Na Itália, o dia 1º de novembro é dedicado a Ognissanti (Festa de Todos os Santos), um dia especial para honrar todos os santos, até aqueles menos conhecidos ou que não têm uma data própria no calendário. Esta celebração cai um dia antes do Giorni dei morti, celebrado em 2 de novembro. Curiosamente, enquanto no Brasil o Dia dos Mortos é um feriado oficial, na Itália apenas o Ognissanti é feriado nacional, ao passo que a data seguinte é mais dedicada à visita dos cemitérios e ao respeito aos entes queridos falecidos, não sendo um dia de descanso obrigatório.
A origem de Ognissanti
A origem da Festa de Todos os Santos remonta ao início do cristianismo e foi estabelecida pela Igreja Católica para celebrar todos os santos e mártires. Assim como ocorreu com tantas outras festividades católicas, sua origem está na reinterpretação de um antigo símbolo pagão; neste caso, o do famoso Pantheon, templo dedicado a todas as divindades romanas, simbolizando a união entre céu e terra, humano e divino.
Ludovico Brea: Retábulo de Todos os Santos (1510-13) – Gênova, Santa Maria di Castello
O nome Pantheon, justamente, vem do grego Pan-theon, que significa “de todos os deuses”. Originalmente construído em 27 a.C. por Marco Agripa, colaborador do imperador Augusto, foi reconstruúdo pelo imperador Adriano no século II d.C., criando a estrutura grandiosa que conhecemos hoje, com sua imponente cúpula e o oculus, uma abertura circular no topo que deixava entrar luz natural e simbolizava o olhar dos deuses.
No século VII, o Papa Bonifácio IV decidiu consagrar o templo para a Virgem Maria e todos os mártires cristãos, transformando-o, assim, em um ícone cristão que representava a vitória do cristianismo sobre o paganismo e reafirmando a devoção a todos os santos.
Outra curiosidade diz respeito ao dia escolhido para a festividade: Inicialmente, a Festa de Todos os Santos foi fixada no dia 13 de maio, mas, no século IX, o Papa Gregório IV mudou a data para 1º de novembro, novamente com o intuito de ressignificar tradições pagãs já recorrentes naquela data.
Tradições de Ognissanti
A Festa de Todos os Santos também é um momento para algumas tradições culinárias na Itália! Em várias regiões, é comum preparar doces típicos em homenagem aos mortos, como o pan dei morti na Lombardia e as fave dei morti, consumidas em muitas partes da Itália. Essas iguarias são um símbolo de carinho e respeito, honrando a memória daqueles que já se foram.
E assim, relembrando e honrando nossos antepassados, concluímos este artigo, reforçando o convite para que você acompanhe nossos conteúdos nas diversas plataformas, onde celebramos a herança linguística e cultural que transcende as barreiras geográficas da península itálica e se faz viva no nosso dia a dia no Brasil!
O Dia de São Francisco de Assis, celebrado em 4 de outubro, é uma ocasião especial para honrar a vida e o legado de um dos santos mais reverenciados da Igreja Católica. São Francisco de Assis é conhecido por sua profunda devoção religiosa, amor pelos animais e conexão profunda com a natureza. É amplamente considerado o patrono dos animais e do meio ambiente, representando valores que transcendem as fronteiras religiosas e inspiram causas ecológicas globais. Neste dia, milhões de pessoas em todo o mundo se reúnem para homenagear esse santo e refletir sobre os valores que ele representou.
A vida de São Francisco de Assis
São Francisco de Assis nasceu no final do século XII, em Assis, uma pequena cidade na Itália central. Ele nasceu como Giovanni di Pietro di Bernardone, mas ficou conhecido como Francisco depois de renunciar à riqueza de sua família para viver uma vida de simplicidade e devoção religiosa. Sua juventude foi marcada por riqueza, mas, após uma experiência espiritual profunda, ele decidiu renunciar à vida de luxos e abraçar a simplicidade e a pobreza, dedicando-se inteiramente a Deus. Sua conversão ocorreu depois de uma visão e um encontro com um leproso, que o levaram a abraçar a pobreza, renunciar às riquezas mundanas e dedicar sua vida a Deus.
São Francisco fundou a Ordem dos Frades Menores, conhecida como franciscanos, que se tornou uma das ordens religiosas mais influentes da época. Ele também é famoso por seu Cantico delle creature (conhecido também como Cântico do Irmão Sol), um poema que louva a criação e reconhece a presença de Deus em todas as coisas da natureza. Ao final deste artigo, colocamos o texto em italiano e traduzido, para que você possa ler e praticar os significados da tradução.
A Conversão de São Francisco de Assis
A conversão de São Francisco é frequentemente atribuída a um encontro com um leproso, que o fez refletir sobre a compaixão e a verdadeira natureza da fé. Seu desejo de viver em harmonia com todas as criaturas e sua convicção de que Deus está presente em cada elemento da natureza o destacaram como uma figura singular no cristianismo. Sua devoção aos animais é simbolizada por histórias de como ele conversava com os pássaros e de como conseguia acalmar lobos ferozes. São Francisco também é frequentemente retratado em obras de arte abraçando um lobo.
O amor pelos animais e pela natureza
São Francisco é particularmente conhecido por seu profundo amor e respeito pelos animais e pela natureza. Sua devoção aos animais é simbolizada por histórias de como ele conversava com os pássaros e de como conseguia acalmar lobos ferozes. São Francisco também é frequentemente retratado em obras de arte abraçando um lobo.
Os pássaros
Um episódio famoso em sua vida foi a pregação aos pássaros. Segundo a lenda, São Francisco viu um grupo de pássaros em uma árvore e, em vez de continuar sua pregação para as pessoas, começou a falar com os pássaros, pedindo que ouvissem a mensagem de Deus. Essa história reflete sua crença na importância de incluir todas as criaturas na mensagem de amor e respeito divino.
O Legado Ecológico de São Francisco de Assis
Além de seu papel religioso, São Francisco de Assis é frequentemente lembrado como um dos primeiros defensores do ambientalismo. Sua visão holística do mundo natural e seu respeito pela criação de Deus inspiraram muitas causas ecológicas modernas. Ele é visto como uma figura icônica que nos lembra da importância de preservar o meio ambiente e viver em sintonia com a natureza.
A Lenda de São Francisco e o Lobo
Outra história popular é a de São Francisco e o Lobo de Gubbio, onde ele teria acalmado um lobo que aterrorizava uma vila. A cena, frequentemente retratada em obras de arte, destaca o espírito pacificador de São Francisco e seu dom especial de se conectar com os animais.
A bênção dos animais
Uma tradição especial no Dia de São Francisco de Assis é a chamada “Bênção dos Animais”. Muitas igrejas e comunidades realizam cerimônias especiais onde os fiéis trazem seus animais de estimação para serem abençoados. Essas bênçãos simbolizam o compromisso de São Francisco com a harmonia entre os seres humanos, os animais e a natureza.
As bênçãos dos animais podem incluir uma variedade de animais de estimação, desde cães e gatos até coelhos, pássaros e cavalos. As cerimônias são uma oportunidade para os donos de animais expressarem gratidão por seus companheiros leais e pedirem proteção e bênçãos divinas para eles.
O legado de São Francisco de Assis
O Dia de São Francisco de Assis não é apenas uma celebração religiosa, mas também uma oportunidade para refletir sobre a importância da compaixão, do amor pela natureza e do respeito por todas as formas de vida. Por isso, o legado de São Francisco continua a inspirar pessoas de todas as religiões e crenças a cuidar do meio ambiente e a tratar os animais com bondade. Muitos inclusive atribuem esse valor sagrado de São Francisco às causas ecológicas, cada vez mais urgentes em nosso tempo.
Exemplo
Além das causas práticas e coletivas, a vida de São Francisco é também um exemplo de valores pessoais para o autocuidado, sobre os meios de interação com tudo que existe na vida, sobre como alguém pode então encontrar a paz e a realização através da simplicidade, da humildade e da fé.
As palavras e ações de São Francisco ecoam ao longo dos séculos, lembrando-nos da importância de viver de acordo com nossos valores mais profundos e de como cuidar do mundo que nos cerca.
Você sabia de toda essa devoção à natureza? Antes que de te apresentar ao texto do Cantico delle creature, aproveite também para nos acompanhar nos outros conteúdos que já fizemos sobre São Francisco de Assis em nosso canal no YouTube:
Buona visione!
Cantico delle creature, de São Francisco de Assis
E agora, o momento da leitura do Cantico delle creature, de São Francisco de Assis:
Altissimo, Onnipotente Buon Signore, tue sono le lodi, la gloria, l’onore e ogni benedizione.
A te solo, o Altissimo, si addicono e nessun uomo è degno di menzionarti.
Lodato sii, mio Signore, insieme a tutte le creature, specialmente per il signor fratello sole, il quale è la luce del giorno, e tu tramite lui ci dai la luce. E lui è bello e raggiante con grande splendore: te, o Altissimo, simboleggia.
Lodato sii, o mio Signore, per sorella luna e le stelle: in cielo le hai create, chiare preziose e belle.
Lodato sii, mio Signore, per fratello vento, e per l’aria e per il cielo; per quello nuvoloso e per quello sereno, per ogni stagione tramite la quale alle creature dai vita.
Lodato sii, mio Signore, per sorella acqua, la quale è molto utile e umile, preziosa e pura.
Lodato sii, mio Signore, per fratello fuoco, attraverso il quale illumini la notte. Egli è bello, giocondo, robusto e forte.
Lodato sii, mio Signore, per nostra sorella madre terra, la quale ci dà nutrimento e ci mantiene: produce diversi frutti, con fiori variopinti ed erba.
Lodato sii, mio Signore, per quelli che perdonano in nome del tuo amore, e sopportano malattie e sofferenze.
Beati quelli che le sopporteranno serenamente, perché dall’Altissimo saranno premiati.
Lodato sii, mio Signore, per la nostra sorella morte corporale, dalla quale nessun essere umano può scappare; guai a quelli che moriranno mentre sono in peccato mortale.
Beati quelli che troveranno la morte mentre stanno rispettando le tue volontà. In questo caso la morte spirituale non procurerà loro alcun male.
Lodate e benedite il mio Signore, ringraziatelo e servitelo con grande umiltà.
Tradução
Altíssimo, onipotente, bom Senhor,
teus são o louvor, a glória e a honra e toda a bênção.
Somente a ti, ó Altíssimo, eles convém,
e homem algum é digno de mencionar-te.
Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas,
especialmente o Senhor Irmão Sol,
o qual é dia, e por ele nos iluminas.
E ele é belo e radiante com grande esplendor,
de ti, Altíssimo, traz o significado.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã lua e pelas estrelas,
no céu as formaste claras e preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento,
e pelo ar e pelas nuvens e pelo sereno e todo o tempo,
pelo qual às tuas criaturas dás sustento.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água,
que é mui útil e humilde e preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo
pelo qual iluminas a noite,
e ele é belo e agradável e robusto e forte.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa, a mãe terra
que nos sustenta e governa
e produz diversos frutos com coloridas flores e ervas.
Louvado sejas, meu Senhor, por que perdoam pelo teu amor,
E suportam enfermidade e tribulação.
Bem aventurados aqueles que as suportarem em paz, porque por ti, Altíssimo, serão coroados.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa, a morte corporal,
da qual nenhum homem vivente pode escapar.
Ai daqueles que morrerem em pecado mortal:
bem-aventurados os que ela encontrar na tua santíssima vontade,
porque a morte segunda não lhes fará mal!
Louvai e bendizei ao meu Senhor,
e rendei-lhe graças e servi-o com grande humildade.
Hoje falaremos de Franco Basaglia, psiquiatra italiano, tornou-se uma figura central na transformação do cenário da saúde mental com sua visão revolucionária na década de 1960. Esta é da série de artigos em que apreciamos e destacamos italianos e italianas de grande impacto mundial. São pessoas cujo trabalho de vida garantiu que a Itália, e até mesmo o mundo inteiro, desse passos importantes na direção da construção de uma civilização mais consciente, humana e funcional.
E estamos nos aproximando do centenário de nascimento de Franco Basaglia (1924~1980), que nasceu em San Polo, Veneza. Ele foi psiquiatra e médico neurologista, e sua abordagem inovadora entrou para a história por questionar a eficácia e a humanidade dos manicômios tradicionais. O resultado de sua luta levou à chamada “Reforma Psiquiátrica Italiana”. Hoje vamos falar um pouco desse legado importante e duradouro, sobre seus princípios fundamentais e sobre a influência significativa que sua abordagem teve no Brasil e além.
Uma frase muito usada por Basaglia era “Visto da vicino nessuno è normale”, ou seja, “visto de perto, ninguém é normal”, que se tornou praticamente um ditado, e é uma ótima maneira de introduzirmos o significado da revolução de Basaglia.
A década de 1960 viu uma mudança radical no pensamento de Basaglia em relação ao tratamento de pacientes psiquiátricos na Itália. Sua crítica aos manicômios, instituições opressivas e desumanas, inspirou a busca por alternativas mais humanas. A Reforma Psiquiátrica Italiana, liderada por ele, procurou substituir a internação em massa por serviços de saúde mental comunitários, incentivando a inclusão social e o tratamento baseado na dignidade humana.
A abordagem revolucionária
Os princípios fundamentais de Basaglia eram centrados na desinstitucionalização e na necessidade de compreender o contexto social dos transtornos mentais. Ele argumentava que a segregação aumentava o sofrimento psicológico dos pacientes e, portanto, passou a defender uma abordagem mais integrada, considerando não apenas o indivíduo, mas também sua interação com a sociedade.
E o legado de Basaglia transcendeu as fronteiras italianas, impactando a abordagem global à saúde mental. Sua visão influenciou movimentos similares em diferentes partes do mundo, inspirando esforços para a desinstitucionalização e a criação de serviços comunitários mais eficazes e centrados na pessoa.
A influência de Basaglia no Brasil
Hoje Basaglia é conhecido como “o homem que fechou os asilos”, porque ele foi pai da lei 180 (Lei Basaglia), que fechou manicômios na Itália e deu fim a uma longa história de torturas e marginalizações de pessoas estigmatizadas. O impacto do seu pensamento influenciou a maneira como os tratamentos poderiam ser pensados: em 1971, ele tornou-se diretor do hospital psiquiátrico de Trieste. Foi quando implementou a ideia de oficinas de pintura artística e teatro, para que os pacientes, através da criatividade, pudessem representar a si mesmos e assim expressar suas angústias e inseguranças.
Não apenas a Itália é mais civilizada devido ao pensamento deste grande médico. Suas ações tiveram grande impacto também no Brasil, que ele visitou em 1979, ajudando a estabelecer o caminho para a Reforma Psiquiátrica brasileira.
A emergência do movimento antimanicomial foi assim em grande parte inspirado nas ideias de Basaglia. O fechamento progressivo dos manicômios também aqui no Brasil, a criação de serviços de saúde mental comunitários e a ênfase na inclusão social foram características marcantes desse movimento no Brasil.
Desafios atuais
Apesar dos avanços, a implementação completa das ideias de Basaglia enfrenta desafios. A falta de recursos, estigma persistente em relação a transtornos mentais e resistência às mudanças são obstáculos a serem superados. No entanto, o espírito da Reforma Psiquiátrica Italiana permanece relevante, instigando a busca por soluções inovadoras e humanizadas na saúde mental contemporânea.
Franco Basaglia entra então para a nossa lista de italianos ilustres, responsável por deixar um legado transformador na maneira como a sociedade pensa o lugar das dores, das queixas e das possíveis curas referentes à saúde mental. A visão corajosa de Basaglia desafiou paradigmas estabelecidos, abrindo caminho para uma compreensão mais holística e compassiva dos transtornos mentais. Seu impacto no Brasil e em todo o mundo destaca a importância de continuarmos a revolução na saúde mental, mantendo a busca por tratamentos que respeitem a dignidade e a singularidade de cada indivíduo. Basaglia nos lembra que a mudança é possível, e a jornada para uma saúde mental mais inclusiva e justa continua.
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Salvo D’Acquisto, um jovem italiano nascido em Nápoles em 1920, tornou-se um símbolo extraordinário de heroísmo e sacrifício durante os sombrios dias da Segunda Guerra Mundial. Sua história é um testemunho do altruísmo em face da brutalidade da ocupação nazista na Itália e permanece como uma inspiração duradoura de coragem.
Em setembro de 1943, após a queda do regime fascista de Mussolini, as forças alemãs ocuparam a Itália. Salvo D’Acquisto, então um jovem de apenas 23 anos, servia nas forças paramilitares italianas conhecidas como Guardia di Finanza. Em setembro de 1944, ele foi designado para uma patrulha na cidade de Fiumicino, nos arredores de Roma.
Durante uma operação de rotina, alguns militares alemães foram feridos e outros morreram em uma explosão causada por armas que a Guardia di Finanza tinha sequestrado. Segundo os alemães, tratava-se de um atentado, enquanto a Guardia di Finanza, com D’Acquisto chefe, disse que ninguém era responsável, porque foi algo acidental.
Os alemães ameaçaram dizendo que se os responsáveis não se entregassem, fariam um represália e matariam 22 residentes que foram presos. Sabendo dessa iminente represália alemã, o jovem soldado fez uma escolha extraordinária: para proteger seus companheiros, ele decidiu assumir a responsabilidade pelos ataques, alegando que agiu sozinho.
Quando os oficiais alemães chegaram para interrogar D’Acquisto, ele manteve sua versão da história, recusando-se a trair seus companheiros. Em 23 de setembro de 1944, Salvo D’Acquisto foi executado em fuzilamento pelos nazistas. Seu ato heroico, assumindo a responsabilidade por ações que não eram suas para proteger os outros, personificou o sacrifício e é até hoje um símbolo forte da coragem em meio à brutalidade da guerra.
E o legado de Salvo D’Acquisto transcendeu os anos de guerra. Ele foi postumamente condecorado com a Medalha de Ouro de Valor Militar, uma das mais altas honrarias italianas. Sua história é frequentemente contada como um exemplo de coragem e retidão em tempos de adversidade.
Além das condecorações, D’Acquisto se tornou um símbolo nacional na Itália, homenageado em monumentos, praças e em instituições educacionais. Sua cidade natal, Nápoles, ergueu uma estátua em sua memória, e escolas por todo o país contam sua história.
Outras localidades ao redor da Itália homenageiam D’Acquisto também com estátuas, e ele já foi ilustrado em selos dos correios.
Em 1975, o diretor Romolo Guerrieri levou ao cinema o filme homônimo “Salvo D’Acquisto”, com Massimo Ranieri no papel de D’Acquisto.
O heroísmo de Salvo D’Acquisto também ressoa além das fronteiras italianas. Seu exemplo inspira pessoas em todo o mundo, servindo como um lembrete de que, mesmo em tempos de guerra e ocupação, indivíduos corajosos podem tomar decisões extraordinárias para proteger aqueles que amam e acreditar em princípios mais elevados de humanidade.
Ao explorar a vida e o sacrifício de Salvo D’Acquisto, encontramos não apenas uma história de coragem singular, mas também uma lembrança perene de que, mesmo nas circunstâncias mais sombrias, a luz do heroísmo pode brilhar intensamente. Sua memória continua a ecoar como um farol de esperança e inspiração, recordando-nos da força intrínseca da bondade humana mesmo em meio à brutalidade da guerra.
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Em meio ao caos e à brutalidade das guerras, sempre surgem histórias extraordinárias de coragem e humanidade que iluminam os momentos mais sombrios da história. Giorgio Perlasca, um italiano corajoso e compassivo: um comerciante de carnes que se viu diante de uma chance de fazer um grande bem para a humanidade – crucial na salvação de milhares de vidas perseguidas pelo regime nazista. E ele emergiu como um verdadeiro herói humanitário, um eroe silenzioso e sconosciuto, como falam na Itália quando se referem a ele. O papel que desempenhou foi tão engenhoso que parece inventado para algum filme de Hollywood.
Giorgio Perlasca
Nascido em 31 de janeiro de 1910, em Como, Itália, Giorgio Perlasca inicialmente serviu como voluntário no exército italiano durante a Guerra Civil Espanhola. No entanto, sua vida tomou um rumo extraordinário quando, em 1941, foi convocado para servir na frente oriental ao lado das forças alemãs durante a invasão da União Soviética. Testemunhando os horrores da guerra, Perlasca tornou-se cada vez mais crítico em relação ao regime fascista e suas alianças.
Em 1942, Perlasca foi chamado de volta à Itália devido a uma doença. Em vez de retornar ao fronte, ele decidiu desertar do exército italiano. Ao se recusar a aderir à República Social Italiana de Mussolini, foi caçado até mesmo pelos alemães. Após uma fuga inicial, ele se entregou, foi preso e internado. Posteriormente, porém, escapou utilizando uma autorização médica falsa e buscou refúgio na embaixada espanhola, com a intenção inicial de retornar à Itália por intercessão espanhola.
Com uma crescente aversão ao fascismo e ao nazismo, Giorgio Perlasca encontrou sua verdadeira vocação quando, por um golpe do destino, se viu em Budapeste, Hungria, durante a ocupação nazista.
Ao chegar em Budapeste, Perlasca testemunhou de perto a perseguição brutal aos judeus e a outros grupos minoritários pelos nazistas. Comovido pela tragédia humana que se desenrolava diante de seus olhos, ele decidiu agir. Inspirado pelo legado do diplomata suíço Carl Lutz, que havia emitido passaportes de proteção para judeus húngaros, Perlasca decidiu seguir um caminho semelhante.
Perlasca, graças ao seu conhecimento de várias línguas, incluindo espanhol, alemão, francês e um pouco de húngaro, juntou-se ao embaixador Ángel Sanz Briz numa tentativa de salvar judeus de Budapeste. Sem qualquer apoio oficial de seu próprio governo, Perlasca corajosamente assumiu a identidade de um adido militar espanhol, e adaptou o nome: Jorge Perlasca. Utilizando os documentos diplomáticos que havia obtido durante sua participação na Guerra Civil Espanhola, adotou essa nova identidade e se declarou um falso Cônsul Geral de Espanha em Budapeste.
Usando sua falsa autoridade diplomática, Perlasca começou a conceder passaportes de proteção e vistos para milhares de judeus húngaros, oferecendo-lhes uma chance de escapar da deportação e da morte certa nos campos de concentração nazistas. Ele abrigou judeus em edifícios designados como propriedades espanholas e desafiou abertamente as autoridades nazistas, enfrentando riscos significativos para sua própria vida.
Ao longo de 45 dias cruciais entre novembro e dezembro de 1944, Giorgio Perlasca desempenhou um papel vital na resistência contra o Holocausto em Budapeste, salvando a vida de mais de cinco mil pessoas. Sua coragem e determinação foram fundamentais para preservar a humanidade diante do ódio e da perseguição.
Depois de salvar 5218 pessoas, Perlasca queimou seus documentos falsos espanhóis e retornou à Itália, onde seguiu vivendo com modéstia – e durante décadas não revelou suas ações humanitárias para ninguém. Foi encontrado pela comunidade judaica apenas no fim dos anos 80, quando ele disse: “Não pude resistir à visão de um povo que era marcado como animal, a ver crianças assassinadas. Não creio que eu tenha sido um herói”.
Após a guerra, a história de Giorgio Perlasca permaneceu, por muitos anos, pouco conhecida fora da Itália. No entanto, em décadas mais recentes, seu heroísmo recebeu maior reconhecimento internacional. Ele foi homenageado com diversos prêmios, incluindo o título “Justo entre as Nações”, em 1989,concedido pelo Yad Vashem, memorial do Holocausto em Jerusalém.
A vida de Giorgio Perlasca é uma lição de coragem, empatia e resistência contra a injustiça. Seu legado continua a inspirar e recordar o poder transformador de ações individuais positivas em meio à escuridão da guerra. Ao contar a história de Perlasca, celebramos não apenas um homem notável, mas também reafirmamos a importância de defender os valores humanos fundamentais, mesmo nas circunstâncias mais adversas.
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Ferdinando Scianna, nascido em 1943 em Bagheria, Sicília, tem um marcante legado como um dos mais proeminentes fotógrafos italianos contemporâneos. Sua carreira, que se desenrolou ao longo de décadas, foi caracterizada por um olhar aguçado para capturar a vida cotidiana, a cultura e as complexidades sociais da Itália.
Quem foi Ferdinando Scianna
Iniciando sua trajetória nos anos 1960, Scianna rapidamente se destacou por sua habilidade em contar histórias visualmente. Sua entrada na agência Magnum Photos, em 1982, solidificou seu lugar no cenário internacional da fotografia. Ao longo de sua carreira na Magnum, ele contribuiu de maneira significativa para o fotojornalismo e a documentação visual.
Uma das características distintivas do trabalho de Scianna é sua capacidade de fundir elementos de tradição e de modernidade em suas imagens. Ele explora a riqueza da cultura italiana, desde suas festividades e tradições até suas complexidades sociais. Suas fotografias frequentemente capturam a essência da vida nas ruas, revelando a beleza e a efemeridade nas pequenas nuances do cotidiano.
Sua história e legado
Além do olhar documental, Scianna também se aventurou no mundo da moda. Suas colaborações com designers renomados resultaram em imagens que transcendem a simples apresentação de roupas, incorporando narrativas visuais envolventes. Ele conseguiu unir sua sensibilidade artística com uma perspectiva social profunda, criando imagens que eram simultaneamente esteticamente atraentes e carregadas de significado.
A Sicília, sua terra natal, desempenhou um papel central em muitos projetos de Scianna. Ele frequentemente explorava as paisagens e as tradições da ilha, utilizando-as como cenário para suas narrativas visuais. Sua conexão pessoal com a Sicília transparecia em suas fotografias, que capturavam a complexidade e a riqueza cultural dessa região italiana.
Ao longo de sua carreira, Scianna recebeu inúmeros prêmios e reconhecimentos por suas contribuições à fotografia. Seu legado vai além das imagens individuais; ele ajudou a moldar a percepção visual da Itália e influenciou gerações de fotógrafos.
Ferdinando Scianna construiu um trabalho que continua a inspirar e cativar. Sua capacidade de capturar a alma da Itália, sua habilidade em contar histórias visualmente e seu olhar perspicaz são uma valiosa contribuição para a fotografia contemporânea. O trabalho de Scianna não apenas é presente nas galerias de arte e na rememoração da vida italiana das últimas décadas, mas também na percepção coletiva da beleza e complexidade da arte da fotografia.
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