A amêndoa açucarada, tão presente nas tradições italianas, como em casamentos, é uma sobremesa de origens muito antigas. Seu nome deriva do latim “confectum”, que é o passado de “conficere”, que significa preparar, embalar. Trata-se de um preparo elaborado de amêndoas – a mais conhecida e apreciada é a “pizzuta d’Avola” – coberta de açúcar. Já na Idade Média este termo “confectum” referia-se a compotas ou frutos secos cobertos de mel.
A origem do Confetti
Originalmente, a amêndoa era embrulhada numa mistura sólida de mel e farinha. E podemos encontrar vestígios históricos a este respeito nos escritos relativos à família dos Fábios, os Fabii (447 a.C.), e nos escritos do gastrônomo Apício, Marcus Gavius Apicius (século I d.C.), amigo do imperador Tibério.
O doce moderno, porém, é muito mais recente e deve seu nascimento à difusão do açúcar quando começou a ser importado das Índias Ocidentais. Foi a partir desse momento que se estabeleceu a receita transmitida até aos dias de hoje.
As primeiras imagens de confetes modernos datam da Idade Média e encontram-se na capela de Teodelinda da Catedral de Monza, onde aparecem pela primeira vez no afresco “Banquete de Casamento de Teodelinda” do século XIV.
Afresco de 1444. “Fratelli Zavattari, Banchetto di nozze”, localizado na Cappella di Teodolinda, no Duomo di monza
A amêndoa açucarada é retratada por diversos artistas como sobremesa ideal para presentear convidados ilustres em ocasiões importantes. Assim aparece na literatura, por exemplo, de Boccaccio, Leopardi, Carducci, Verga, Manzoni e Goethe.
As amêndoas confeitadas têm um profundo significado simbólico. A amêndoa é uma noz dura e amarga, simbolizando os desafios e as adversidades que fazem parte da vida. No entanto, o açúcar que envolve a amêndoa representa a doçura da vida e as recompensas que vêm ao enfrentar esses desafios. A ideia de pureza da cor branca, por exemplo, é o que conduz a escolha de qual amêndoa servir em sacramentos, como comunhão e casamento; é quando então opta-se pela amêndoa açucarada de cor branca.
De modo geral, oferecer amêndoas confeitadas aos convidados representa o desejo do casal recém-casado de compartilhar tanto os momentos difíceis quanto os felizes da vida.
O preparo
Preparo das amêndoas
As amêndoas açucaradas são produzidas em caldeiras, de cobre ou aço, chamadas “bassine” . Elas se distinguem pelo formato, que pode ser em forma de pêra ou de tambor (tamburo), e pelo tipo de rotação. Durante o processamento, a caldeira gira continuamente.
Após a fase de revestimento com açúcar, a superfície fica primeiro enrugada e irregular, só depois é iniciada a fase de alisamento e polimento. A confecção é um processo muito trabalhoso, que pode levar até dois ou três dias.
As amêndoas confeitadas são tradicionalmente oferecidas em grupos de cinco, simbolizando cinco desejos essenciais: saúde, riqueza, felicidade, fertilidade e vida longa. Cada desejo é representado por uma amêndoa, e a combinação de cinco amêndoas simboliza a esperança de uma vida plena e próspera juntos.
Cores das amêndoas
As amêndoas confeitadas também vêm em uma variedade de cores brilhantes, cada uma com seu próprio significado simbólico. O branco, por exemplo, está associado à pureza e à união do casal, enquanto o azul representa a fidelidade e o rosa simboliza o amor e a gratidão. A escolha das cores pode ser coordenada com a paleta de cores da decoração da festa de casamento, adicionando um toque de elegância e harmonia ao evento.
Na tradição, as cores das amêndoas açucaradas acompanham a comemoração de cada marco da passagem do tempo dos casados:
1 ano – Casamento de Algodão: Rosa
5 anos – Casamento de Seda: Fúcsia
10 anos – Casamento de Estanho: Amarelo
15 anos – Casamento de Porcelana: Bege
20 anos – Casamento de Cristal: Claro
25 anos – Casamento de Prata: Prata
30 anos – Casamento de Pérola : Mar
40 anos – Bodas Esmeralda: Verde
45 anos – Bodas Rubi: Vermelho
50 anos – Bodas Douradas: Ouro
Embora as amêndoas confeitadas sejam mais comuns em casamentos, elas também são usadas em outras celebrações na Itália, como batizados, comunhões e aniversários.
Curiosidades:
#1 O lançamento dos confetes na saída da igreja é denominado “sciarra” (do termo siciliano “litirare”, que significa algo como “briga”), já que as crianças corriam para recolher os confetes fazendo bagunça.
#2 Durante a cerimônia de casamento, os confetes são geralmente distribuídos pela própria noiva, que, segundo a tradição, deve retirá-los com uma grande colher de prata de um recipiente também feito de prata. E o recipiente, por sua vez, é entregue a ela pelo noivo, conforme se deslocam entre as mesas.
E você, gosta do sabor dessas amêndoas. Na próxima vez que puder, provar, lembre-se de todo o trajeto histórico que a tradição precisou seguir até chegar ao nosso paladar!
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A música “Funiculì, Funiculà” é uma das canções mais icônicas e alegres da Itália, conhecida por seu ritmo cativante e letras animadas. Difícil encontrar quem já não tenha escutado em algum momento da vida. Geralmente é associada à culinária italiana, muito ouvida em momentos de demonstração do que a Itália exportou para o mundo. Hoje poderemos ir além dessas impressões gerais, para conhecer a origem e os significados. Esta canção, que se tornou um hino não oficial de Nápoles e uma parte importante da cultura musical italiana, tem uma história fascinante de composição, um autor talentoso e significados profundos em sua letra.
A história de “Funiculì, Funiculà”
A história remonta ao final do século XIX, mais precisamente ao ano de 1880. Ela foi escrita como um hino para celebrar a inauguração de um novo funicular (um tipo de transporte ferroviário inclinado) que conectava a cidade costeira de Nápoles ao topo do Monte Vesúvio, um vulcão ativo famoso em todo o mundo.
Giuseppe Turco
O autor desta alegre composição é Giuseppe Turco, um jornalista e poeta napolitano, conhecido também como Peppino Turco. Turco foi encarregado de criar uma música festiva para a cerimônia de inauguração do funicular. Em parceria com o talentoso compositor Luigi Denza (foto ao lado), a dupla criou a melodia e as letras que logo se tornaram um sucesso.
Ela foi cantada pela primeira vez em Castellammare di Stabia, no Hotel Quisisana no dia 6 de junho de 1880. E no mesmo ano, foi apresentada por Turco e Denza no Festival de Piedigrotta.
Hotel Quisisana, em Castellammare di Stabia.
A letra da música descreve vividamente a empolgante experiência de subir o Monte Vesúvio no novo funicular, uma aventura emocionante para os moradores e visitantes de Nápoles na época. A palavra “funiculì” é uma contração que une duas palavras: “funicolare” (funicular) e “lì” (ali). Enquanto “funiculà” é a contração de “funicolare” + “là” (lá). Assim, a música transmite a ideia de movimento, o deslocamento daqueles que sobem, daqui até lá, pelo funicular que levava ao topo do Vesúvio, onde se poderia desfrutar de vistas deslumbrantes da baía de Nápoles e do Golfo de Nápoles.
A canção rapidamente se tornou popular em Nápoles e em toda a Itália, cativando o coração do público com seu ritmo vibrante e letras alegres. Ela também se espalhou por todo o mundo, tornando-se um símbolo da música italiana.
Ao longo dos anos, “Funiculì, Funiculà” foi interpretada por inúmeros artistas, tanto italianos quanto internacionais, e foi usada em diversos filmes, programas de televisão e comerciais, solidificando ainda mais sua posição como uma das músicas italianas mais reconhecíveis e queridas.
Duas das apresentações muito conhecidas são a de Luciano Pavarotti, em 1995, e a de Andrea Bocelli, em 2009, cantando dentro do Coliseu! Assistam:
Além de sua associação com o transporte até o Monte Vesúvio, “Funiculì, Funiculà” também é frequentemente executada em festas e celebrações, sendo um elemento essencial nas festividades italianas. Sua energia contagiosa e letras festivas fazem dela uma escolha perfeita para animar qualquer ocasião.
A letra da música é uma celebração da beleza da natureza, da aventura e do espírito napolitano. Ela evoca a sensação de liberdade e excitação que as pessoas sentiam ao subir o Monte Vesúvio e contemplar a paisagem deslumbrante ao redor. Mesmo após mais de um século desde sua criação, “Funiculì, Funiculà” continua a ser uma canção atemporal que encanta e emociona as pessoas.
Vista para as construções do funicular ao pé do Monte Vesúvio
Você percebeu que citamos o prazer que as pessoas sentiam nessa subida, mas falamos tudo no passado? É porque a história da construção do funicular deu lugar também a uma história repleta de reconstruções e desafios. Vejam só…
Não é nada simples construir um funicular que sobe o monte de um vulcão ativo. No ano de 1906, ocorreu uma erupção do Vesúvio, que causou a destruição das duas estações do funicular, a superior e a inferior. Além disso, os bondes, os equipamentos e também o restaurante construído na base do monte foram destruídos – ou melhor dizendo, engolidos pelas lavas e cobertos pelas cinzas.
O orgulho da construção e o espírito da industrialização, que tomavam a todos naquela época, logo serviram de impulso para que se pensasse numa rápida reconstrução. Os danos foram logo reparados e, já em 1909, o funicular voltou a funcionar.
Acontece que, dois anos depois, em 12 de março de 1911, uma nova erupção destruiu a estação superior novamente. E mais uma vez, ainda com maior rapidez, foram feitos os trabalhos necessários em apenas um ano, e o sistema voltou a funcionar plenamente. E mais, teve a sorte de ficar intacto quando ocorreu outra erupção, em 1929. Isso mesmo, tinham sido 3 erupções desde a inauguração, duas destruidoras, uma felizmente benevolente.
Contudo, em 1944, o Vesúvio entrou em erupção novamente. E, desta vez, o funicular não foi poupado, foi mais uma vez destruído. E, para piorar a situação, isso ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial. Dali em diante, o funicular nunca mais foi reconstruído.
Março de 1944: Monte Vesúvio durante sua pior erupção em mais de 70 anos. No primeiro plano vemos a cidade de Nápoles. (Keystone/Getty Images)
A decisão por não serem mais feitas reconstruções, claro, é um cuidado que faz muito sentido se considerarmos que o Vesúvio já entrou em erupção outras dezenas e dezenas de vezes ao longo da história, após a destruição de Pompeia e Herculano. Ironicamente, porém, o que seria curioso para tantos italianos que trabalharam arduamente nas reconstruções ao longo do século 20, o vulcão está adormecido desde 1944, e de lá pra cá não tivemos nenhuma erupção nova.
Apesar de não ter sido mais reconstruído, a história do funicular italiano do Vesúvio foi uma inovação tecnológica tão grande e única na época que inspirou vários países a adotarem esse sistema de transporte como um diferencial importante no turismo local de cada região. Temos inclusive um exemplo brasileiro, o funicular de Santos, que percorre 147 metros da encosta do Monte Serrat! Quer conhecer, recomendamos assistir ao Passeio em Santos a bordo do FUNICULAR DO MONTE SERRAT
Outras versões de funiculares
Outros exemplos de funiculares que surgiram depois da criação italiana são:
Chaumont Panoramic Funicular Railway, em La Coudre, Neuchatel, Suíça.
Bom Jesus do Monte, em Braga, Portugal
Monte Pilatus – Suíça
Salzburg – Áustria
Polybahn – Zurique – Suíça
Montmartre – Paris, França
Voilà – Noruega
Kiev – Ucrânia
Paris
Portugal
Funicular Noruega
Funicular Kiev
Os legados
Apesar de os funiculares terem se tornado uma atração turística em diversas cidades ao redor do mundo, a música “Funiculì, Funiculà” guarda a história e serve como um forte símbolo da alegria de viver e da ascensão apaixonada que a cultura napolitana vivenciava no período de modernização, num caminho raro de uma busca humana por uma comunhão entre indústria e o espaço definitivo da natureza. O que podemos observar nessa tentativa é o poder maior da natureza, que nos atrai até para perto de suas belezas destruidoras, mas que também nos afasta sem dificuldade, e demarca certos limites que, se bem observados, nos fazem aprender e celebrar nossos sonhos através de outras linguagens, como a da música, que se faz inabalável de geração em geração, com palavras que ecoam fora do alcance de qualquer erupção. E a canção, por sua vez, pode nos lembrar da importância de aproveitar a vida, explorar novos horizontes e celebrar a alegria de contemplarmos a natureza, enquanto subimos e subimos por onde conseguirmos. Funiculì, Funiculà!
A letra da música
Agora, aproveitem abaixo a letra da música, no dialeto napolitano e, depois, em português.
Ontem à tarde, oi Aninha, eu fui, sabes para onde, sabes para onde? Para onde este coração ingrato não pode me desprezar mais! Onde o fogo queima, mas se tu foges ele deixa estar! E não te persegue, não te consome,para que vejas o céu!… Vamos, vamos, pro topo vamos, já! Vamos, vamos, pro topo vamos, já! Funiculì – funiculà, funiculì – funiculà! Pro topo vamos, já, funiculì – funiculà!
Vamos do sopé à montanha, Aninha! Sem (termos de) caminhar! Podes ver a França,a Prócida e a Espanha… e eu vejo a ti! Puxados por uma corda, antes de nos darmos conta, vamos para o céu… Vamos rápidos como o vento e de repente, já saímos! Vamos, vamos, pro topo vamos, já! Vamos, vamos, pro topo vamos, já! Funiculì – funiculà, funiculì – funiculà! Pro topo vamos, já, funiculì – funiculà!
Subimos, Aninha, já chegamos ao topo! (O funicular) Foi, e retornou, e voltou novamente… Está sempre aqui! O topo gira, gira, ao redor, ao redor, ao redor de ti! Este coração canta sempre e não é arrogante Vamos nos casar, Aninha! Vamos, vamos, pro topo vamos, já! Vamos, vamos, pro topo vamos, já! Funiculì – funiculà, funiculì – funiculà! Pro topo vamos, já, funiculì – funiculà!
Traduzido com ajuda do dicionário da “Storia di Napoli”
A tarantella é uma das danças mais icônicas e vibrantes da Itália, conhecida por seus movimentos rápidos, ritmo enérgico e espírito apaixonado. Essa dança cativante tem raízes profundas na história e cultura italianas, e tudo começou em Taranto, cidade localizada no sul da Itália. Hoje vamos descobrir o que impulsionou essa expressão cultural e os significados que ela tem ainda hoje, na Itália e no mundo, quando realizada em festas típicas italianas.
Como é o caso de todas as expressões culturais antigas, que datam de séculos e mais séculos, as origens mais precisas são difíceis de rastrear: por exemplo, quem terá sido a primeira pessoa a realizar a dança? Não saberíamos apontar uma data específica, nem um nome. Há uma longa história de diversas influências culturais que moldaram essa dança. No entanto, a etimologia da palavra nos permite rastrear sua origem e o que podemos descobrir é algo bastante surpreendente e pouco sabido!
Origem da Tarantella
O nome “tarantella” vem de “taranta”, que é um termo do dialeto das regiões do sul da Itália, que nomeava a tarântula Lycosa, uma aranha venenosa muito encontrada no sul da Europa, e em particular, justamente, na zona rural de Taranto, de onde leva o seu nome. Estudiosos apontam que vocábulos como tarantela, taranta e tarantismo derivam, portanto, do nome da cidade de Taranto, que viria de uma raiz linguística mais antiga.
Nessas áreas, a dança da tarantela está parcialmente ligada a algo curioso: a terapia da mordida da tarântula. A tradição atribuía ao veneno desta aranha efeitos diversos, dependendo das crenças locais: melancolia, convulsões, sofrimento mental, agitação e dor física.
Quem era picado ou acreditava ter sido picado por uma tarântula ganhava no corpo um dinamismo exagerado, por isso seria uma prática a terapia de coreografias ao som de música, especialmente eficazes durante festas, como dos Santos Pedro e Paulo. O que se sabe é que, por meio da prática da dança, seria possível a expulsão do veneno através do suor. Como forma de cura, a dança frenética da tarantella então ajudaria a acelerar a circulação sanguínea, permitindo que o veneno fosse expelido do corpo. Essa compreensão não seria necessariamente acessada dessa maneira naquela época, quando as crenças populares difundidas eram de que a dança funcionaria como uma espécie de trabalho espiritual para liberar o corpo do veneno.
No entanto, é importante considerar que toda expressão cultural dessa magnitude não é criada a partir do nada. Há muitos elementos da tarantella, como a dança em círculo que veremos mais adiante, que nos remetem a movimentos da dança praticada pelos gregos e pelos romanos. Festas pagãs e rituais dionisíacos reuniam pessoas que se expressavam através da dança de grupo e que, portanto, desenvolviam simbologias, linguagens corporais e sentidos que, assim como acontece no desenvolvimento das línguas, criaram marcas e deixaram rastros duradouros para as expressões culturais que viriam a nascer mais tarde.
A tarantella ao longo do tempo
A Tarantella evoluiu ao longo dos séculos, adaptando-se às mudanças culturais e sociais da Itália. Durante o Renascimento, a dança era popular nas cortes nobres e era frequentemente realizada em celebrações da alta sociedade. Ela foi incorporada em peças de teatro e óperas da época, tornando-se uma parte essencial da cultura italiana.
Com o tempo, a Tarantella também se espalhou para diferentes regiões da Itália, cada uma desenvolvendo sua própria variação da dança. As versões regionais da Tarantella são muitas vezes reconhecidas por seus trajes tradicionais distintos e variações nos passos de dança.
No século XIX, a Tarantella experimentou um ressurgimento de popularidade na Itália, quando a dança foi incorporada em festivais folclóricos e se tornou uma forma de celebrar a identidade italiana.
Hoje, a tarantella continua viva na cultura italiana, sendo realizada em festivais ao redor do mundo, em casamentos e em outras celebrações italianas. Ela também é uma atração turística popular, com muitos visitantes estrangeiros encantados pela energia e pela paixão dessa dança tradicional.
Na prática
A dança acontece formando-se um círculo, que gira e dança no sentido horário até a música se tornar rápida, quando todos trocam de direção. O ciclo de idas e vindas ocorre algumas vezes, gradualmente ganhando uma velocidade tão grande que se torna difícil manter o ritmo. O som é composto pela voz de um cantor central, acompanhado por tamborim e castanholas.
As origens podem ser misteriosas, cheias de explicações inusitadas, mas o resultado é uma expressão corporal cheia de vida, que assim representa hoje, e já há muito tempo, a alegria de viver, a celebração de um grupo que encontra harmonia e vence o desafio de não tropeçar nos erros que surgirem nos passos cada vez mais rápidos dos companheiros de dança – a vida acelerada pedindo união, e a resposta da dança: conexão com as tradições ancestrais podem nos levar de volta a nós mesmos. A tarantella é verdadeiramente uma jóia da cultura italiana que continua a encantar e inspirar pessoas em todo o mundo!
Quer assistir a uma tarantella típica? Então aproveite a gravação abaixo, de muito sucesso no YouTube, feita na Itália, uma autêntica dança da tarantella durante uma festa em um restaurante! Registros como esse nos permitem enxergar um pouco do que teria sido, há séculos, expressões culturais em círculos pequenos, com poucas pessoas assistindo, em tavernas, em lugares desconhecidos, em casamentos não registrados nos livros de história!
Também recomendamos os registros feitos há anos pelo canal Tarantolato Oficial, em que estão publicadas algumas danças realizadas na Itália, em eventos pequenos e grandes.
Agora, me diga: você gosta de aprender com música? Pois então vamos relembrar um grande sucesso dos últimos anos, Amaremare, uma canção da artista pop contemporânea, Dolcenera, que inclusive inserimos em uma das nossas aulas em formato de live, quando o Prof. Darius analisou a letra da canção.
Se você já conhece, ou se ainda não ouviu, é uma grande chance de se movimentar, dançar e estudar com alegria e reflexão, pois a letra é bela! Aproveite e clique aqui para assistir à aula com música do Prof. Darius:
A Vespa é uma das scooters mais icônicas e amadas do mundo. Muito mais do que apenas um meio de transporte, ela é um símbolo de engenhosidade, design italiano e liberdade. Neste artigo, vamos explorar a história das vespas italianas, desde seus humildes primórdios até se tornarem um fenômeno global.
Os primeiros passos
A história da Vespa começa nos anos 1940, quando a Itália estava se recuperando dos estragos da Segunda Guerra Mundial. A empresa Piaggio, fundada em 1884, era originalmente uma fabricante de navios, trens e motores. No entanto, com a necessidade de transporte pessoal acessível e eficiente após a guerra, a Piaggio decidiu diversificar seus negócios e criar uma scooter.
O engenheiro aeronáutico Corradino D’Ascanio, conhecido por sua experiência em aviação, foi o cérebro por trás do design inovador da Vespa. Em vez de seguir os padrões das motocicletas da época, ele projetou uma scooter com estrutura monocoque, motor embutido e uma transmissão automática, características revolucionárias para a época. E o nome “Vespa” não precisa nem de tradução para nós, significa exatamente “vespa” em italiano, e foi escolhido devido à aparência do veículo e ao som de seu motor.
Em 1946, a primeira Vespa, modelo Vespa 98, foi lançada. Ela conquistou rapidamente o coração dos italianos e, em seguida, do mundo. Essa scooter foi uma das principais responsáveis por democratizar a mobilidade na Itália do pós-guerra, permitindo que as pessoas se deslocassem de forma eficiente e acessível.
As evoluções e os modelos clássicos
Com o sucesso da Vespa 98, a Piaggio continuou a desenvolver novos modelos e a aprimorar a scooter ao longo dos anos. A Vespa 125, lançada em 1948, foi a primeira a receber um farol dianteiro totalmente integrado ao paralama. Esse design icônico é uma das marcas registradas das Vespas clássicas.
Vespa 125
Ao longo das décadas, a Vespa passou por várias transformações e atualizações. O modelo Vespa 150, introduzido na década de 1950, se tornou um dos mais populares. Posteriormente, surgiram modelos como a Vespa Primavera e a Vespa PX, que se tornaram queridinhas dos entusiastas de scooters em todo o mundo.
A Vespa na cultura pop
A Vespa não é apenas um veículo; ela se tornou um ícone da cultura pop e do estilo de vida italiano. Sua presença em filmes de sucesso internacional, como “Roman Holiday” (A Princesa e o Plebeu), ajudou a solidificar sua imagem de um símbolo de romance e aventura. A Vespa também esteve presente em capas de revistas de moda e em várias músicas e letras de canções.
O fenômeno global
A popularidade da Vespa se espalhou rapidamente para além das fronteiras italianas. A scooter conquistou os corações de pessoas em todo o mundo, tornando-se um símbolo de mobilidade urbana inteligente. Seus modelos continuaram a evoluir, incorporando tecnologias modernas, mas sempre mantendo o design clássico que a tornou famosa.
A Vespa hoje
Hoje, a Vespa continua sendo fabricada pela Piaggio e é vendida em mais de 80 países. Não deixou de ser uma escolha popular entre os amantes de scooters, tanto para uso cotidiano quanto para lazer. E a tradição estética prevalece mesmo tantas décadas depois: os modelos modernos mantêm a essência do design original, com atualizações tecnológicas para atender às demandas dos tempos atuais.
Aqui no blog temos acompanhado ao longo das últimas semanas diversas criações originais da Itália, que carregam a cultura italiana para além das fronteiras. Dentre a variedade dessas criações de valor internacional, vimos uma prevalência de tradições milenares e seculares, a maioria do tempo do antigo Império Romano. Mas as raízes criativas da Itália são tão fortes que pudemos comprovar hoje que cabe, entre tantas tradições, também algo do tempo da indústria e da tecnologia.
A Vespa italiana é muito mais do que uma scooter; é um ícone que encapsula a paixão, o estilo de vida e a inovação italiana. Sua história rica e seu design atemporal fazem dela um objeto de desejo para colecionadores e entusiastas em todo o mundo. Que elas continuem a correr pelas ruas estreitas de burgos e comunas distantes e pelas avenidas das grandes cidades! Longa vida à Vespa!
Há milênios, os romanos podiam frequentar uma espécie de clube, com piscinas monumentais para banho público. Pode parecer algo apenas da modernidade, mas isso era uma realidade do Império. As Termas de Diocleciano, em italiano “Terme di Diocleziano,” foram um complexo de banhos públicos construído em Roma durante o reinado do imperador romano Diocleciano, que governou de 284 a 305 d.C. Este complexo era uma das maiores e mais grandiosas instalações termais da Roma Antiga.
As Termas de Diocleciano eram conhecidas por sua arquitetura impressionante e sua capacidade de acomodar um grande número de pessoas.
Além dos banhos termais, o complexo também continha uma série de outras instalações, como bibliotecas, áreas de exercício, jardins e espaços para entretenimento cultural.
Após a queda do Império Romano, as Termas de Diocleciano foram em grande parte abandonadas e, com o tempo, muitas de suas estruturas foram reaproveitadas para outros fins. Partes do complexo foram convertidas em igrejas cristãs. A mais famosa delas é a Basilica di Santa Maria degli Angeli e dei Martiri, construída no século XVI na parte central do complexo.
Estátuas em exposição no Museu Nacional Romano
Hoje em dia, as Termas de Diocleciano abrigam o Museu Nacional Romano, que exibe uma extensa coleção de artefatos e esculturas romanas, oferecendo aos visitantes a oportunidade de explorar a história e a cultura da Roma Antiga.
Curiosidades sobre Termas
Algumas curiosidades ajudam a visualizar um pouco do que é caminhar ao redor das Termas hoje em dia e do que teria sido chegar à Roma Antiga e adentrar um espaço suntuoso como esse. Ao longo dos últimos séculos, os arredores ganharam construções e monumentos que não estavam no projeto inicial.
Obelisco egípcio
O obelisco de Dogali é um exemplo; é um dos treze obeliscos de Roma, localizado na Avenida Luigi Einaudi, perto das Termas de Diocleciano. Foi encontrado em 1883 por Rodolfo Lanciani, perto da igreja Santa Maria sopra Minerva.
Estação ferroviária Termini
A Estação Ferroviária Termini tem esse nome justamente por causa das termas. A Stazione Termini, conhecida também como Roma Termini, é localizada no bairro que tem esse nome devido à proximidade das termas de Diocleciano. Essa é hoje uma das principais estações de trem de Roma, e foi construída no século XIX, com a entrada principal localizada de frente para as Termas.
Basilica di Santa Maria degli Angeli e dei Martiri
Como já dissemos, parte das Termas de Diocleciano foi convertida em uma igreja no século XVI, conhecida como a Basilica di Santa Maria degli Angeli e dei Martiri. A igreja preserva muitos elementos arquitetônicos originais das termas, incluindo as abóbadas e colunas, tornando-a um exemplo notável de como estruturas romanas antigas foram reutilizadas no contexto cristão.
Descoberta de ruínas Subterrâneas
Durante escavações e restaurações nas Termas de Diocleciano e nas áreas circundantes, foram feitas descobertas de ruínas subterrâneas, como corredores e câmaras, que não eram amplamente conhecidos. Isso revelou a complexidade da arquitetura das termas e a infraestrutura subjacente.
Uso dos Materiais
Durante a Idade Média e o Renascimento, muitos dos materiais de construção das Termas de Diocleciano foram retirados e utilizados em outras construções em Roma. Isso inclui a utilização de mármore e outros elementos arquitetônicos das termas em edifícios mais recentes da cidade.
A história das Termas de Diocleciano e suas descobertas arqueológicas continuam a ser uma área de interesse para estudiosos e arqueólogos, proporcionando insights valiosos sobre a arquitetura e a evolução do patrimônio histórico de Roma.
Alguns estudiosos se debruçam inclusive sobre a possibilidade de imaginar e simular o espaço original, para vermos como teriam sido as termas em seu tempo de glória. É o que já foi exercitado em vídeos como este, e é o que podemos ver na imagem abaixo:
Uma simulação 3D do que teria sido um espaço interno das Termas de Diocleciano
Expansão das exposições do Museu Nacional Romano
O Museu Nacional Romano é dividido em mais de um endereço, um deles é localizado nas Termas de Diocleciano, que tem uma coleção de achados arqueológicos em expansão ao longo dos anos. Muitos artefatos e esculturas romanos notáveis foram adicionados às exposições, proporcionando uma visão abrangente da história e da cultura romana.
As Termas de Diocleciano, localizadas no coração de Roma, são um espaço histórico que vale a pena ser visitado por turistas. Este complexo monumental não conta só com uma arquitetura magnífica, mas com uma história viva, graças ao reaproveitamento do espaço para finalidades de enriquecimento cultural.
As áreas internas são um exemplo impressionante da habilidade e grandiosidade arquitetônica romana. Suas enormes estruturas, abóbadas e colunas proporcionam uma visão da engenharia avançada da época, que resiste bravamente, em beleza e na qualidade estrutural, até os dias de hoje.
As Termas de Diocleciano estão convenientemente localizadas, tornando fácil a visita a outras atrações notáveis de Roma, como o Coliseu e o Fórum Romano.
Turistas podem caminhar de um espaço a outro sem demora, e explorar uma vasta coleção de artefatos e esculturas romanas no Museo Nazionale Romano, um tesouro histórico que oferece uma janela para o passado glorioso de Roma, com uma oportunidade de vivenciarmos um pouco do que teria sido deslumbrar-se com o cotidiano de uma das maiores civilizações da história. A visita a este espaço é uma experiência atemporal e enriquecedora para qualquer turista que deseje explorar a riqueza cultural e histórica de Roma.
E você gostaria de visitar esse espaço?
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