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Quem foi Artemisia Gentileschi: italiana pioneira em uma luta ainda bastante atual

Quem foi Artemisia Gentileschi: italiana pioneira em uma luta ainda bastante atual

Artemisia Gentileschi, uma das pintoras mais talentosas do período barroco, deixou uma marca indelével na história da arte italiana e mundial. Sua vida e obra são testemunhos de perseverança, talento e determinação em um mundo dominado por homens. Neste artigo, exploraremos a vida e as contribuições significativas dessa artista extraordinária.

Autorretrato de Artemisia Gentileschi-como Santa Catarina de Alexandria
Autorretrato como Santa Catarina de Alexandria, Artemisia Gentileschi

Artemisia nasceu em Roma, em 8 de julho de 1593, filha do pintor Orazio Gentileschi. Desde cedo, demonstrou um talento excepcional para a pintura, e seu pai a instruiu nas técnicas artísticas. Com apenas 17 anos, ela produziu uma de suas obras mais icônicas, “Susanna e i vecchioni” (Susana e os Velhos), que tornou logo incontestável sua habilidade em representar homens e mulheres de forma realista e emocional.

Susanna e i vecchioni de Artemisia Gentileschi
Susanna e i vecchioni (1610), Artemisia Gentileschi

No entanto, a vida de Artemisia não foi marcada apenas pelo talento artístico. As grandes dificuldades enfrentadas por ela, simplesmente por ser uma mulher em uma profissão dominada por homens, marcaram sua história e fizeram dela um nome por muito tempo invisibilizado pela história da arte.

Em 1611, Artemisia foi vítima de um estupro cometido por Agostino Tassi, um pintor que trabalhava com seu pai. O julgamento subsequente, que se tornou um escândalo público, trouxe grande sofrimento e humilhação para Artemisia, mas também demonstrou sua determinação em buscar justiça.

As obras de Artemisia

As pinturas de Artemisia Gentileschi são notáveis pela naturalidade da sua representação realista. Em suas pinceladas é possível encontrar influências do realismo de Caravaggio (com o uso dramático da técnica chamada chiaroscuro, caracterizada pelo jogo de contrastes na utilização de cores claras e escuras). Ao mesmo tempo, não abriu mão da linguagem de cores do barroco, muito difundida na Escola de Bolonha, de onde destacou-se principalmente Annibale Carracci.

Maria Madalena como Melancolia (1622~1625), Artemisia Gentileschi
Maria Madalena como Melancolia (1622~1625), Artemisia Gentileschi

As obras de Artemisia muitas vezes apresentam heroínas bíblicas e mitológicas que demonstram força, coragem e resiliência. Um exemplo notável é “Judite decapitando Holofernes”, uma das obras mais famosas de Artemisia, que retrata a heroína bíblica Judite em um ato de coragem ao enfrentar o general assírio para libertar seu povo.

A característica dramática do contraste entre luz e sombra, aliada à visão de mundo que, como mulher, lhe era pessoal, conferia às suas pinturas uma leitura diferente das expressões e dos significados das cenas retratadas e, por consequência, uma qualidade teatral e intensa que a tornou uma das figuras mais importantes do movimento barroco.

Reconhecimento e legado

Ao longo de sua carreira, Artemisia Gentileschi enfrentou desafios extraordinários, mas sua paixão pela arte a impulsionou a continuar pintando. Ela eventualmente conquistou reconhecimento e renome, tornando-se a primeira mulher a ser admitida na Academia de Artes de Florença.

Autorretrato, Artemisia Gentileschi
Autorretrato, Artemisia Gentileschi

Até os dias de hoje, o legado de Artemisia continua a inspirar artistas, e mesmo mulheres não envolvidas com a arte. Sua habilidade em dar voz e poder às mulheres em suas pinturas desafiou as convenções de sua época e continua a ressoar com o público contemporâneo. Museus e galerias de todo o mundo exibem suas obras, e suas pinturas são frequentemente estudadas como exemplos de empoderamento feminino na arte.

O legado de Artemisia continua a brilhar como um farol para artistas e defensores de uma sociedade justa, lembrando-nos da importância de desafiar as normas e expressar a própria voz. Suas obras não apenas resistem à passagem do tempo, mas também continuam a influenciar e inspirar gerações futuras de artistas e admiradores da arte. Artemisia Gentileschi é uma verdadeira pioneira cuja contribuição à história da arte não pode ser subestimada.

A Virgem e criança (1613) de Artemisia Gentileschi
A Virgem e criança (1613) de Artemisia Gentileschi

A jornada dessa brilhante artista, desde a infância talentosa até o reconhecimento como uma das principais pintoras do Barroco, é inspiradora e continuará sendo, contanto que não deixemos de citá-la entre os tantos gênios do Renascimento. Sua capacidade de representar mulheres de maneira realista e poderosa, tanto na arte como na realidade da vida cotidiana, pode seguir alcançando gerações e gerações, de todas as culturas. Apesar dos obstáculos que enfrentou como mulher no mundo das artes, sua obra e sua vida registrada em diários, é um testemunho de sua genialidade, sua resiliência e sua determinação.

A história da Itália é repleta de figuras notáveis, e especialmente no período do Renascimento, destacar-se não era uma tarefa para qualquer pessoa; era necessário lançar sua obra a um público acostumado a gigantes como Da Vinci, Michelangelo, Rafael e Caravaggio. Por isso mesmo, é imenso o valor de podermos dizer que a história da arte, italiana e mundial, tem Artemisia como uma das maiores genialidades, uma joia que deixou um legado de influência e de significações que deve ser guardado, lembrado, relembrado e levado adiante, propagado sempre que pensarmos nesse período da História.

Se você quiser ver mais obras de Artemisia Gentileschi, clique aqui, o catálogo está na wikiart.org, que é uma Enciclopédia de Artes Visuais!

Agora aproveite para caminhar pelas ruas de Firenze, onde Artemisia Gentileschi tanto caminhou, quando se inspirava e estudava para as suas criações geniais. Basta se juntar ao Prof. Darius, que explorou as preciosidades que os turistas podem encontrar em Florença, uma das cidades italianas mais conectadas à História da Arte!

É só clicar aqui para começar a sua viagem e anotar as dicas de ouro de tudo que você pode encontrar por lá!

Buona visione!

A arte do café italiano: a tradição do espresso, do cappuccino e do macchiato

A arte do café italiano: a tradição do espresso, do cappuccino e do macchiato

A Itália é conhecida por muitas coisas, e uma delas é sua paixão pelo café. Para os estrangeiros vindos do Brasil, onde o café também é uma parte essencial da cultura, explorar a tradição do café italiano pode ser uma experiência fascinante e deliciosa.

Café italiano

Quando se pensa em café italiano, logo vêm à mente palavras como “espresso”, “cappuccino” e “macchiato”. Essas são algumas das bebidas de café mais icônicas e amadas da Itália, cada uma com suas características únicas e rituais associados. Hoje vamos descobrir um pouco mais sobre cada uma delas.

O espresso italiano: a essência da cafeína

O espresso é a base de todas as bebidas de café italianas. A palavra “espresso” significa “sob pressão”, esse nome é uma referência ao método como o café é extraído, mediante alta pressão. Pode ser ainda “feito “sob medida”, “ad hoc” para essa ocasião.

Mas também podemos ver o nome escrito com a letra X, expresso, que significa um preparo rápido, e serve então como referência à rapidez com que a bebida é preparada. Quando você pede um espresso em uma cafeteria italiana, pode esperar um pequeno, mas potente, gole de café concentrado.

Café Espresso Italiano

Uma xícara de espresso perfeitamente preparada tem uma crema (uma camada cremosa na superfície) e um sabor intensamente rico. Os grãos de café são moídos finamente e pressionados com água quente sob alta pressão para extrair todos os sabores em um curto espaço de tempo, geralmente 25-30 segundos.

Uma das principais curiosidades sobre o espresso é que ele é uma bebida altamente social na Itália. Os italianos têm o hábito de tomar um espresso rapidamente no balcão de uma cafeteria enquanto fazem uma pausa no trabalho ou em suas atividades diárias. É uma tradição que encoraja a interação e a comunicação, pois as pessoas se encontram e conversam durante esses momentos de café.

O cappuccino: uma manhã com espuma de leite

O cappuccino é uma das bebidas de café mais reconhecíveis do mundo. Consiste em partes iguais de espresso, leite vaporizado e espuma de leite. A palavra “cappuccino” vem do termo italiano “cappuccio”, que significa “capuz” ou “capa”. Acredita-se que o nome se refira à semelhança da bebida com a cor das vestes dos monges capuchinhos, que eram conhecidos por seu capuz marrom claro.

Capuccino italiano

Uma das peculiaridades do cappuccino italiano é que ele é considerado principalmente uma bebida da manhã. Os italianos costumam consumir cappuccino apenas no café da manhã e nunca depois do almoço. Eles acreditam que o leite pode interferir na digestão das refeições posteriores.

A preparação de um cappuccino é uma arte em si. O barista experiente cria uma espuma de leite suave e cremosa que é derramada sobre o espresso. O resultado é uma bebida equilibrada com a riqueza do café e a suavidade do leite.

O macchiato: toque de espresso e sabor único

A palavra “macchiato” em italiano significa “manchado”. No contexto do café, o macchiato é um espresso “manchado” com uma pequena quantidade de leite, quente ou frio.. É uma opção mais forte do que o cappuccino e oferece um equilíbrio sutil entre o sabor do café e a cremosidade do leite.

Café italiano macchiato

O macchiato é muitas vezes visto como uma alternativa para aqueles que preferem um café mais intenso, mas ainda apreciam a suavidade do leite. É uma bebida que permite que o sabor robusto do espresso seja a estrela, com apenas um toque suave de leite para suavizar a experiência.

Os Ritmos do Café Italiano: Uma Experiência Social

O café é muito mais do que apenas uma bebida na Itália; é uma experiência social. Os italianos levam seu café a sério e têm uma etiqueta específica quando se trata de pedir e desfrutar de bebidas de café. Uma tradição importante é a de desfrutar do café no balcão da cafeteria, de pé, conversando com amigos ou colegas, e apreciando o momento.

Café espresso italiano

Ao entrar em uma cafeteria italiana, você pode pedir um espresso simplesmente dizendo “un caffè”. Se quiser um cappuccino, peça-o apenas pela manhã, e nunca depois do almoço. E ao pedir um macchiato, lembre-se de que você está adicionando apenas uma “mancha” de leite ao seu espresso.

Aproveite para ver o Prof. Darius ensinando como se pedir um café na Itália! Clique aqui para assistir.

Essa leitura te deixou com vontade de tomar um espresso?!
Embora possa aproveitar dessas delícias da tradição do café italiano, lembre-se que, ao visitar o Bel Paese, não deixe de saborear e apreciar a riqueza das opções que encontrar pelo caminho, sabendo que se trata de uma experiência que combina sabor, cultura e uma pitada da vida cotidiana italiana! É uma jornada sensorial que envolve todos os sentidos e proporciona um verdadeiro mergulho na vida social e culinária da Itália. Portanto, aproveite cada gole e cada momento enquanto explora a arte do café italiano em suas várias formas deliciosas.


A presto!

Terme di Diocleziano: o impressionante passado das termas de Roma

Terme di Diocleziano: o impressionante passado das termas de Roma

Há milênios, os romanos podiam frequentar uma espécie de clube, com piscinas monumentais para banho público. Pode parecer algo apenas da modernidade, mas isso era uma realidade do Império. As Termas de Diocleciano, em italiano “Terme di Diocleziano,” foram um complexo de banhos públicos construído em Roma durante o reinado do imperador romano Diocleciano, que governou de 284 a 305 d.C. Este complexo era uma das maiores e mais grandiosas instalações termais da Roma Antiga.

Reconstrução do termas de diocleciano Roma

As Termas de Diocleciano eram conhecidas por sua arquitetura impressionante e sua capacidade de acomodar um grande número de pessoas.

Termas de diocleciano Roma

Além dos banhos termais, o complexo também continha uma série de outras instalações, como bibliotecas, áreas de exercício, jardins e espaços para entretenimento cultural.

Banhos Termais Termas de Diocleciano Roma

Após a queda do Império Romano, as Termas de Diocleciano foram em grande parte abandonadas e, com o tempo, muitas de suas estruturas foram reaproveitadas para outros fins. Partes do complexo foram convertidas em igrejas cristãs. A mais famosa delas é a Basilica di Santa Maria degli Angeli e dei Martiri, construída no século XVI na parte central do complexo.

Estátuas e Esculturas em cerâmica
Estatua-em-exposicao-no Museu-Nacional-Romano
Estátuas em exposição no Museu Nacional Romano

Hoje em dia, as Termas de Diocleciano abrigam o Museu Nacional Romano, que exibe uma extensa coleção de artefatos e esculturas romanas, oferecendo aos visitantes a oportunidade de explorar a história e a cultura da Roma Antiga.

Curiosidades sobre Termas

Algumas curiosidades ajudam a visualizar um pouco do que é caminhar ao redor das Termas hoje em dia e do que teria sido chegar à Roma Antiga e adentrar um espaço suntuoso como esse. Ao longo dos últimos séculos, os arredores ganharam construções e monumentos que não estavam no projeto inicial.

Obelisco egípcio

O obelisco de Dogali é um exemplo; é um dos treze obeliscos de Roma, localizado na Avenida Luigi Einaudi, perto das Termas de Diocleciano. Foi encontrado em 1883 por Rodolfo Lanciani, perto da igreja Santa Maria sopra Minerva.

Obelisco Egípcio Dogali Itália
Obelisco Dogali Itália

Estação ferroviária Termini

A Estação Ferroviária Termini tem esse nome justamente por causa das termas. A Stazione Termini, conhecida também como Roma Termini, é localizada no bairro que tem esse nome devido à proximidade das termas de Diocleciano. Essa é hoje uma das principais estações de trem de Roma, e foi construída no século XIX, com a entrada principal localizada de frente para as Termas.

Estacao ferroviaria Termin Itália
Mapa Stazione Termini Itália

Basilica di Santa Maria degli Angeli e dei Martiri

Como já dissemos, parte das Termas de Diocleciano foi convertida em uma igreja no século XVI, conhecida como a Basilica di Santa Maria degli Angeli e dei Martiri. A igreja preserva muitos elementos arquitetônicos originais das termas, incluindo as abóbadas e colunas, tornando-a um exemplo notável de como estruturas romanas antigas foram reutilizadas no contexto cristão.

Santa Maria de gli Angeli

Descoberta de ruínas Subterrâneas

Durante escavações e restaurações nas Termas de Diocleciano e nas áreas circundantes, foram feitas descobertas de ruínas subterrâneas, como corredores e câmaras, que não eram amplamente conhecidos. Isso revelou a complexidade da arquitetura das termas e a infraestrutura subjacente.

Uso dos Materiais

Durante a Idade Média e o Renascimento, muitos dos materiais de construção das Termas de Diocleciano foram retirados e utilizados em outras construções em Roma. Isso inclui a utilização de mármore e outros elementos arquitetônicos das termas em edifícios mais recentes da cidade.

A história das Termas de Diocleciano e suas descobertas arqueológicas continuam a ser uma área de interesse para estudiosos e arqueólogos, proporcionando insights valiosos sobre a arquitetura e a evolução do patrimônio histórico de Roma.

Alguns estudiosos se debruçam inclusive sobre a possibilidade de imaginar e simular o espaço original, para vermos como teriam sido as termas em seu tempo de glória. É o que já foi exercitado em vídeos como este, e é o que podemos ver na imagem abaixo:

3D das Termas de Diocleciano
Uma simulação 3D do que teria sido um espaço interno das Termas de Diocleciano

Expansão das exposições do Museu Nacional Romano

O Museu Nacional Romano é dividido em mais de um endereço, um deles é localizado nas Termas de Diocleciano, que tem uma coleção de achados arqueológicos em expansão ao longo dos anos. Muitos artefatos e esculturas romanos notáveis foram adicionados às exposições, proporcionando uma visão abrangente da história e da cultura romana.

Museu Nacional Romano

As Termas de Diocleciano, localizadas no coração de Roma, são um espaço histórico que vale a pena ser visitado por turistas. Este complexo monumental não conta só com uma arquitetura magnífica, mas com uma história viva, graças ao reaproveitamento do espaço para finalidades de enriquecimento cultural.

As áreas internas são um exemplo impressionante da habilidade e grandiosidade arquitetônica romana. Suas enormes estruturas, abóbadas e colunas proporcionam uma visão da engenharia avançada da época, que resiste bravamente, em beleza e na qualidade estrutural, até os dias de hoje.

As Termas de Diocleciano estão convenientemente localizadas, tornando fácil a visita a outras atrações notáveis de Roma, como o Coliseu e o Fórum Romano.

Turistas podem caminhar de um espaço a outro sem demora, e explorar uma vasta coleção de artefatos e esculturas romanas no Museo Nazionale Romano, um tesouro histórico que oferece uma janela para o passado glorioso de Roma, com uma oportunidade de vivenciarmos um pouco do que teria sido deslumbrar-se com o cotidiano de uma das maiores civilizações da história. A visita a este espaço é uma experiência atemporal e enriquecedora para qualquer turista que deseje explorar a riqueza cultural e histórica de Roma.

E você gostaria de visitar esse espaço?

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A presto!

Puglia e os tesouros no salto da bota: A Itália que poucos brasileiros conhecem

Puglia e os tesouros no salto da bota: A Itália que poucos brasileiros conhecem

A Puglia, localizada no sul da Itália, é uma região que abriga uma riqueza inigualável de belezas naturais e culturais. Se você viu algum dos nossos conteúdos recentes em nossas redes sociais, certamente notou que fizemos uma viagem muito especial, justamente para a Puglia. É hora então de começarmos a falar um pouco dessa região também por aqui! Conhecida como o “salto da bota” da Itália, devido à sua localização geográfica, a Puglia é um tesouro ainda não totalmente descoberto pelos turistas internacionais, embora seja um destino de sonho para aqueles que buscam uma experiência autêntica na Itália.

Polignano a Mare Puglia talia

Uma das características mais marcantes da Puglia é a paisagem repleta de campos de oliveiras intermináveis. A região é famosa por produzir grande parte do azeite de oliva italiano, e a vista dos olivais que se estendem até onde a vista alcança é simplesmente deslumbrante. Ao percorrer as estradas rurais da Puglia, você será cercado pela beleza serena das árvores de oliva e seus frutos dourados que dançam com a brisa suave do mar Adriático.

Oliveiras e Azeite de oliva italiano

E o que explica essa especialidade da região é que o clima mediterrâneo se combina com a típica terra vermelha da Puglia e cria um espaço perfeito para a produção dos azeites de oliva extra virgem, classificados com o selo DOP (Denominação de Origem Protegida); das seguintes áreas:

  • Dauno (Toda a província de Foggia: Daunia, Tavoliere delle Puglie e Gargano);
  • Terra di Bari (Províncias de Bari e Barletta–Andria–Trani);
  • Terra d’Otranto (Toda a província de Lecce e algumas cidades das províncias de Taranto e Brindisi);
  • Terre Tarantine (Cidades da zona oeste da província de Taranto);
  • Collina di Brindisi (Província de Brindisi).
Oliveiras na Puglia Itália
Oliveira na Puglia Italia

Além dos olivais, a Puglia possui uma extensa costa banhada pelo Mar Adriático e pelo Mar Jônico. Suas praias são famosas por suas águas cristalinas e enseadas pitorescas. Destacam-se praias de valor histórico, como a Praia do Porto Badisco (foi nela, segundo o poeta grego Virgílio, que Eneias desembarcou ao conseguir fugir de Tróia), e praias paradisíacas, como a Praia de Punta Prosciutto (também chamada de Palude del Conte), conhecida por sua areia fina e águas rasas. A Puglia oferece um refúgio tranquilo para os amantes de praias que desejam escapar das multidões.

Costa da Puglia banhada-pelo-Mar Adriático e Mar Jônico

Mas a beleza da Puglia não está limitada apenas à sua paisagem natural. A região é rica em história e cultura, com inúmeras cidades e vilarejos medievais que parecem ter parado no tempo. Um exemplo notável é Alberobello, um local declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO, famoso por seus trulli, que são casas com o formato de um cone, feitas de pedra e que remontam ao século XV. Essas construções únicas e encantadoras fazem de Alberobello um lugar verdadeiramente mágico para explorar. E é claro que nós passamos por lá em nossa viagem, e você verá tudo em nossas redes!

Darius e Giuliano em Alberobello Puglia
Darius em Alberobello Puglia

Outra cidade que merece destaque é Lecce, conhecida como a “Florença do Sul” devido à sua arquitetura barroca deslumbrante. Os edifícios ricamente ornamentados, as igrejas espetaculares e as praças elegantes fazem de Lecce um destino culturalmente enriquecedor. Você pode passear pelas ruas de paralelepípedos, admirar a detalhada fachada da Basílica de Santa Croce e saborear a culinária local em um dos muitos restaurantes encantadores.

Fachada Basílica Santa Croce em Lecce Italia
Fachada Basílica Santa Croce em Lecce
Interior da Basílica de Santa Croce
Interior da Basílica de Santa Croce
Basílica Santa Croce em Lecce Itália
Vista interior, olhando do outro sentido – Basílica de Santa Croce

A Puglia também é famosa por sua gastronomia única. Sendo uma região costeira, os frutos do mar desempenham um papel fundamental na culinária local. Pratos como o “orecchiette con le cime di rapa” (massa em forma de orelha com brócolis rabe) e o “pesce al cartoccio” (peixe cozido em papel alumínio com ervas e azeite de oliva) são deliciosos exemplos da tradição gastronômica da Puglia. Não se esqueça de experimentar o azeite de oliva extra virgem produzido na região, que é considerado um dos melhores do mundo.

Orecchiette da Puglia
O delicioso orecchiette pugliese

Mesmo vendo e revendo de longe, pelas fotos e vídeos que estamos preparando para vocês, as memórias nos tomam e sentimos todas as experiências outra vez. Puglia é realmente um destino de tirar o fôlego, que oferece uma combinação única de beleza natural, história rica, cultura vibrante e gastronomia excepcional. Se você busca uma experiência autêntica na Itália, longe das multidões de turistas, a Puglia é o lugar ideal para conhecer uma Itália que vive na tranquilidade, e assim descobrir melhor todos os seus tesouros escondidos. A região merece, sem dúvida, um lugar de destaque em sua lista de destinos a explorar na Itália.

Agora aproveite e comece a assistir aos vídeos que já publicamos sobre esta e também outras viagens, em nosso insta @canal_italica e no YouTube @ITALICA!

Há 2 mil anos nascia o primeiro chef italiano da história

Há 2 mil anos nascia o primeiro chef italiano da história

Quando pensamos em culinária e em chefes de cozinha, pode ser que alguém considere que esse é um fenômeno da modernidade, intensificado nas novas gerações principalmente com o advento recente das mídias que deram fama a tantos empreendimentos.

Primeiro chef italiano

Surgimento dos chefs

Acontece que chefs são tão antigos quanto a culinária. Onde houvesse fome e alimento, haveria logo quem se destacasse como aquela pessoa mais experiente no preparo dos alimentos. Assim, nada mais natural que nas civilizações mais antigas já existissem o que hoje chamamos de chef gastronômico. Assim foi no Império Romano.

O primeiro chef da história

Marco Gávio Apício é uma figura icônica na história da culinária italiana, cujas contribuições à gastronomia romana e, por extensão, à culinária italiana, perduram até os dias atuais. Nascido em 25 a.C., Apício viveu durante os reinados dos Imperadores Augusto e Tibério, e foi um chef, gastrônomo e escritor cuja paixão pela comida e seu desejo de aperfeiçoar a culinária romana o tornaram uma figura lendária na Roma Antiga.

Marco Gávio Apício e a culinária italiana

Registros históricos

Sua obra mais notável, “De Re Coquinaria” (Sobre a Arte Culinária), é um tesouro histórico, uma das fontes mais importantes sobre a culinária romana antiga, que chegou aos dias de hoje graças a um manuscrito do século V. O livro aparenta ser uma compilação de acréscimos a partir de um texto original, atribuído a Apício.

Livro De Re Coquinaria de Apricio

O manuscrito, depois de recuperado, passou por transcrições de monges medievais, que possibilitaram a reedição do texto, para um novo alcance no mundo medieval. O livro contém uma variedade surpreendente de receitas – 490 receitas transcritas pelos monges entre o século XV e XVI – que abrangem desde pratos principais, como guisados de carne, até sobremesas elaboradas, como bolos e tortas. Cada receita é acompanhada por detalhes sobre os ingredientes necessários e instruções sobre como preparar os pratos – em alguns casos, Apício descreve inclusive dicas de como utilizar os ingredientes certos para a melhor conservação do alimento, aumentando sua durabilidade. Essas receitas foram preservadas e forneceram uma base valiosa para a compreensão da culinária romana.

As contribuições históricas de Apício à culinária italiana podem ser entendidas também pelo ponto de vista da padronização. Suas receitas consolidaram uma ideia de se qualificar uma repetição rigorosa de técnicas, tornando as receitas mais acessíveis e compreensíveis para os cozinheiros de sua época. Isso, naturalmente, contribuiu muito para o desenvolvimento da gastronomia romana.

Receitas gourmet

Além disso, era grande o seu enfoque na qualidade dos ingredientes. Apício enfatizou a importância de se avaliar bem os ingredientes que deveriam ser escolhidos para cada finalidade culinária – uma característica distintiva da culinária italiana, que muitas vezes envolve a seleção de frutos de determinadas regiões para o preparo de uma receita tradicional. Ele ajudou a promover a ideia de que a qualidade dos ingredientes seria essencial para a excelência culinária.

Seu livro de receitas incluía também uma ampla gama de pratos que refletiam a diversidade da Roma Antiga. Isso ajudou a registrar na História a influência culinária das diferentes culturas e regiões que existiam dentro do Império Romano.

E, por outro lado, além dos registros documentais, Apício demonstrou sobretudo criatividade em suas receitas, muitas vezes incorporando ingredientes exóticos e especiarias em suas preparações. Essa abordagem inovadora influenciou a cultura culinária romana e italiana.

Culinário Romana e Italiana

Influências na culinária italiana

Não é possível compreender os dias de hoje da culinária italiana apenas pelas primeiras influências do chef romano. Por se tratar de uma culinária milenar, é claro que encontraremos muitas outras influências determinantes. As tradições da culinária italiana moderna se consolidaram com outras evoluções e influências culturais nos 2 mil anos que se passaram desde a época de Apício. Mas as contribuições atemporais do chef romano à gastronomia ainda são visíveis nas práticas culinárias italianas contemporâneas, como sua influência na valorização dos ingredientes sazonais, frescos e de alta qualidade, na criatividade e na paixão pela culinária. Na cozinha italiana, muitos ingredientes são valorizados além da ideia de um prato principal (primo ou secondo piatto). Vem daí a apreciação por uma alimentação em etapas, que destaque sabores diversos e a qualidade de cada preparo. 

Conquista do emirado de Bari
Imperador Luís II na conquista do Emirado de Bari, em 871

Os séculos que se seguiram ao tempo de Apício trouxeram outras tantas influências, desde o período das invasões bárbaras, até o Renascimento. E cada região da Itália apresenta suas próprias características culinárias, com diferenças que apontam influências também dos países que estão nas fronteiras, como a França e a Áustria. Mas há uma identidade italiana construída ao longo do tempo que evidencia a contribuição cultural-gastronômica de cada novo convívio que as terras itálicas conheceram. A ideia, por exemplo, de que uma refeição tipicamente italiana envolve um grande prato de antepasto, com frios, leguminosas, cogumelos e anchovas, é uma mistura de costumes que datam de Apício, mas que também se mesclaram às influências mediterrâneas, como a dos Árabes.

Emirado da Sicília
Ano 1000: O Emirado da Sicília, sob o domínio dos cálbidas, antes de seu colapso.

Os banquetes, que no passado eram uma realidade apenas da nobreza (enquanto a população contentava-se com a simplicidade da chamada tríade mediterrânea: azeitonas, vinho e pão), foram aos poucos ganhando mais mesas, com uma dieta mediterrânea composta por vegetais, legumes e queijos.

Mais tarde, no século IX, quando a ilha da Sicília foi dominada pelos árabes, a culinária também ganhou influências que caracterizam muito do que encontramos hoje, como frutas secas e especiarias.

Na Renascença, a culinária continuou ganhando especificidades italianas em sua tradição.

Um chef de grande impacto desse período foi Cristoforo de Messibugo, nascido no século XV, cozinheiro e mordomo da Casa d’Este, em Ferrara. (A família Este ou Casa d’Este era o ramo italiano de uma importante dinastia europeia de príncipes.) Cristofo também escreveu um livro de receitas, intitulado “Banchetti, composizioni di vivande e apparecchio generale”, publicado postumamente em 1549, e que tem como foco os preparadores de festas principescas, fornecendo descrições detalhadas dos menus dos seus banquetes oficiais na corte Este. Além de listar receitas, também discute logística, decoração e equipamentos de cozinha.

Xilogravura culinária italiana
Xilogravura de uma cozinha italiana.

Marco Gávio Apício pode não ter feito tudo em seu tempo, nem jamais cogitou a possibilidade de alguns preparos elaborados que surgiram depois de seu tempo, nas mãos de outros inúmeros chefs de grande impacto, mas seu legado o tornou ao longo dos séculos uma referência importantíssima para se entender a culinária como um bem cultural, uma herança respeitosa e essencial para a identidade de um povo. Por essas razões, podemos estudar a culinária italiana por diversos ângulos, conhecendo mil outras influências, mas um denominador comum é o reencontro quase arqueológico com as receitas selecionadas e registradas por Apício. Seu legado é uma lembrança de como a paixão pela comida pode transcender o tempo e continuar a inspirar amantes da culinária em todo o mundo.

E você, consegue imaginar a cultura italiana sem a gastronomia?

Agora que abrimos o apetite e aguçamos a curiosidade, aqui vão três vídeos valiosos sobre o tema: duas lives produzidas pelo Prof. Vinicio e uma visita que o Prof. Darius fez a um restaurante, onde pudemos aprender sobre o preparo de alguns pratos tradicionais com o chef Rafael Lorenti, do restaurante Basilicata, uma casa italiana com mais de 100 anos em São Paulo! 

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