Nos últimos meses, o público amante dos produtos Made in Italy foi surpreendido com a notícia de que a Bialetti — criadora da icônica cafeteira Moka, símbolo da Itália em todo o mundo — havia sido adquirida pelo grupo asiático NUO Capital.

Eis que, contrariando a noção superficial de que as marcas italianas, de modo geral, atravessam um período de dificuldades, o Grupo Ferrero anunciou a compra da centenária empresa americana WK Kellogg por US$ 3,1 bilhões.

A multinacional italiana conhecida por marcas como Nutella, Kinder, Tic Tac e Ferrero Rocher dá, dessa forma, um primeiro passo no enorme mercado de cereais matinais da América do Norte, ampliando significativamente seu portfólio e suas “ocasiões de consumo”.

Detalhes da operação

  • A compra foi feita a US$ 23 por ação, valor que representa um prêmio de 31% em relação à cotação anterior da WK Kellogg.
  • A aquisição abrange os negócios nos Estados Unidos, Canadá e Caribe, incluindo produção, marketing e distribuição.
  • O negócio ainda depende de aprovações regulatórias e deve ser concluído até o segundo semestre de 2025.

As empresas envolvidas

  • A WK Kellogg é dona de marcas icônicas como Frosted Flakes (Sucrilhos), Froot Loops e Rice Krispies. A empresa foi desmembrada da antiga Kellogg em 2023, ficando com a área de cereais, enquanto o segmento de biscoitos passou a se chamar Kellanova, vendida posteriormente para a Mars.
  • A Ferrero é hoje a terceira maior fabricante de chocolates do mundo, com faturamento superior a 18 bilhões de euros e atuação em mais de 170 países.

Estratégia de crescimento

Para Giovanni Ferrero, presidente do grupo, a compra da WK Kellogg não é apenas uma aquisição, mas a união de duas empresas com legados sólidos e públicos fiéis. A Ferrero busca, com esse movimento, consolidar sua presença nos Estados Unidos, diversificando seu portfólio além do chocolate e explorando novas categorias, como cereais e sorvetes (em 2022, já havia comprado a Bomb Pops).

Gary Pilnick, CEO da WK Kellogg, destacou que a união trará mais recursos e flexibilidade para expandir as marcas em um mercado “competitivo e dinâmico”, além de abrir espaço para novos horizontes além dos cereais tradicionais.

A aquisição da WK Kellogg pela Ferrero não é apenas um movimento estratégico no competitivo mercado norte-americano. É também uma afirmação de vitalidade, ambição e visão de longo prazo por parte de uma das mais emblemáticas empresas italianas.

Em um momento em que muitos temem pela perda de protagonismo de marcas históricas da Itália — como no caso da Bialetti —, a Ferrero mostra que o espírito empreendedor italiano continua a ocupar espaço de destaque no cenário global, não como peça de museu, mas como protagonista de novas conquistas.

Para quem ama o Made in Italy, essa notícia é um lembrete de que tradição e inovação, quando caminham juntas, podem não apenas preservar uma identidade, mas projetá-la ainda mais longe.