A influência de Dante Alighieri sobre Giovanni Boccaccio transcendeu o aspecto linguístico e moldou a essência do Renascimento italiano. Boccaccio, admirador declarado de Dante, incorporou em “Decameron” uma narrativa que ecoa as explorações éticas e teológicas do mestre florentino. Além de adotar o toscano como veículo literário, fortalecendo o que depois permitiria a predominância do idioma como o conhecemos hoje em dia, Boccaccio compartilhou a paixão de Dante por Florença, enraizando suas obras no contexto social da época.
Vita di Dante
Existe um livro chamado “Vita di Dante”, escrito por Boccaccio, em que ele não apenas constrói seu testemunho de respeito por Dante, mas também reforça a interconexão entre ambos como arquitetos literários da transição da Idade Média para a Renascença. Essa colaboração literária entre Dante e Boccaccio contribuiu para a consolidação da tradição literária italiana e influenciou o pensamento e a expressão cultural por séculos.
O fortalecimento do idioma
Dante Alighieri nasceu em 1265, enquanto Boccaccio em 1313. Essa distância do tempo foi o suficiente para transformar por completo a maneira como Boccaccio poderia assimilar o idioma e a literatura. Afinal, Dante é considerado o pai da língua italiana moderna. Sua obra-prima, “A Divina Comédia,” é uma jornada épica pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, narrada pela própria figura do autor, Dante, enquanto ele busca por sua amada Beatriz. Além de uma profunda expressão poética, Dante desempenhou um papel crucial ao estabelecer o toscano como a base da língua italiana, unificando os dialetos regionais.
Por essas razões, a influência de Dante em Boccaccio é enorme, e evidente, principalmente na forma como Boccaccio faz uso da língua italiana. Boccaccio compartilha com Dante o compromisso de elevar o toscano a uma posição de prestígio literário. O uso eloquente da língua italiana em “Decameron” é uma extensão do trabalho pioneiro de Dante na afirmação do toscano como veículo literário.
As temáticas
Boccaccio, do século XIV, foi fortemente influenciado pela visão de Dante sobre a vida e a sociedade. Em “Decameron,” uma coleção de cem contos narrados por um grupo de jovens que se refugiam fora de Florença para escapar da peste, Boccaccio lida com uma variedade de temas sociais e morais. Dante, por sua vez, também explorou questões éticas e teológicas em sua obra. A representação do mundo humano e divino em Dante inspirou Boccaccio a examinar as complexidades da condição humana em meio a circunstâncias extraordinárias.
Dante Alighieri
Ambos os autores compartilham um profundo amor pela cidade de Florença, e suas obras refletem o contexto político, social e cultural da Itália medieval. O renascimento cultural e literário iniciado por Dante encontrou continuidade em Boccaccio, consolidando a tradição literária italiana e contribuindo para a transição da Idade Média para a Renascença.
Assim, a literatura de Dante Alighieri não apenas influenciou o estilo linguístico de Boccaccio, mas também deixou uma marca duradoura em suas explorações temáticas e na abordagem das complexidades da condição humana. A relação entre esses dois gigantes literários é um testemunho da riqueza e da continuidade do patrimônio literário italiano.
A terceira força
Boccaccio, juntamente com Dante Alighieri e Francesco Petrarca, é parte da tríade que é chamada “Três Coroas” da literatura italiana.
E aqui vai um fato pouco conhecido: Giovanni Boccaccio não foi apenas contemporâneo de Francesco Petrarca (nascido em 1304), mas teve com ele também uma grande amizade, podendo compartilhar de seus pensamentos e visões de mundo, sobretudo no que dizia respeito à criação literária. Unidos pela paixão pela literatura e o respeito mútuo, suas trocas de correspondência revelam um diálogo constante sobre poesia, filosofia e eventos contemporâneos. Petrarca, muitas vezes considerado o “pai do humanismo,” influenciou Boccaccio em suas aspirações intelectuais. A amizade deles, embora marcada por diferenças de personalidade, resultou em uma colaboração valiosa para o desenvolvimento do humanismo italiano e da literatura renascentista. Essa conexão duradoura ressoa como um elo vital na evolução cultural da época.
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