Salvo D’Acquisto, um jovem italiano nascido em Nápoles em 1920, tornou-se um símbolo extraordinário de heroísmo e sacrifício durante os sombrios dias da Segunda Guerra Mundial. Sua história é um testemunho do altruísmo em face da brutalidade da ocupação nazista na Itália e permanece como uma inspiração duradoura de coragem.
Em setembro de 1943, após a queda do regime fascista de Mussolini, as forças alemãs ocuparam a Itália. Salvo D’Acquisto, então um jovem de apenas 23 anos, servia nas forças paramilitares italianas conhecidas como Guardia di Finanza. Em setembro de 1944, ele foi designado para uma patrulha na cidade de Fiumicino, nos arredores de Roma.
Durante uma operação de rotina, alguns militares alemães foram feridos e outros morreram em uma explosão causada por armas que a Guardia di Finanza tinha sequestrado. Segundo os alemães, tratava-se de um atentado, enquanto a Guardia di Finanza, com D’Acquisto chefe, disse que ninguém era responsável, porque foi algo acidental.
Os alemães ameaçaram dizendo que se os responsáveis não se entregassem, fariam um represália e matariam 22 residentes que foram presos. Sabendo dessa iminente represália alemã, o jovem soldado fez uma escolha extraordinária: para proteger seus companheiros, ele decidiu assumir a responsabilidade pelos ataques, alegando que agiu sozinho.
Quando os oficiais alemães chegaram para interrogar D’Acquisto, ele manteve sua versão da história, recusando-se a trair seus companheiros. Em 23 de setembro de 1944, Salvo D’Acquisto foi executado em fuzilamento pelos nazistas. Seu ato heroico, assumindo a responsabilidade por ações que não eram suas para proteger os outros, personificou o sacrifício e é até hoje um símbolo forte da coragem em meio à brutalidade da guerra.
E o legado de Salvo D’Acquisto transcendeu os anos de guerra. Ele foi postumamente condecorado com a Medalha de Ouro de Valor Militar, uma das mais altas honrarias italianas. Sua história é frequentemente contada como um exemplo de coragem e retidão em tempos de adversidade.
Além das condecorações, D’Acquisto se tornou um símbolo nacional na Itália, homenageado em monumentos, praças e em instituições educacionais. Sua cidade natal, Nápoles, ergueu uma estátua em sua memória, e escolas por todo o país contam sua história.
Outras localidades ao redor da Itália homenageiam D’Acquisto também com estátuas, e ele já foi ilustrado em selos dos correios.
Em 1975, o diretor Romolo Guerrieri levou ao cinema o filme homônimo “Salvo D’Acquisto”, com Massimo Ranieri no papel de D’Acquisto.
O heroísmo de Salvo D’Acquisto também ressoa além das fronteiras italianas. Seu exemplo inspira pessoas em todo o mundo, servindo como um lembrete de que, mesmo em tempos de guerra e ocupação, indivíduos corajosos podem tomar decisões extraordinárias para proteger aqueles que amam e acreditar em princípios mais elevados de humanidade.
Ao explorar a vida e o sacrifício de Salvo D’Acquisto, encontramos não apenas uma história de coragem singular, mas também uma lembrança perene de que, mesmo nas circunstâncias mais sombrias, a luz do heroísmo pode brilhar intensamente. Sua memória continua a ecoar como um farol de esperança e inspiração, recordando-nos da força intrínseca da bondade humana mesmo em meio à brutalidade da guerra.
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Oriana Fallaci foi uma renomada jornalista, escritora e entrevistadora italiana. Nascida em 29 de junho de 1929, em Florença, Itália, e falecida em 15 de setembro de 2006, em Florença, ela se destacou por sua carreira marcante no jornalismo e por suas entrevistas penetrantes com algumas das personalidades mais proeminentes do século XX, desde o Ayatollah Khomeini até o diretor de cinema Federico Fellini.
Jornalista
Fallaci iniciou sua carreira no jornalismo na década de 1950 e logo se destacou por sua abordagem corajosa e incisiva. Ela trabalhou como correspondente de guerra e cobriu eventos internacionais significativos, incluindo a Guerra do Vietnã e os conflitos no Oriente Médio.
Seu estilo de entrevista, caracterizado por perguntas diretas e incisivas, tornou-se uma marca registrada. Fallaci entrevistou líderes políticos notáveis, como Henry Kissinger, Yasser Arafat e Muammar Gaddafi, entre outros. Suas entrevistas muitas vezes ultrapassavam as formalidades tradicionais, buscando penetrar na essência do pensamento e da personalidade de seus entrevistados.
Escritora
Além de seu trabalho no jornalismo, Oriana Fallaci também se destacou como escritora. Seu livro mais conhecido, “Entrevista com a História” (1976), é uma compilação de suas entrevistas mais importantes. Outras obras notáveis incluem “Carta a um Criança Nunca Nascida” (1975), um livro em formato de carta que aborda questões sobre maternidade e a condição humana.
Fallaci também foi autora de romances, incluindo “Um Homem” (1979) e “Inshallah” (1990). Seus escritos refletem suas experiências, visões políticas e uma profunda preocupação com questões sociais e culturais.
Ao longo de sua carreira, Oriana Fallaci foi alvo de controvérsias, especialmente devido às suas posições políticas e opiniões francas. Ela permaneceu ativa no jornalismo até o final de sua vida, enfrentando desafios de saúde enquanto continuava a expressar suas opiniões fortes e inabaláveis.
Legado
Oriana Fallaci deixou um legado significativo no jornalismo, sendo reconhecida por sua coragem, intelecto afiado e abordagem única na arte da entrevista. Sua influência estende-se para além da Itália, impactando o jornalismo global e inspirando gerações de repórteres e escritores.
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Sabe aquele famoso gesto italiano feito com as pontas dos dedos reunidas e a mão em movimento? Tão famoso que até se tornou um emoji recentemente. Pois é, todo mundo que quer imitar um italiano acaba recorrendo a esse “estereótipo” da gesticulação.
Mas, afinal, o que significa esse gesto? E a gesticulação, de modo geral, será mesmo apenas um estereótipo?
Entendendo os gestos
Vamos começar respondendo à primeira pergunta: esse gesto é geralmente associado ao significado de “Che vuoi?” (“O que você quer?”)
Isso mesmo, uma frase inteira pode ser entendida com um simples gesto. Isso é o que chamamos de linguagem não-verbal e é parte fundamental da comunicação dos italianos, que não têm apenas esse gesto. São tantos outros que podemos dizer, sem exagero, que os italianos sabem falar com as mãos. Pois é, não é apenas um estereótipo!
A expansão da linguagem dos gestos
Existe até livro sobre o assunto. “Mani che parlano: gesti e psciologia della comunicazione”, de Isabella Poggi e Emanuela Magno Caldognetto (1997), faz um apanhado de 250 gestos muito utilizados pelos italianos no cotidiano.
E não é apenas este livro que aborda o tema. O número de publicações passa de uma dezena e isso demonstra a importância da gesticulação para a comunicação na cultura italiana. É como se as palavras não bastassem para expressar tudo que a pessoa está sentindo ou pensando. Ou então, como se fosse possível poupar algumas palavras para que o sentido fosse passado adiante com menos esforço.
E quais as origens históricas dessa característica?
Uma das primeiras publicações a se aprofundarem no tema foi publicada em 1832: “La mimica degli antichi investigata nel gestire napoletano”, de Andrea de Jorio, arqueólogo italiano, o primeiro etnógrafo a estudar a linguagem corporal.
Descobrimos, com essa leitura, que uma das teorias sobre a origem dos gestos remonta à época do Império Romano, que abrangia territórios habitados por povos distintos.
Os gestos, portanto, ajudariam a resolver problemas de comunicação, representando ações, sentimentos, ideias… exatamente como uma lingua de sinais!
No caso específico de um vasto Império, saber gesticular seria uma poderosa estratégia de comunicação, uma ferramenta ao alcance de todos. As pessoas podiam juntar as mãos, levá-las ao rosto, mostrar dedos, fazer movimento rápidos, tudo isso para se somar às palavras e garantir mais efeito e clareza nas conversas.
Na Itália é assim: uma simples saída para caminhar e descobrimos muito o que pensar e aprender do idioma. Durante a nossa viagem pela região da Puglia, encontramos essa loja da foto abaixo, cheia de itens variados. Parece uma loja de antiguidades, um “antiquariato”. Quais palavras você usaria para descrever esses objetos? Cacarecos? Bugigangas?
Na dúvida de como devíamos chamar esse tipo de loja, descobrimos que os italianos utilizam a seguinte expressão: negozio di cianfrusaglie.
Mas que palavra é essa?! Cianfrusaglie!
Ma cos’è questa parola, ma che significato ha?
A origem das palavras no italiano, como em outras línguas, nos revela como é tudo uma questão de combinação e criatividade.
“Cianfrusaglie” significa “loja de bugigangas”, “quinquilharias”, ou seja, objetos de pouco valor. E a origem da palavra no italiano é curiosa!
É uma expressão que reproduz o barulho de uma ação! Estudiosos observam que ela talvez tenha começado como uma mistura dos sons de outras palavras, como “cianciare” (tagarelar) e “frugare”/”frusciare” (vasculhar/farfalhar).
Conclusão: “cianfrusaglie” é como “tagarelices”, representa o que não vale muito, uma “bagatella” (que também veio do italiano e do latim para descrever coisas de pouca importância!)
A evolução das palavras é uma mágica, né?
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