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Filmes e séries para aprender italiano na Netflix

Filmes e séries para aprender italiano na Netflix

É possível aprender um idioma se divertindo, assistindo a filmes e escutando músicas. Essa é uma verdade comprovada diariamente no aprendizado de uma criança. Não é apenas o conteúdo visto em sala de aula que alfabetiza e torna fluentes as crianças de todo o mundo, é também o conteúdo com o qual elas entram em contato quando estão fora da escola. Por que não aplicaríamos esse mesmo procedimento no nosso processo de aprendizado de uma nova língua durante a vida adulta?

Treinando seu italiano

O primeiro passo para garantir que também você tenha essa experiência concreta de descoberta e aprendizado pode ser resumido numa expressão que já utilizei muitas vezes com os meus alunos: immersione ed esposizione costante!

Isso mesmo, não tem mistério quando se trata de treinar a escuta. Para melhorar a sua capacidade de encontrar mentalmente as palavras que precisa para descrever determinada coisa ou ideia, só mesmo através do que chamamos de imersão e exposição constante. A imersão nos garante o envolvimento necessário com a língua que estamos aprendendo. Qualquer idioma se torna, portanto, mais íntimo e acessível quando nos acostumamos a escutar as palavras de um conteúdo autêntico, isto é: conteúdo feito originalmente na língua que estamos estudando. Trata-se de um produto com as marcas culturais, com o ritmo natural da fala e com uma variedade de expressões muito maior do que aquela que encontraríamos apenas em exercícios ou em conversas de uma sala de aula.

Filmes e séries para aprender italiano

Conteúdos em Italiano

E hoje em dia você conta com muitas ferramentas que tornam esse processo mais prazeroso e pessoal, porque você pode se cercar de conteúdos diversos, de entrevistas de podcast a filmes e séries de produção original da Itália! Essa tarefa de imersão pode acontecer com naturalidade se você selecionar conteúdos que abordem os temas e os tipos de entretenimento que te agradam, que já fazem parte do seu mundo e das necessidades que você tem em outras áreas da sua vida. É possível, portanto, adquirir repertório para aprender os fundamentos da língua enquanto você se diverte!

Filmes para aprender italiano

Por isso, convido você a assistir a uma live que preparamos aqui na ITALICA sobre o tema. Abordamos filmes e séries produzidos na Itália e que estão disponíveis na Netflix. Trata-se então de conteúdos autênticos, com os quais você escutará a pronúncia e o ritmo do italiano dentro de contextos que te ajudarão a assimilar significados e recursos de comunicação sem esforço.

Dicas ITALICA de filmes em italiano

Dividimos essa live em duas partes.

Parte 1

Na primeira parte, tive a companhia de Gabi Salvatto, professora da Squadra ITALICA, que muitos de vocês já conhecem! Além da nossa lista de filmes e séries, também aprofundamos a conversa com detalhes sobre os gêneros cinematográficos e a história por trás do termo “Giallo”, vindo da palavra que significa “amarelo”, mas que também ficou marcada para definir o gênero de filmes de suspense e de tema policial.

Parte 2

Na parte 2, dou continuidade à curadoria da professora Gabi Salvatto. E attenzione: não trago a lista toda para cá pois não se trata apenas de saber quais séries estamos recomendando! Assistir à live é também uma chance de conhecer termos e o vocabulário da área cinematográfica. Te convido a me acompanhar na leitura que destaco nas imagens, notando as sonoridades e o vocabulário usado nas diferentes sinopses de cada um dos filmes e séries que mostro a vocês. É uma chance, desde já, de você ampliar seu conhecimento linguístico. 

Lembre-se: o aprendizado sempre acontece da melhor maneira e no melhor ritmo quando garantimos que essa atividade de imersão seja feita com diversão e entretenimento!

Buona visione!

A presto

Provérbios italianos revelam muito da tradição do formaggio na Itália

Provérbios italianos revelam muito da tradição do formaggio na Itália

Provérbios são especialmente valiosos para se aprender sobre o idioma, a culinária e a cultura italianas. E não se trata simplesmente de aprendermos versões italianas de ditados já conhecidos em outras línguas. É, na verdade, a chance de descobrirmos ideias que não estão registradas em provérbios de nenhum outro idioma!

Provérbios italianos

Para começar, vamos ver um provérbio fácil de se compreender, e que pode ser usado como resposta bem humorada em conversas do cotidiano. Envolve um alimento que, como veremos, está muito presente em outros provérbios italianos, o queijo.

“Anche il groviera ha i buchi e non si lamenta.”
(Até o gruyere tem buracos e não reclama.)

Queijo italiano Gruyere

Esse provérbio, relativamente novo na longa lista de provérbios italianos, é atribuído ao ator italiano de comédias chamado Totò, conhecido por filmes como I soliti ignoti (Os eternos desconhecidos), de 1958.

Filme-italiano-Os-eternos-desconhecidos-de 1958

Outras centenas de provérbios, porém, datam de séculos atrás e ninguém pode sequer imaginar de quem teria sido a autoria. Alguns não são facilmente traduzíveis porque expressam ideias de contextos que não estão presentes no nosso dia a dia. Veja o desafio de tentar traduzir o seguinte provérbio:

“Formaggio e ricotta fanno le leggi storte.”

Se traduzirmos ao pé da letra, fará sentido? Vamos tentar:

Queijo e ricota fazem as leis tortuosas.

Traduzir não é o suficiente para concluirmos o sentido e o contexto dessa frase. Sem acesso a uma pesquisa detalhada, só nos restaria imaginar, talvez até inventar sentidos. Isso nos aponta uma direção importante. Existe alguma coisa especialmente italiana e histórica nesse e em outros provérbios que surgiram há séculos na Itália? É o que veremos.

Antes de mais nada, é claro que também em italiano encontramos muitos ditados cheios de metáforas, que comunicam aquilo que em português já nos acostumamos a falar quando queremos criar sentidos em variados contextos. Por exemplo:

Cane che abbaia non morde.
(Cão que ladra não morde.)

Non tutto il male viene per nuocere.
(Há males que vêm para o bem.)

Chi va piano va sano e va lontano.
(Devagar se vai longe.)

Chi troppo vuole nulla stringe.
(Quem tudo quer, tudo perde.)

Acontece que, no caso de outros muitos provérbios italianos, descobrimos que nem todos são inventados para servir como metáforas úteis em contextos diversos. Alguns ditados seriam registros pontuais sobre um pensamento, sobre uma qualidade, sobre um perigo, sobre os benefícios de uma prática. Podemos encontrar muitos desses valiosos registros no Dicionário de provérbios italianos – 6.000 verbetes e 10.000 variantes dialetais, de R. Schwamenthal e M. L. Straniero. Diante de números tão grandes, é natural então percebermos que a linguagem dos provérbios, desde a Idade Média, também é utilizada para guardar e transmitir a importante herança da culinária italiana.

Dicionario de Proverbios Italianos

Estudiosos da área, como Giovanni Ballarini, professor da Universidade de Parma, encontraram mais de 300 expressões idiomáticas e provérbios referentes a alimentos. O que comprova que o ato de comer tornou-se mais do que um fato biológico, mas um ação simbólica na comunicação dos italianos, que se viram capazes de criarem sentido, registrarem conhecimentos e passarem adiante costumes e práticas – em alguns casos até mesmo para garantir boas maneiras no cuidado da saúde, como no seguinte provérbio:

Il formaggio è cibo sano se ne mangi poco e piano.
(O queijo é um alimento saudável se você comer pouco e devagar.)

Uma curiosidade que Giovanni registrou em seus estudos é que, entre tantas expressões referentes a comida, queijos ocupam um lugar de destaque, com 36 provérbios dedicados a eles.

Essa possibilidade de tornar a alimentação um tema recorrente revela um cuidado e uma sabedoria: frases curtas podiam ser facilmente memorizadas e repassadas de boca em boca, de geração em geração, para então servirem como receitas, destacando qualidades de certos alimentos e fazendo alertas de perigos na alimentação. Um livro que se aprofundou no tema é de autoria de Terence Scully, intitulado The Art of Cookery in the Middle Ages (A arte da culinária na Idade Média), onde foram reunidas centenas de provérbios de conteúdo alimentar da tradição medieval.

A arte da culinária na Idade Media

Por isso é tão importante notarmos que alguns provérbios podem ter surgido não apenas como metáforas para outros saberes da vida. Alguns que veremos têm características de exaltação de uma prática muito repetida ou de uma atenção aos prazeres de uma boa alimentação.

A sabedoria morava nos provérbios

Dalla tavola non alzarti mai se la tua
bocca non ha assaporato il formaggio!
(Nunca se levante da mesa se sua boca ainda não provou o queijo!)

A frase acima é uma representação bem humorada de uma prática sendo valorizada, quase como um “bom costume”, uma “etiqueta” da boa refeição e das boas maneiras. Isso significa que a linguagem, por meio da repetição de certas falas, ajuda a construir a identidade de um povo. Também no português, é claro, temos casos em que ouvimos ditados repassados de geração em geração. É como se estivéssemos diante de um guia, escutando as palavras que indicam como é que se deve continuar agindo através dos tempos. No caso da cultura italiana, os provérbios que fazem referência à alimentação demonstram como os conhecimentos acerca dos alimentos eram especialmente valorizados e conservados.

O professor Giovanni Ballarini, em uma de suas notas sobre o assunto, se refere a alguns desses provérbios de queijos como sendo “provérbios-lembretes”, que podiam registrar dicas de culinária, com ensinamentos de truques para a melhor seleção de ingredientes que pudessem garantir o preparo de pratos deliciosos. Outro bom exemplo é: “Formaggio non guasta sapore” (“O queijo não estraga o sabor”).

Proverbio Italiano e o queijo em livros medievais

Assim, diz o professor, os italianos podiam se apresentar como cozinheiros voluntários, exaltando prazeres do paladar, muitas vezes com bom humor, trocando receitas e garantindo a tradição de se partilhar momentos festivos à mesa. O professor também destaca as palavras de Piero Camporesi (historiador e antropólogo italiano, que lecionou literatura italiana na Universidade de Bolonha), que escreveu sobre o valor do provérbio no tempo em que a escolarização não era acessível à vasta parcela da população. Nas palavras do professor, Camporesi diz que “no mundo analfabeto como o camponês, o provérbio condensa o conhecimento do grupo”.

Formaggi per tutti i gusti

Existem tantos provérbios italianos citando alimentos que não seria possível analisar cada um deles aqui, mas vamos finalizar vendo de perto mais três deles, referentes ainda a queijos. E são provérbios que abrem portas para fatos históricos.

“Se la cena non basta alle attese, il formaggio ne paga le spese.”

(Se o jantar não atender às expectativas, o queijo paga a conta.)

Essa pode ser lida literalmente como exaltação do queijo como um elemento do prato que é difícil de errar. Se tudo estiver mal preparado, pelo menos o queijo será saboroso.

“Il formaggio sulla zuppa non guasta mai.”

(Queijo na sopa nunca é demais.)

Essa tem cara de receita. E eu particularmente concordo. Queijo derrete na sopa quentinha e sempre acrescenta sabor especial! Mas é um ditado que nos remete ao tempo medieval e conta sobre um momento em que havia poucos recursos para a alimentação. Na falta de ingredientes, o queijo podia ser a garantia de sabor numa sopa simples.

“Cadere come il cacio sui maccheroni.”

(Cai como queijo no macarrão.)

Teria provérbio de queijo mais italiano do que este? É quase uma lei garantir que não falte um queijo ralado por cima da macarronada. Consigo até ver em câmera lenta. Também podemos imaginar funcionando como metáfora para expressar toda e qualquer coisa que “cai bem”, uma feliz coincidência do dia a dia, que completa uma situação e cai tão bem quanto um queijo no macarrão.

Mas também podemos descobrir nesse provérbio as origens do consumo de massa em Nápoles. O maccheroni era cozido na rua e comido com as mãos. E qual era o tempero jogado diretamente sobre a massa? O queijo. O complemento essencial.

“Formaggio e ricotta fanno le leggi storte.”

(Queijo e ricota fazem as leis tortuosas.)

Nessa aqui, confesso, não vou nem me arriscar. Deixo para vocês como desafio para imaginação. O que será que poderia significar?! 

Agora, para compensar o mistério desse último provérbio e falarmos do sabor do formaggio e da ricotta, aproveite para viajar comigo e conhecer de perto justamente uma produção de formaggio na zona de Chianti, na Toscana! É só clicar para assistir nossa descoberta das etapas de produção de queijo artesanal, do formaggio fresco e da ricotta

Buona visione!

A presto

Fontes

(Aproveite para continuar sua leitura em italiano!)

(https://www.seminarioveronelli.com/2021/il-formaggio-sulla-bocca-di-tutti/)

(https://www.ruminantia.it/i-proverbi-del-formaggio/)

Poesia ao redor do Vesúvio

Poesia ao redor do Vesúvio

Existe um tomate especialmente italiano, que só pode ser cultivado em um solo específico da Itália. É o chamado “pomodorino del piennolo del Vesuvio”, também conhecido apenas como “pomodorino vesuviano”.

“Piennolo” é uma referência ao método centenário de cultivo dos tomates, que, após a colheita, são pendurados em cachos, presos em cordas de cânhamo. “Piennolo” significa “pendulo” no dialeto napolitano.

Pomodorino Vesuviano

Esse pomodorino de Nápoles é um tomate cereja tão especial que, em 2009, recebeu a classificação DOP, uma sigla que significa Denominação de Origem Protegida, que serve para indicar os produtos agrícolas que têm vínculos fortes com a terra em que são produzidos. Essa classificação determina que cada etapa da produção deve ocorrer na região especificada.

Pomodorino Vesuviano
Pomodorino vesuviano pendurado em cachos

A principal razão desse valor cultural e gastronômico é que sua área de cultivo se encontra ao redor do Monte Vesúvio, justamente ao pé do vulcão, em um solo vulcânico que é rico em nutrientes essenciais, como potássio e fósforo, devido ao ciclo de matérias depositadas ali ao longo de milênios.

‌Parque Nacional do Vesúvio

Passeios turísticos por essa área são uma chance, portanto, de conhecer não apenas os vinhedos e as vinícolas que estão ao redor do Monte Vesúvio, mas também de degustar esses raros tomates, descritos como tendo uma polpa de grande consistência e um sabor unicamente agridoce.

Imagem aérea Vulcão Vesúvio
Imagem aérea Vulcão Vesúvio
Parque Nacional do Vesúvio
Parque Nacional do Vesúvio

O cultivo está na área de mais ou menos 130 quilômetros quadrados do Parque Nacional do Vesúvio. E a comuna mais próxima acrescenta uma razão especial para o interesse dos viajantes. Essa comuna chama-se Torre del Greco, conhecida por ter recebido, em meados do século 19, o poeta que é visto por muitos como o maior poeta italiano depois de Dante: Giacomo Leopardi.

Villa delle Ginestre Torre Del Greco Vesúvio
Torre Del Greco
Torre Del Greco Vesúvio
Torre Del Greco

A casa em que Giacomo Leopardi se hospedou pertencia a Giuseppe Ferrigni, cunhado de Antonio Ranieri, grande amigo de Leopardi. A área do casarão teve inicialmente o nome de Villa Ferrigni, mas foi rebatizada como Villa delle Ginestre, em referência ao título do poema que Leopardi escreveu ali, enquanto viveu o fim de sua vida, inspirado pelas pradarias, pela flores e pelo horizonte marcado pela silhueta imponente e temerosa do vulcão. O nome do poema carrega justamente o nome de uma flor amarela que é facilmente encontrada nascendo do solo ao redor do vulcão: La ginestra, o il fiore del deserto (A giesta ou a flor do deserto).

Giesta a flor do deserto do Vesúvio
Giesta, a flor do deserto

Poema A giesta ou a flor do deserto

Vamos ver a abertura do poema:

La ginestra, o il fiore del deserto

Qui su l’arida schiena

del formidabil monte

sterminator Vesevo,

la qual null’altro allegra arbor né fiore,

tuoi cespi solitari intorno spargi,

odorata ginestra,

contenta dei deserti. Anco ti vidi

de’ tuoi steli abbellir l’erme contrade

che cingon la cittade

la qual fu donna de’ mortali un tempo,

e del perduto impero

par che col grave e taciturno aspetto

faccian fede e ricordo al passeggero.

A giesta, ou a flor do deserto

[tradução de Luiz Antônio Lindo]

Aqui sobre a árida encosta

do formidável monte

exterminador Vesúvio,

onde nada mais cresce, árvore ou flor,

tuas moitas solitárias ao redor espalhas,

perfumada giesta,

feliz com o deserto. Também te vi

com tuas hastes enfeitar os ermos caminhos

que rodeiam a cidade,

a qual foi senhora dos mortais um dia,

e do perdido império

parecer pelo grave e taciturno aspecto

servir de prova e advertência ao que passa.

‌Destaques de italiano

Com a pesquisa empreendida pelo próprio tradutor, é possível destacarmos efeitos interessantes no emprego de algumas palavras. É o caso de 3 palavras que vimos nestes primeiros 13 versos: arborallegra e anco.

  1. O vocábulo “arbor” é do latim (arbore -> árvore) e foi empregado no lugar de “albero”, que seria mais usual no italiano.
  2. O uso de “allegra” é referente a “allegrare”, no sentido geralmente dito sobre as plantas, de “crescer”, “prosperar”. É uma palavra que, numa leitura rápida, poderia parecer ter apenas o sentido que encontramos em “alegrar” e “alegria”.
  3. “Anco” é uma forma antiga de “anche” (também).

Quarentena

Leopardi se mudou para a vila em Torre del Greco buscando, acima de tudo, uma quarentena, para ficar longe o suficiente da epidemia de cólera que se espalhou em Nápoles em 1836.

A colina onde a casa foi construída é localizada em uma área caracterizada pelo acúmulo de fluxos de lava e das giestas que inspiraram o poeta.

Escrito em 1836, o poema foi publicado depois da morte do autor, em 1845, em uma edição organizada e corrigida, seguindo o último entendimento do autor, sob os cuidados do amigo Antonio Ranieri.

Villa delle Ginestre Vesúvio Leopardi Giacomo
Villa delle Ginestre

Villa delle Ginestre tornou-se um ponto turístico, muito aproveitado também por residente durante planejamentos de excursões escolares. Além da vista para o Vesúvio e dos jardins com giestas, é possível visitar e adentrar também a casa onde Leopardi viveu por um breve período.

Vesúvio Leopardi Giacomo
Giacomo Leopardi

Uma das características da alma italiana é ter uma formação geológica e uma história que mesclam infortúnios e desafios civilizatórios determinantes para a construção de uma identidade resiliente, corajosa e criativa. Naturalmente, também através da poesia encontraremos essas marcas que podem inspirar nossas ações e nossos pensamentos.

Após uma leitura completa dos versos, é notável o convite que Leopardi nos faz para olharmos na direção da beleza que há na fragilidade da flor e da vida que desabrocha tão perto dos perigos – como no caso do perigo de erupções do vulcão que já havia destruído Pompeia e Herculano em 79 d.C. Assim o poeta nos posiciona para olharmos para a nossa própria posição diante da natureza e, também, para os nossos valores cegos de progresso.

Se aceitarmos o fato de que não estamos acima da natureza, o bom cultivo de tudo aquilo que nos mantém em comunhão com a natureza é a única resposta consciente que podemos dar em nosso dia a dia.

A terra que é destruída pela lava é também a terra que se torna especialmente fértil para o cultivo de alimentos. É a terra que vibra com o amarelo de uma flor e que inspira o olhar da poesia. É a terra que nos convida a viajar e a aprender os sons e os significados que outro idioma nos guarda como herança.

O que significa o gesto dos italianos?

Sabe aquele famoso gesto italiano feito com as pontas dos dedos reunidas e a mão em movimento? Tão famoso que até se tornou um emoji recentemente. Pois é, todo mundo que quer imitar um italiano acaba recorrendo a esse “estereótipo” da gesticulação.

Gesto dos italianos

Mas, afinal, o que significa esse gesto? E a gesticulação, de modo geral, será mesmo apenas um estereótipo?

Entendendo os gestos

Vamos começar respondendo à primeira pergunta: esse gesto é geralmente associado ao significado de “Che vuoi?” (“O que você quer?”)

Isso mesmo, uma frase inteira pode ser entendida com um simples gesto. Isso é o que chamamos de linguagem não-verbal e é parte fundamental da comunicação dos italianos, que não têm apenas esse gesto. São tantos outros que podemos dizer, sem exagero, que os italianos sabem falar com as mãos. Pois é, não é apenas um estereótipo!

A expansão da linguagem dos gestos

Existe até livro sobre o assunto. “Mani che parlano: gesti e psciologia della comunicazione”, de Isabella Poggi e Emanuela Magno Caldognetto (1997), faz um apanhado de 250 gestos muito utilizados pelos italianos no cotidiano.

Gestos italianos e a comunicação

E não é apenas este livro que aborda o tema. O número de publicações passa de uma dezena e isso demonstra a importância da gesticulação para a comunicação na cultura italiana. É como se as palavras não bastassem para expressar tudo que a pessoa está sentindo ou pensando. Ou então, como se fosse possível poupar algumas palavras para que o sentido fosse passado adiante com menos esforço.

E quais as origens históricas dessa característica?

Uma das primeiras publicações a se aprofundarem no tema foi publicada em 1832: “La mimica degli antichi investigata nel gestire napoletano”, de Andrea de Jorio, arqueólogo italiano, o primeiro etnógrafo a estudar a linguagem corporal.

Mimica dos Antigos

Descobrimos, com essa leitura, que uma das teorias sobre a origem dos gestos remonta à época do Império Romano, que abrangia territórios habitados por povos distintos.

Gestos dos italianos

Os gestos, portanto, ajudariam a resolver problemas de comunicação, representando ações, sentimentos, ideias… exatamente como uma lingua de sinais!

No caso específico de um vasto Império, saber gesticular seria uma poderosa estratégia de comunicação, uma ferramenta ao alcance de todos. As pessoas podiam juntar as mãos, levá-las ao rosto, mostrar dedos, fazer movimento rápidos, tudo isso para se somar às palavras e garantir mais efeito e clareza nas conversas.

Mimica e gestos dos italianos

Mas essa não é a única teoria a respeito! Se quiser conhecê-las, preparamos um vídeo, no qual também ensinamos 7 gestos italianos do cotidiano que você precisa conhecer!

É só clicar e se inscrever no canal da Italica para mais conteúdos como este:

Buona visione!

A presto!

Tesouros na Itália: expandindo vocabulário em lojas de utilidades

Tesouros na Itália: expandindo vocabulário em lojas de utilidades

Na Itália é assim: uma simples saída para caminhar e descobrimos muito o que pensar e aprender do idioma.
Durante a nossa viagem pela região da Puglia, encontramos essa loja da foto abaixo, cheia de itens variados. Parece uma loja de antiguidades, um “antiquariato”. Quais palavras você usaria para descrever esses objetos? Cacarecos? Bugigangas?

Vocabulário em loja de utilidades na Itália

Na dúvida de como devíamos chamar esse tipo de loja, descobrimos que os italianos utilizam a seguinte expressão: negozio di cianfrusaglie.

Mas que palavra é essa?! Cianfrusaglie!


Ma cos’è questa parola, ma che significato ha?

A origem das palavras no italiano, como em outras línguas, nos revela como é tudo uma questão de combinação e criatividade.

“Cianfrusaglie” significa “loja de bugigangas”, “quinquilharias”, ou seja, objetos de pouco valor. E a origem da palavra no italiano é curiosa!

É uma expressão que reproduz o barulho de uma ação! Estudiosos observam que ela talvez tenha começado como uma mistura dos sons de outras palavras, como “cianciare” (tagarelar) e “frugare”/”frusciare” (vasculhar/farfalhar).

Conclusão: “cianfrusaglie” é como “tagarelices”, representa o que não vale muito, uma “bagatella” (que também veio do italiano e do latim para descrever coisas de pouca importância!)

A evolução das palavras é uma mágica, né?

Quer continuar aprendendo desse jeito simples e cheio de associações culturais? Então saiba tudo sobre a próxima turma da ITALICA aqui.

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A presto!