam a cultura italiana para além das fronteiras. Dentre a variedade dessas criações de valor internacional, vimos uma prevalência de tradições milenares e seculares, a maioria do tempo do antigo Império Romano. Mas as raízes criativas da Itália são tão fortes que pudemos comprovar hoje que cabe, entre tantas tradições, também algo do tempo da indústria e da tecnologia.
A Vespa italiana é muito mais do que uma scooter; é um ícone que encapsula a paixão, o estilo de vida e a inovação italiana. Sua história rica e seu design atemporal fazem dela um objeto de desejo para colecionadores e entusiastas em todo o mundo. Que elas continuem a correr pelas ruas estreitas de burgos e comunas distantes e pelas avenidas das grandes cidades! Longa vida à Vespa!
A Itália é famosa por suas fontes artísticas, com esculturas monumentais, jorrando água há séculos, 24 horas por dia. Tudo isso graças a um complexo de aquedutos que cobre a Itália do Lácio à Toscana, da Campânia à Úmbria. Mas você sabia que essas fontane só existem porque, muito antes delas, durante o Império Romano, outras obras monumentais precisaram ser pensadas e criadas muito lentamente?
Origem dos aquedutos
Há mais de dois mil anos, técnicos do Império descobriram fontes naturais de água pura a pouco mais de 20 quilômetros de Roma. Estabelecia-se assim a possibilidade de um serviço romano que pouparia distâncias e levaria água potável ao povo, até suas casas e até bebedouros públicos. Mas como fazer esse transporte?
Os chamados aquedutos foram construídos como vias, às vezes subterrâneas, às vezes em caminhos “aéreos”, fazendo a água correr em calhas no topo de arcadas, que desviavam o fluxo da água das fontes naturais ao longo de quilômetros e quilômetros, até chegar às cidades, nas casas dos cidadãos e nas ruas.
Espetáculo das águas
Já nos tempos do Império Romano, após a construção de fontes que serviam para matar a sede dos transeuntes, o que se decidiu é que esses aquedutos seriam desviados também para grandes praças, onde se construiria uma fonte que servisse de “espetáculo”, la fontana “mostra”.
Marcello Mastroianni e Sylvia Rank nas águas da Fontana di Trevi durante as gravações de “La Dolce Vita”, de 1960.
Hoje é impossível pensar em Roma e não se lembrar desses tipos de fontes artísticas monumentais, com água cristalina jorrando incessantemente, como a Fontana di Trevi (que já apareceu em filmes, como em La Dolce Vita), ou a Fontana dei Quattro Fiumi localizada na Piazza Navona, a Fontana del Gianicolo, a Fontana del Tritone, entre outras.
https://www.youtube.com/watch?v=The8Xi6fKOE
Nasoni: os bebedouros do século XIX
Como vimos, além das conhecidas fontes artísticas do centro histórico da capital, que existem há séculos e são pontos turísticos disputados todos os dias, também existiam, há milênios, outras pequenas fontes. Após a queda do Império, o sistema de bebedouros foi repensado e recriado. Os mais comuns de Roma, hoje em dia, não são muito conhecidos por turistas que planejam visitar apenas as grandes fontes dos pontos turísticos.
Estamos falando dos chamados nasoni. Esse foi o nome dado pelos romanos às fontes públicas de menor porte construídas a partir de 1870, feitas em ferro fundido ou travertino. Significa literalmente “nariz grande“. Se quisermos: “narigões”. É uma maneira carinhosa de se referir ao formato cilíndrico, dotado de uma bica. Essas fontes estão instaladas em diversas praças e ruas da cidade.
Uma das mais famosas nasoni, a Fontana Delle Tre Cannelle, localizada na Via Della Cordonata
A água potável que é fornecida nesses nasoni é a mesma da distribuição às casas romanas há mais de 100 anos. Hoje em dia, só em Roma, existem aproximadamente 2,500 nasoni, garantindo que ninguém passe sede nas ruas da metrópole. Tudo resulta de um precioso patrimônio histórico e social da Itália, conhecido ao redor do mundo, que leva água potável até os subúrbios da cidade.
Adiantamos uma dica importante: a maneira mais fácil de se beber água destas fontes é simplesmente tapar a abertura principal por onde corre a água. Dessa maneira, você fará com que o fluxo desvie o trajeto e saia pelo pequeno orifício de cima do cano, funcionando então como um bebedouro.
O melhor jeito de reconduzir a água de um nasoni, tampando sua saída principal com a mão.
Isso tudo não significa que as águas de milhares de nasoni viajam ainda hoje pelos mesmissimos aquedutos do tempo do Império Romano. Afinal, houve um período em que as águas pararam de jorrar e os aquedutos secaram!
Aquedutos – Ruínas secas
Em 98 d.C., de acordo com Sextus Julius Frontinus (que era cônsul e curador aquarum da época, encarregado de cuidar do serviço de distribuição de água), Roma contava com dezenas de fontes monumentais e centenas de bacias públicas. Foi, portanto, depois da queda do Império Romano do Ocidente que essas fontes pararam de funcionar. Os aquedutos foram destruídos, tornaram-se ruínas observáveis até os dias hoje, e por isso as centenas de fontes espalhadas pela cidade secaram. Por muito tempo, durante a Idade Média, os romanos só puderam se abastecer da água de poços poluídos, que recebiam os esgotos da cidade.
Ruínas de um trecho destruído da Acqua Marcia, em Tívoli
Mais de mil anos precisaram se passar até que, por decisão do Papa Nicolau V, foi iniciada a reconstrução do Acqua Vergine, um dos aquedutos mais antigos que abasteciam a cidade de Roma na era do Império. Com essa decisão, o Papa também reviveu o costume romano de se marcar o ponto de chegada de um aqueduto com uma “mostra”, como vimos: uma fonte monumental para servir de espetáculo.
Assim surgia a ideia de construir, bem no ponto final da Acqua Vergine, uma monumental fonte, que fosse um espetáculo digno da história. Arquitetos foram encarregados de criarem projetos até que fosse selecionado um que estivesse à altura. Após muitas competições entre arquitetos e artistas do Renascimento, Nicola Salvi, e depois Giuseppe Pannini, realizaram o projeto que ao final, em 1762, ergueu Netuno e seu séquito nas águas da Fontana di Trevi.
Cem anos depois, surgiam também os projetos das construções dos milhares de nasoni que hoje, junto às magníficas fontes monumentais, ajudam a reviver a idade de ouro dos romanos, realizando os sonhos do Império.
Ruínas da Villa Adriana, por onde passavam quatro dos aquedutos que abasteciam Roma: Anvio Vetus, Anio Novus, Acqua Claudia e Acqua Marcia.
Quais nasoni visitar?
Nem todos os nasoni seguem o projeto base, utilizado na maioria dos casos, no formato cilíndrico e uma só bica. Como vimos, alguns podem ter três bicas, como na Fontana delle Tre Cannelle. Outros nasoni são ainda mais diferenciados, com uma estética única que justifica que os turistas criem planos para visitarem algumas áreas secretas da cidade a fim de conhecê-los.
Entre os nasoni mais conhecidos, estão os seguintes, das respectivas imagens abaixo: a pequena fonte embutida na parede daVia della Fontanella di Borghese; a Fontana da área do Circo Massimo, com vista para as ruínas e o vale que uma vez compuseram a maior arena de entretenimento do Império; e aquela que já vimos anteriormente, a Fontana delle Tre Cannelle, com bicas em forma de dragão, localizada na via della Cordonata, perto da via Nazionale.
Mas é claro que você poderá descobrir outras centenas de nasoni especiais, afinal são mais de 2 mil em Roma. E para auxiliar os turistas, foi inclusive criado um app, chamado Fountains in Italy, que contém um mapa com as direções, as descrições e as fotos de cada uma dessas fontes especialmente italianas! Também é possível utilizar o site da operadora de distribuição de água, Acea, para rastrear no mapa os mais de 6500 nasoni instalados por toda a Itália.
Nasone na área do Circo Massimo, com ruínas ao fundo
Nasone na Via della Fontanella di Borghese
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