Nos últimos anos, o nível B1 de proficiência em italiano tem ganhado destaque, especialmente desde o final de 2018, quando se tornou um requisito para a concessão da cidadania italiana por matrimônio. Mas o que exatamente significa “nível B1”? Quem define esses níveis em uma língua estrangeira e por que o B1 foi escolhido como critério para a cidadania por matrimônio?
O Quadro Comum Europeu de Referência para as Línguas (CEFR)
O Quadro Comum Europeu de Referência para as Línguas (CEFR) foi desenvolvido pelo Conselho da Europa com o objetivo de criar uma base comum para o ensino e a avaliação das línguas em toda a Europa. Este documento define as competências que os estudantes de línguas devem desenvolver, distribuídas em quatro habilidades principais: ler, escrever, ouvir e falar.
O CEFR divide o aprendizado da língua em seis níveis: A1, A2, B1, B2, C1 e C2. Esses níveis estão agrupados em três categorias principais: iniciante (A1 e A2), intermediário (B1 e B2) e avançado (C1 e C2). O nível B1, especificamente, é considerado um nível de “limiar”, chamado em italiano de “livello soglia”, o que simboliza a transição do nível iniciante para o intermediário. Neste estágio, a pessoa é capaz de se comunicar em situações cotidianas e de se expressar de forma simples sobre projetos, sonhos e opiniões, tanto na língua falada quanto na escrita.
Como é a Prova de Nível B1?
As provas de proficiência de nível B1 em italiano avaliam as quatro habilidades linguísticas através de diferentes tipos de questões e atividades. Os exames incluem tarefas como:
Leitura: Interpretação de textos simples, como artigos jornalísticos ou instruções para utilizar serviços na Itália.
Escuta: Compreensão de trechos de entrevistas ou conversas sobre temas cotidianos, com áudios claros e fala moderada.
Produção Escrita: Redação de e-mails formais ou informais, por exemplo, para trabalho, aluguel de imóveis, ou reclamações sobre serviços.
Conversação: Habilidade para falar sobre si mesmo, seus gostos, interesses, e também sobre elementos culturais do seu país de origem e da Itália.
Certificados de Proficiência em Italiano
Atualmente, existem quatro principais exames oficiais que conferem certificados de proficiência em italiano:
PLIDA (Società Dante Alighieri)
Cert.it (Università Roma Tre)
CELI (Università per Stranieri di Perugia)
CILS (Università per Stranieri di Siena)
Esses exames são organizados de forma a avaliar as quatro habilidades linguísticas conforme as diretrizes do CEFR. Cada um possui suas peculiaridades, mas todos são amplamente reconhecidos e aceitos para diversos fins, como estudos acadêmicos e oportunidades de trabalho na Itália.
Requisito para Reconhecimento da Cidadania por Matrimônio (Cidadania por casamento)
Desde 2018, a legislação italiana passou a exigir a comprovação do nível B1 de proficiência em italiano para a concessão da cidadania por matrimônio (cidadania por casamento). Esta exigência foi introduzida como uma forma de garantir que os candidatos possuam um nível mínimo de competência na língua italiana, necessário para participar ativamente na vida social e cultural do país.
Qual Certificado é Aceito para a Cidadania?
Para o processo de cidadania por matrimônio, um dos certificados aceitos é o CILS B1 Cittadinanza, criado especificamente em 2019 para atender a essa nova exigência. A principal diferença entre o CILS B1 Cittadinanza e outros certificados B1 é que ele é um exame mais curto, focado nas necessidades específicas de quem busca a cidadania por matrimônio.
No entanto, outros certificados de nível B1 ou superior, emitidos por uma das quatro instituições mencionadas anteriormente, também são aceitos no processo de cidadania por matrimônio. Vale ressaltar que esses certificados não possuem data de validade, o que significa que uma vez obtido, o certificado poderá ser utilizado para o processo de cidadania em qualquer momento.
Outras Vantagens de Obter um Certificado de Proficiência
Além de ser um requisito para a cidadania por matrimônio, obter um certificado de proficiência em italiano pode ser vantajoso em outras situações:
Estudos: Universidades italianas frequentemente exigem o nível B1 para cursos de graduação e o nível B2 para programas de pós-graduação e intercâmbios.
Trabalho: Ter um certificado de proficiência pode ser um diferencial significativo no mercado de trabalho, especialmente para quem busca oportunidades na Itália.
Desenvolvimento Pessoal: Para muitos, o exame de proficiência é uma forma de testar seus conhecimentos e se desafiar a alcançar novos níveis de competência na língua.
E você, pretende fazer algum exame de proficiência em italiano? Ou pretende ter sua cidadania italiana por casamento? Se a resposta for sim, assista às aulas do curso preparatório grátis PROVA B1 ITALIANO da ITALICA, onde explicamos tudo a respeito do exame CILS B1 cittadinanza: como descobrir as datas e locais de aplicação, qual é a estrutura da prova, como funciona o dia da prova e muito mais. No curso, inclusive, realizamos um simulado da prova B1 italiano CILS B1 Cittadinanza, para você chegar super preparado(a) no dia! Acesse o link aqui e bons estudos!
É no dia 25 de outubro que se celebra a Giornata Mondiale della Pasta, o Dia Mundial do Macarrão. A data foi estabelecida tomando como referência a data de início do Congresso Mundial do Macarrão, realizado em 1995 – em Roma, na Itália. E começou a ser festejado no Brasil em 1998. Apesar de o macarrão ser uma das artes culinárias mais antigas da humanidade, essa data comemorativa é uma criação relativamente recente. Vamos explorar a fascinante trajetória do macarrão, desde suas origens antigas até se tornar um prato amado no mundo inteiro.
A origem do macarrão
Acredita-se que os primeiros indícios do consumo de massa na Itália datam do período etrusco, por volta do século IV a.C. O macarrão, em suas diversas formas, é um alimento que acompanha a humanidade desde os primórdios. Pratos à base de massas existiriam desde que a humanidade descobriu que podia moer cereais e misturá-los com água para criar uma pasta. Estudiosos apontam esse feito a uma antiguidade distante, com registros datando de 2.500 a.C., entre os povos assírios e babilônios.
Itália: a terra do macarrão
Embora o macarrão tenha origens antigas e diversas influências culturais, foi na Itália que ele realmente floresceu e se consolidou como parte essencial da culinária. Com uma rica diversidade de formatos e combinações, a pasta se tornou um ícone da gastronomia italiana, apreciada tanto localmente quanto em todo o mundo.
Durante a Idade Média, o macarrão começou a ser produzido em cidades italianas como Gênova e Nápoles, mas era considerado um alimento de luxo. Com o Renascimento e o desenvolvimento tecnológico, a produção de massa se tornou mais acessível. No século XIX, o surgimento das primeiras fábricas de macarrão permitiu uma popularização maior, tornando-o um alimento central na dieta dos italianos. Após a Primeira Guerra Mundial, o macarrão ultrapassou as fronteiras da Itália e conquistou o mundo.
Hoje, a Itália é conhecida como a terra do macarrão, com uma rica tradição culinária que inclui uma diversidade incrível de formatos, molhos e técnicas de preparo. E o macarrão italiano é uma parte intrínseca da cultura alimentar da Itália, apreciado em todo o mundo por sua versatilidade e sabor excepcional.
Popularização da pasta
A primeira grande popularização do macarrão como o conhecemos hoje ocorreu durante a Idade Média. E foi fora da Itália que muitos fatores importantes determinaram como o macarrão iria se consolidar entre os italianos.
No século XIII, registros documentam a produção de macarrão em cidades italianas como Gênova e Nápoles. Naquela época, a massa era feita à mão e considerada um alimento de luxo. Foi somente durante o Renascimento que a produção de massa se tornou mais acessível e difundida, graças à inovação tecnológica, mas era ainda um alimento considerado nobre, um prato servido nas mesas de suntuosos banquetes. Já no século XIX, houve o surgimento das primeiras fábricas de massas, que contribuíram para uma maior popularização das receitas. Depois, após a Primeira Guerra Mundial, o macarrão conquistou o mundo, tornando um alimento amplamente apreciado e acessível em todas as partes do globo.
O explorador Marco Polo é frequentemente creditado, erroneamente, por ter introduzido o macarrão na Itália, ao retornar da China no século XIII. Evidências históricas sugerem que os italianos já estavam produzindo macarrão antes de sua viagem. E em 1279, já havia na Itália o registro da palavra “macaronis”, quando foi usada por um soldado genovês em seu inventário para descrever o alimento que deixava para sua família.
A verdadeira história
A invenção do macarrão é frequentemente atribuída aos árabes. Eles teriam introduzido a massa na Sicília durante o século IX, quando conquistaram a ilha durante a expansão árabe. A massa seca, de fácil conservação e transporte em longas viagens, rapidamente se difundiu por todo o Mediterrâneo. Por outro lado, a técnica de secagem da massa ao sol, que é uma característica da produção de macarrão italiano, é atribuída aos italianos. Efoi então na Itália que a receita recebeu o toque finalcom a adição de farinha de grano duro, permitindo o cozimento ideal da massa, al dente.
A essência das massas
O macarrão, em sua essência, consiste na combinação de farinha e ovos, assumindo uma ampla variedade de formatos distintos. Na antiguidade, sua origem remonta a cereais triturados que eram misturados com água, permitindo sua cocção ou assamento. Por isso, devido a um processo relativamente simples, é um alimento verdadeiramente democrático, presente em praticamente todas as mesas, sendo um dos produtos alimentícios mais amplamente consumidos globalmente.
Tipos de macarrão
O macarrão é, em essência, uma combinação simples de farinha e água (e às vezes ovos), que pode ser moldada em centenas de formatos diferentes. O processo de fabricação é democrático, permitindo que esse alimento seja consumido em praticamente todas as culturas ao redor do mundo. Existem mais de 600 variedades de macarrão, sendo algumas das mais populares:
Massas longas, como o spaghetti e o tagliatelle.
Massas curtas, como o penne e o fusilli.
Massas frescas e massas secas, cada uma com suas características únicas e diferentes modos de preparo, proporcionando uma gama diversificada de escolhas para os apreciadores da culinária.
Não é à toa que os diversos tipos de macarrão são um componente essencial de muitas culturas culinárias ao redor do mundo, e a reputação como uma fonte certeira de nutrientes não é infundada. Quando consumidos com moderação e como parte de uma dieta equilibrada, os macarrões se revelam uma excelente fonte de energia, devido ao seu alto teor de carboidratos complexos – principal combustível para o corpo, proporcionando a energia necessária para realizar atividades diárias e exercícios físicos. Além disso, se bem preparada, a massa do macarrão é uma boa fonte de proteína vegetal, tornando-os uma alternativa adequada para dietas vegetarianas e veganas.
Versatilidade
Outro aspecto importante é a versatilidade dos macarrões, que podem ser combinados com uma variedade de ingredientes saudáveis, como vegetais, legumes, proteínas magras e molhos a base de tomate ou ervas. Essa versatilidade permite que os macarrões façam parte de uma dieta rica em nutrientes, proporcionando vitaminas, minerais e antioxidantes essenciais.
Além disso, o macarrão pode ser uma excelente fonte de proteínas vegetais, especialmente em dietas vegetarianas e veganas. Eles fornecem energia, fibras, proteínas e são uma tela em branco para criarmos pratos saudáveis e saborosos! Portanto, desfrutar de uma refeição de macarrão bem equilibrada pode ser uma escolha inteligente para promover a saúde e o bem-estar.
Pasta Fresca ou Seca?
Tanto a pasta fresca quanto a pasta seca têm seus méritos e podem ser utilizadas em uma ampla variedade de pratos. A pasta fresca, muitas vezes feita com ovos, tem uma textura mais macia e delicada, ideal para pratos como lasanha e ravioli. Já a pasta seca, feita de semolina de trigo duro, é mais resistente e perfeita para pratos de cozimento prolongado, como o spaghetti alla carbonara ou o penne all’arrabbiata.
Celebre o Dia Mundial do Macarrão
No Dia Mundial do Macarrão, nada melhor do que celebrar esse alimento amado em uma refeição à mesa. Aproveite a versatilidade e os benefícios nutricionais do macarrão, seja em uma receita tradicional italiana ou com uma abordagem criativa. Como uma tela em branco, o macarrão permite que você crie pratos saudáveis, saborosos e satisfatórios.
Aproveite para clicar aqui e assistir a uma live com a Profa. Dra. Paola Baccin, que explorou a fundo o tema e falou sobre a origem da palavra “maccheroni”. Foi uma live para abrir o apetite.
A Itália, famosa por sua culinária incrivelmente diversificada e deliciosa, não é apenas o lar de massas e pizzas incríveis, mas também é um país onde a arte da fabricação de pães é elevada a um nível de maestria. A tradição de fazer pães na Itália remonta a séculos e continua a ser uma parte fundamental da cultura gastronômica italiana. Hoje vamos explorar um pouco da rica história, dos métodos tradicionais e veremos os tipos de pães que fazem da Itália um verdadeiro paraíso para os amantes de um bom pão.
História da Panificação na Itália
Como a maioria das características culturais italianas, a história da fabricação de pães na Itália remonta ao Império Romano, quando o pão era um alimento básico e fundamental na dieta diária. Naquela época, os padeiros já dominavam a arte de fazer pães de diferentes variedades e texturas. Com a queda do Império Romano e o surgimento do feudalismo na Idade Média, a arte da panificação continuou a se expandir territorialmente, tornando-se cada vez mais presente e importante para a variedade de culturas que cada regionalismo propiciou. Com o passar dos anos, naturalmente, as técnicas foram refinadas.
Durante o Renascimento, o território que um dia viria a ser a Itália unificada começou a ver uma explosão na criatividade culinária, e isso incluiu a panificação. Padeiros italianos experimentavam suas ideias com ingredientes locais, como azeite de oliva, ervas, queijos e azeitonas, para criar pães únicos que pudessem refletir suas regiões de origem. Essa tradição, inclusive, de explorar e respeitar ingredientes locais, ainda hoje está muito viva na fabricação de pães italianos. E é o que permite que turistas descubram sabores de receitas que foram criadas há séculos.
A Diversidade dos Pães na Itália
Como a Itália é um país de diversas regiões bastante conscientes e protetoras de suas identidades, cada uma delas conta com suas próprias tradições culinárias. Isso se reflete na grande variedade de pães italianos disponíveis. Cada região tem suas especialidades, e muitas receitas de pão têm séculos de história. Vejamos alguns dos pães mais famosos da Itália:
Ciabatta
Originária da Toscana, a ciabatta é um dos pães mais conhecidos da Itália. Com uma crosta crocante e um interior macio e cheio de alvéolos, este pão é frequentemente usado para fazer sanduíches. Existe também a ciabattina, uma versão menor, perfeita para lanches individuais.
Focaccia
A focaccia é um pão plano, temperado com azeite de oliva, sal e, muitas vezes, ervas frescas. Popular como aperitivo, é uma especialidade da Ligúria, embora existam variações regionais em todo o país.
Pane Pugliese
O pane pugliese é um pão rústico originário do sul da Itália. Conhecido por sua casca grossa e crocante e interior macio, ele é feito com fermentação natural, o que confere sabor e textura únicos.
Grissini
Os grissini, conhecidos como palitos de pão, são crocantes e finos, servidos frequentemente como entrada. Eles têm origem em Turim, no Piemonte, e são apreciados em todo o país.
Pane di Altamura
Proveniente da cidade de Altamura, na Puglia, o pane di Altamura é famoso por sua casca grossa e sua longa fermentação natural. Feito com farinha de semolina, é considerado um dos pães mais saborosos da Itália.
Pão Siciliano
Originário da Sicília, este pão é geralmente feito com semolina e é denso e saboroso.
Métodos tradicionais de panificação
A fabricação de pães na Itália envolve tanto técnicas tradicionais quanto inovações modernas. Um dos aspectos mais notáveis da panificação italiana é o uso da massa madre (ou fermento natural), que não requer fermento comercial. Esse método de fermentação, utilizado há séculos, confere ao pão um sabor mais profundo e uma textura única, além de ser mais fácil de digerir.
Outro ponto importante é a qualidade dos ingredientes. As padarias italianas valorizam o uso de farinhas de alta qualidade, muitas vezes moídas localmente. O azeite de oliva extra virgem é outro ingrediente essencial em muitas receitas, contribuindo para o sabor característico de muitos pães.
O papel cultural do pão na Itália
O pão tem um papel cultural significativo na Itália, além de ser um alimento básico na mesa. Em muitas partes do país, o ato de compartilhar pão é um símbolo de hospitalidade e amizade. O pão também desempenha um papel importante em celebrações religiosas, como a Páscoa, quando o pão é abençoado e compartilhado entre os fiéis.
Além disso, muitos festivais e eventos regionais na Itália (como aqueles conhecidos como sagras, festas religiosas) estão relacionados à produção e ao consumo de pães locais. Os festivais de pães oferecem uma oportunidade para as comunidades locais celebrarem suas tradições e compartilharem suas especialidades culinárias.
Um bom exemplo de uma sagra que festeja justamente um pão é a Festa Te la Uliata, que acontece perto de Lecce, na Puglia. “Uliata” é uma “puccia” (nome dado aos lanches característicos da região da Puglia). No caso da “uliata”, é um tipo de pão feito com azeitonas pretas de Salento!
Pães na Itália: essência familiar
Logo que chegamos na Itália, é fácil notar como os pães italianos variam amplamente em forma, sabor e textura, refletindo a diversidade das regiões italianas. E mais do que apenas alimento, o pão desempenha um papel cultural importante na Itália, conectando pessoas através de gerações e celebrando a riqueza da culinária italiana. Afinal, a fabricação de pães na Itália é uma arte que combina tradições antigas, ingredientes de alta qualidade e uma paixão pelo sabor e pela textura. Por isso, quando se trata de pães italianos, podemos entender que eles são mais do que apenas uma parte da refeição – são uma das essências mais antigas da vida italiana e da partilha em família.
Te convidamos agora para assistir a um vídeo especial que o Prof. Darius fez caminhando pelo bairro do Bixiga, em São Paulo, quando ele visitou uma panificadora para te apresentar um pouco mais sobre os tipos de pão que existem na Itália e, portanto, sobre a razão de não existir algo como “pão italiano”, que vemos tanto à venda aqui no Brasil.
A arte da fabricação de pães na Itália é um dos maiores tesouros da culinária do país. Com uma história que remonta aos tempos antigos, métodos tradicionais de panificação e uma diversidade incrível de pães regionais, o pão italiano é muito mais do que um simples alimento. Ele é parte integrante da cultura, da história e da vida diária dos italianos, conectando o passado com o presente em cada pedaço.
Agora que exploramos essa rica tradição, te convidamos a assistir a um vídeo especial sobre os diferentes tipos de pães na Itália, onde você poderá aprender mais sobre essa deliciosa parte da cultura italiana. Buona visione!
O Dia de São Francisco de Assis, celebrado em 4 de outubro, é uma ocasião especial para honrar a vida e o legado de um dos santos mais reverenciados da Igreja Católica. São Francisco de Assis é conhecido por sua profunda devoção religiosa, amor pelos animais e conexão profunda com a natureza. É amplamente considerado o patrono dos animais e do meio ambiente, representando valores que transcendem as fronteiras religiosas e inspiram causas ecológicas globais. Neste dia, milhões de pessoas em todo o mundo se reúnem para homenagear esse santo e refletir sobre os valores que ele representou.
A vida de São Francisco de Assis
São Francisco de Assis nasceu no final do século XII, em Assis, uma pequena cidade na Itália central. Ele nasceu como Giovanni di Pietro di Bernardone, mas ficou conhecido como Francisco depois de renunciar à riqueza de sua família para viver uma vida de simplicidade e devoção religiosa. Sua juventude foi marcada por riqueza, mas, após uma experiência espiritual profunda, ele decidiu renunciar à vida de luxos e abraçar a simplicidade e a pobreza, dedicando-se inteiramente a Deus. Sua conversão ocorreu depois de uma visão e um encontro com um leproso, que o levaram a abraçar a pobreza, renunciar às riquezas mundanas e dedicar sua vida a Deus.
São Francisco fundou a Ordem dos Frades Menores, conhecida como franciscanos, que se tornou uma das ordens religiosas mais influentes da época. Ele também é famoso por seu Cantico delle creature (conhecido também como Cântico do Irmão Sol), um poema que louva a criação e reconhece a presença de Deus em todas as coisas da natureza. Ao final deste artigo, colocamos o texto em italiano e traduzido, para que você possa ler e praticar os significados da tradução.
A Conversão de São Francisco de Assis
A conversão de São Francisco é frequentemente atribuída a um encontro com um leproso, que o fez refletir sobre a compaixão e a verdadeira natureza da fé. Seu desejo de viver em harmonia com todas as criaturas e sua convicção de que Deus está presente em cada elemento da natureza o destacaram como uma figura singular no cristianismo. Sua devoção aos animais é simbolizada por histórias de como ele conversava com os pássaros e de como conseguia acalmar lobos ferozes. São Francisco também é frequentemente retratado em obras de arte abraçando um lobo.
O amor pelos animais e pela natureza
São Francisco é particularmente conhecido por seu profundo amor e respeito pelos animais e pela natureza. Sua devoção aos animais é simbolizada por histórias de como ele conversava com os pássaros e de como conseguia acalmar lobos ferozes. São Francisco também é frequentemente retratado em obras de arte abraçando um lobo.
Os pássaros
Um episódio famoso em sua vida foi a pregação aos pássaros. Segundo a lenda, São Francisco viu um grupo de pássaros em uma árvore e, em vez de continuar sua pregação para as pessoas, começou a falar com os pássaros, pedindo que ouvissem a mensagem de Deus. Essa história reflete sua crença na importância de incluir todas as criaturas na mensagem de amor e respeito divino.
O Legado Ecológico de São Francisco de Assis
Além de seu papel religioso, São Francisco de Assis é frequentemente lembrado como um dos primeiros defensores do ambientalismo. Sua visão holística do mundo natural e seu respeito pela criação de Deus inspiraram muitas causas ecológicas modernas. Ele é visto como uma figura icônica que nos lembra da importância de preservar o meio ambiente e viver em sintonia com a natureza.
A Lenda de São Francisco e o Lobo
Outra história popular é a de São Francisco e o Lobo de Gubbio, onde ele teria acalmado um lobo que aterrorizava uma vila. A cena, frequentemente retratada em obras de arte, destaca o espírito pacificador de São Francisco e seu dom especial de se conectar com os animais.
A bênção dos animais
Uma tradição especial no Dia de São Francisco de Assis é a chamada “Bênção dos Animais”. Muitas igrejas e comunidades realizam cerimônias especiais onde os fiéis trazem seus animais de estimação para serem abençoados. Essas bênçãos simbolizam o compromisso de São Francisco com a harmonia entre os seres humanos, os animais e a natureza.
As bênçãos dos animais podem incluir uma variedade de animais de estimação, desde cães e gatos até coelhos, pássaros e cavalos. As cerimônias são uma oportunidade para os donos de animais expressarem gratidão por seus companheiros leais e pedirem proteção e bênçãos divinas para eles.
O legado de São Francisco de Assis
O Dia de São Francisco de Assis não é apenas uma celebração religiosa, mas também uma oportunidade para refletir sobre a importância da compaixão, do amor pela natureza e do respeito por todas as formas de vida. Por isso, o legado de São Francisco continua a inspirar pessoas de todas as religiões e crenças a cuidar do meio ambiente e a tratar os animais com bondade. Muitos inclusive atribuem esse valor sagrado de São Francisco às causas ecológicas, cada vez mais urgentes em nosso tempo.
Exemplo
Além das causas práticas e coletivas, a vida de São Francisco é também um exemplo de valores pessoais para o autocuidado, sobre os meios de interação com tudo que existe na vida, sobre como alguém pode então encontrar a paz e a realização através da simplicidade, da humildade e da fé.
As palavras e ações de São Francisco ecoam ao longo dos séculos, lembrando-nos da importância de viver de acordo com nossos valores mais profundos e de como cuidar do mundo que nos cerca.
Você sabia de toda essa devoção à natureza? Antes que de te apresentar ao texto do Cantico delle creature, aproveite também para nos acompanhar nos outros conteúdos que já fizemos sobre São Francisco de Assis em nosso canal no YouTube:
Buona visione!
Cantico delle creature, de São Francisco de Assis
E agora, o momento da leitura do Cantico delle creature, de São Francisco de Assis:
Altissimo, Onnipotente Buon Signore, tue sono le lodi, la gloria, l’onore e ogni benedizione.
A te solo, o Altissimo, si addicono e nessun uomo è degno di menzionarti.
Lodato sii, mio Signore, insieme a tutte le creature, specialmente per il signor fratello sole, il quale è la luce del giorno, e tu tramite lui ci dai la luce. E lui è bello e raggiante con grande splendore: te, o Altissimo, simboleggia.
Lodato sii, o mio Signore, per sorella luna e le stelle: in cielo le hai create, chiare preziose e belle.
Lodato sii, mio Signore, per fratello vento, e per l’aria e per il cielo; per quello nuvoloso e per quello sereno, per ogni stagione tramite la quale alle creature dai vita.
Lodato sii, mio Signore, per sorella acqua, la quale è molto utile e umile, preziosa e pura.
Lodato sii, mio Signore, per fratello fuoco, attraverso il quale illumini la notte. Egli è bello, giocondo, robusto e forte.
Lodato sii, mio Signore, per nostra sorella madre terra, la quale ci dà nutrimento e ci mantiene: produce diversi frutti, con fiori variopinti ed erba.
Lodato sii, mio Signore, per quelli che perdonano in nome del tuo amore, e sopportano malattie e sofferenze.
Beati quelli che le sopporteranno serenamente, perché dall’Altissimo saranno premiati.
Lodato sii, mio Signore, per la nostra sorella morte corporale, dalla quale nessun essere umano può scappare; guai a quelli che moriranno mentre sono in peccato mortale.
Beati quelli che troveranno la morte mentre stanno rispettando le tue volontà. In questo caso la morte spirituale non procurerà loro alcun male.
Lodate e benedite il mio Signore, ringraziatelo e servitelo con grande umiltà.
Tradução
Altíssimo, onipotente, bom Senhor,
teus são o louvor, a glória e a honra e toda a bênção.
Somente a ti, ó Altíssimo, eles convém,
e homem algum é digno de mencionar-te.
Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas,
especialmente o Senhor Irmão Sol,
o qual é dia, e por ele nos iluminas.
E ele é belo e radiante com grande esplendor,
de ti, Altíssimo, traz o significado.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã lua e pelas estrelas,
no céu as formaste claras e preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento,
e pelo ar e pelas nuvens e pelo sereno e todo o tempo,
pelo qual às tuas criaturas dás sustento.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água,
que é mui útil e humilde e preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo
pelo qual iluminas a noite,
e ele é belo e agradável e robusto e forte.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa, a mãe terra
que nos sustenta e governa
e produz diversos frutos com coloridas flores e ervas.
Louvado sejas, meu Senhor, por que perdoam pelo teu amor,
E suportam enfermidade e tribulação.
Bem aventurados aqueles que as suportarem em paz, porque por ti, Altíssimo, serão coroados.
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa, a morte corporal,
da qual nenhum homem vivente pode escapar.
Ai daqueles que morrerem em pecado mortal:
bem-aventurados os que ela encontrar na tua santíssima vontade,
porque a morte segunda não lhes fará mal!
Louvai e bendizei ao meu Senhor,
e rendei-lhe graças e servi-o com grande humildade.
Hoje falaremos de Franco Basaglia, psiquiatra italiano, tornou-se uma figura central na transformação do cenário da saúde mental com sua visão revolucionária na década de 1960. Esta é da série de artigos em que apreciamos e destacamos italianos e italianas de grande impacto mundial. São pessoas cujo trabalho de vida garantiu que a Itália, e até mesmo o mundo inteiro, desse passos importantes na direção da construção de uma civilização mais consciente, humana e funcional.
E estamos nos aproximando do centenário de nascimento de Franco Basaglia (1924~1980), que nasceu em San Polo, Veneza. Ele foi psiquiatra e médico neurologista, e sua abordagem inovadora entrou para a história por questionar a eficácia e a humanidade dos manicômios tradicionais. O resultado de sua luta levou à chamada “Reforma Psiquiátrica Italiana”. Hoje vamos falar um pouco desse legado importante e duradouro, sobre seus princípios fundamentais e sobre a influência significativa que sua abordagem teve no Brasil e além.
Uma frase muito usada por Basaglia era “Visto da vicino nessuno è normale”, ou seja, “visto de perto, ninguém é normal”, que se tornou praticamente um ditado, e é uma ótima maneira de introduzirmos o significado da revolução de Basaglia.
A década de 1960 viu uma mudança radical no pensamento de Basaglia em relação ao tratamento de pacientes psiquiátricos na Itália. Sua crítica aos manicômios, instituições opressivas e desumanas, inspirou a busca por alternativas mais humanas. A Reforma Psiquiátrica Italiana, liderada por ele, procurou substituir a internação em massa por serviços de saúde mental comunitários, incentivando a inclusão social e o tratamento baseado na dignidade humana.
A abordagem revolucionária
Os princípios fundamentais de Basaglia eram centrados na desinstitucionalização e na necessidade de compreender o contexto social dos transtornos mentais. Ele argumentava que a segregação aumentava o sofrimento psicológico dos pacientes e, portanto, passou a defender uma abordagem mais integrada, considerando não apenas o indivíduo, mas também sua interação com a sociedade.
E o legado de Basaglia transcendeu as fronteiras italianas, impactando a abordagem global à saúde mental. Sua visão influenciou movimentos similares em diferentes partes do mundo, inspirando esforços para a desinstitucionalização e a criação de serviços comunitários mais eficazes e centrados na pessoa.
A influência de Basaglia no Brasil
Hoje Basaglia é conhecido como “o homem que fechou os asilos”, porque ele foi pai da lei 180 (Lei Basaglia), que fechou manicômios na Itália e deu fim a uma longa história de torturas e marginalizações de pessoas estigmatizadas. O impacto do seu pensamento influenciou a maneira como os tratamentos poderiam ser pensados: em 1971, ele tornou-se diretor do hospital psiquiátrico de Trieste. Foi quando implementou a ideia de oficinas de pintura artística e teatro, para que os pacientes, através da criatividade, pudessem representar a si mesmos e assim expressar suas angústias e inseguranças.
Não apenas a Itália é mais civilizada devido ao pensamento deste grande médico. Suas ações tiveram grande impacto também no Brasil, que ele visitou em 1979, ajudando a estabelecer o caminho para a Reforma Psiquiátrica brasileira.
A emergência do movimento antimanicomial foi assim em grande parte inspirado nas ideias de Basaglia. O fechamento progressivo dos manicômios também aqui no Brasil, a criação de serviços de saúde mental comunitários e a ênfase na inclusão social foram características marcantes desse movimento no Brasil.
Desafios atuais
Apesar dos avanços, a implementação completa das ideias de Basaglia enfrenta desafios. A falta de recursos, estigma persistente em relação a transtornos mentais e resistência às mudanças são obstáculos a serem superados. No entanto, o espírito da Reforma Psiquiátrica Italiana permanece relevante, instigando a busca por soluções inovadoras e humanizadas na saúde mental contemporânea.
Franco Basaglia entra então para a nossa lista de italianos ilustres, responsável por deixar um legado transformador na maneira como a sociedade pensa o lugar das dores, das queixas e das possíveis curas referentes à saúde mental. A visão corajosa de Basaglia desafiou paradigmas estabelecidos, abrindo caminho para uma compreensão mais holística e compassiva dos transtornos mentais. Seu impacto no Brasil e em todo o mundo destaca a importância de continuarmos a revolução na saúde mental, mantendo a busca por tratamentos que respeitem a dignidade e a singularidade de cada indivíduo. Basaglia nos lembra que a mudança é possível, e a jornada para uma saúde mental mais inclusiva e justa continua.
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