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Salvo D’Acquisto: o jovem que é símbolo nacional de heroísmo na Itália

Salvo D’Acquisto: o jovem que é símbolo nacional de heroísmo na Itália

Salvo D’Acquisto, um jovem italiano nascido em Nápoles em 1920, tornou-se um símbolo extraordinário de heroísmo e sacrifício durante os sombrios dias da Segunda Guerra Mundial. Sua história é um testemunho do altruísmo em face da brutalidade da ocupação nazista na Itália e permanece como uma inspiração duradoura de coragem.

Em setembro de 1943, após a queda do regime fascista de Mussolini, as forças alemãs ocuparam a Itália. Salvo D’Acquisto, então um jovem de apenas 23 anos, servia nas forças paramilitares italianas conhecidas como Guardia di Finanza. Em setembro de 1944, ele foi designado para uma patrulha na cidade de Fiumicino, nos arredores de Roma.

Salvo D'Acquisto servindo forças paramilitares

Durante uma operação de rotina, alguns militares alemães foram feridos e outros morreram em uma explosão causada por armas que a Guardia di Finanza tinha sequestrado. Segundo os alemães, tratava-se de um atentado, enquanto a Guardia di Finanza, com D’Acquisto chefe, disse que ninguém era responsável, porque foi algo acidental.

Os alemães ameaçaram dizendo que se os responsáveis não se entregassem, fariam um represália e matariam 22 residentes que foram presos. Sabendo dessa iminente represália alemã, o jovem soldado fez uma escolha extraordinária: para proteger seus companheiros, ele decidiu assumir a responsabilidade pelos ataques, alegando que agiu sozinho.

Quando os oficiais alemães chegaram para interrogar D’Acquisto, ele manteve sua versão da história, recusando-se a trair seus companheiros. Em 23 de setembro de 1944, Salvo D’Acquisto foi executado em fuzilamento pelos nazistas. Seu ato heroico, assumindo a responsabilidade por ações que não eram suas para proteger os outros, personificou o sacrifício e é até hoje um símbolo forte da coragem em meio à brutalidade da guerra.

Salvo D'Acquisto executado

E o legado de Salvo D’Acquisto transcendeu os anos de guerra. Ele foi postumamente condecorado com a Medalha de Ouro de Valor Militar, uma das mais altas honrarias italianas. Sua história é frequentemente contada como um exemplo de coragem e retidão em tempos de adversidade.

Além das condecorações, D’Acquisto se tornou um símbolo nacional na Itália, homenageado em monumentos, praças e em instituições educacionais. Sua cidade natal, Nápoles, ergueu uma estátua em sua memória, e escolas por todo o país contam sua história.

Estátua de Salvo D'Acquisto

Close Estátua de Salvo D'Acquisto

Outras localidades ao redor da Itália homenageiam D’Acquisto também com estátuas, e ele já foi ilustrado em selos dos correios.

Selo de Salvo D'Acquisto

Em 1975, o diretor Romolo Guerrieri levou ao cinema o filme homônimo “Salvo D’Acquisto”, com Massimo Ranieri no papel de D’Acquisto.

Filme de Salvo D'Acquisto

Estátua de Salvo D'Acquisto 1974

O heroísmo de Salvo D’Acquisto também ressoa além das fronteiras italianas. Seu exemplo inspira pessoas em todo o mundo, servindo como um lembrete de que, mesmo em tempos de guerra e ocupação, indivíduos corajosos podem tomar decisões extraordinárias para proteger aqueles que amam e acreditar em princípios mais elevados de humanidade.

Ao explorar a vida e o sacrifício de Salvo D’Acquisto, encontramos não apenas uma história de coragem singular, mas também uma lembrança perene de que, mesmo nas circunstâncias mais sombrias, a luz do heroísmo pode brilhar intensamente. Sua memória continua a ecoar como um farol de esperança e inspiração, recordando-nos da força intrínseca da bondade humana mesmo em meio à brutalidade da guerra.

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Giorgio Perlasca: o desconhecido italiano que desafiou o nazismo

Giorgio Perlasca: o desconhecido italiano que desafiou o nazismo

Em meio ao caos e à brutalidade das guerras, sempre surgem histórias extraordinárias de coragem e humanidade que iluminam os momentos mais sombrios da história. Giorgio Perlasca, um italiano corajoso e compassivo: um comerciante de carnes que se viu diante de uma chance de fazer um grande bem para a humanidade – crucial na salvação de milhares de vidas perseguidas pelo regime nazista. E ele emergiu como um verdadeiro herói humanitário, um eroe silenzioso e sconosciuto, como falam na Itália quando se referem a ele. O papel que desempenhou foi tão engenhoso que parece inventado para algum filme de Hollywood. 

Giorgio Perlasca

Nascido em 31 de janeiro de 1910, em Como, Itália, Giorgio Perlasca inicialmente serviu como voluntário no exército italiano durante a Guerra Civil Espanhola. No entanto, sua vida tomou um rumo extraordinário quando, em 1941, foi convocado para servir na frente oriental ao lado das forças alemãs durante a invasão da União Soviética. Testemunhando os horrores da guerra, Perlasca tornou-se cada vez mais crítico em relação ao regime fascista e suas alianças.

Em 1942, Perlasca foi chamado de volta à Itália devido a uma doença. Em vez de retornar ao fronte, ele decidiu desertar do exército italiano. Ao se recusar a aderir à República Social Italiana de Mussolini, foi caçado até mesmo pelos alemães. Após uma fuga inicial, ele se entregou, foi preso e internado. Posteriormente, porém, escapou utilizando uma autorização médica falsa e buscou refúgio na embaixada espanhola, com a intenção inicial de retornar à Itália por intercessão espanhola.

Com uma crescente aversão ao fascismo e ao nazismo, Giorgio Perlasca encontrou sua verdadeira vocação quando, por um golpe do destino, se viu em Budapeste, Hungria, durante a ocupação nazista.

Ao chegar em Budapeste, Perlasca testemunhou de perto a perseguição brutal aos judeus e a outros grupos minoritários pelos nazistas. Comovido pela tragédia humana que se desenrolava diante de seus olhos, ele decidiu agir. Inspirado pelo legado do diplomata suíço Carl Lutz, que havia emitido passaportes de proteção para judeus húngaros, Perlasca decidiu seguir um caminho semelhante.

Carl Lutz
Carl Lutz quando jovem

Perlasca, graças ao seu conhecimento de várias línguas, incluindo espanhol, alemão, francês e um pouco de húngaro, juntou-se ao embaixador Ángel Sanz Briz numa tentativa de salvar judeus de Budapeste. Sem qualquer apoio oficial de seu próprio governo, Perlasca corajosamente assumiu a identidade de um adido militar espanhol, e adaptou o nome: Jorge Perlasca. Utilizando os documentos diplomáticos que havia obtido durante sua participação na Guerra Civil Espanhola, adotou essa nova identidade e se declarou um falso Cônsul Geral de Espanha em Budapeste.

Usando sua falsa autoridade diplomática, Perlasca começou a conceder passaportes de proteção e vistos para milhares de judeus húngaros, oferecendo-lhes uma chance de escapar da deportação e da morte certa nos campos de concentração nazistas. Ele abrigou judeus em edifícios designados como propriedades espanholas e desafiou abertamente as autoridades nazistas, enfrentando riscos significativos para sua própria vida.

Ao longo de 45 dias cruciais entre novembro e dezembro de 1944, Giorgio Perlasca desempenhou um papel vital na resistência contra o Holocausto em Budapeste, salvando a vida de mais de cinco mil pessoas. Sua coragem e determinação foram fundamentais para preservar a humanidade diante do ódio e da perseguição.

Depois de salvar 5218 pessoas, Perlasca queimou seus documentos falsos espanhóis e retornou à Itália, onde seguiu vivendo com modéstia – e durante décadas não revelou suas ações humanitárias para ninguém. Foi encontrado pela comunidade judaica apenas no fim dos anos 80, quando ele disse: “Não pude resistir à visão de um povo que era marcado como animal, a ver crianças assassinadas. Não creio que eu tenha sido um herói”.

Após a guerra, a história de Giorgio Perlasca permaneceu, por muitos anos, pouco conhecida fora da Itália. No entanto, em décadas mais recentes, seu heroísmo recebeu maior reconhecimento internacional. Ele foi homenageado com diversos prêmios, incluindo o título “Justo entre as Nações”, em 1989, concedido pelo Yad Vashem, memorial do Holocausto em Jerusalém.

A vida de Giorgio Perlasca é uma lição de coragem, empatia e resistência contra a injustiça. Seu legado continua a inspirar e recordar o poder transformador de ações individuais positivas em meio à escuridão da guerra. Ao contar a história de Perlasca, celebramos não apenas um homem notável, mas também reafirmamos a importância de defender os valores humanos fundamentais, mesmo nas circunstâncias mais adversas.

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Ferdinando Scianna: o olhar distinto do fotógrafo italiano

Ferdinando Scianna: o olhar distinto do fotógrafo italiano

Ferdinando Scianna, nascido em 1943 em Bagheria, Sicília, tem um marcante legado como um dos mais proeminentes fotógrafos italianos contemporâneos. Sua carreira, que se desenrolou ao longo de décadas, foi caracterizada por um olhar aguçado para capturar a vida cotidiana, a cultura e as complexidades sociais da Itália.

Quem foi Ferdinando Scianna

Iniciando sua trajetória nos anos 1960, Scianna rapidamente se destacou por sua habilidade em contar histórias visualmente. Sua entrada na agência Magnum Photos, em 1982, solidificou seu lugar no cenário internacional da fotografia. Ao longo de sua carreira na Magnum, ele contribuiu de maneira significativa para o fotojornalismo e a documentação visual.

Retrato Ferdinando Scianna

Uma das características distintivas do trabalho de Scianna é sua capacidade de fundir elementos de tradição e de modernidade em suas imagens. Ele explora a riqueza da cultura italiana, desde suas festividades e tradições até suas complexidades sociais. Suas fotografias frequentemente capturam a essência da vida nas ruas, revelando a beleza e a efemeridade nas pequenas nuances do cotidiano.

Retrato do cotidiano

Sua história e legado

Além do olhar documental, Scianna também se aventurou no mundo da moda. Suas colaborações com designers renomados resultaram em imagens que transcendem a simples apresentação de roupas, incorporando narrativas visuais envolventes. Ele conseguiu unir sua sensibilidade artística com uma perspectiva social profunda, criando imagens que eram simultaneamente esteticamente atraentes e carregadas de significado.

Retrato com significado

A Sicília, sua terra natal, desempenhou um papel central em muitos projetos de Scianna. Ele frequentemente explorava as paisagens e as tradições da ilha, utilizando-as como cenário para suas narrativas visuais. Sua conexão pessoal com a Sicília transparecia em suas fotografias, que capturavam a complexidade e a riqueza cultural dessa região italiana.

Ao longo de sua carreira, Scianna recebeu inúmeros prêmios e reconhecimentos por suas contribuições à fotografia. Seu legado vai além das imagens individuais; ele ajudou a moldar a percepção visual da Itália e influenciou gerações de fotógrafos.

Foto tirada por Ferdinando Scianna
Foto por Ferdinando Scianna

Ferdinando Scianna construiu um trabalho que continua a inspirar e cativar. Sua capacidade de capturar a alma da Itália, sua habilidade em contar histórias visualmente e seu olhar perspicaz são uma valiosa contribuição para a fotografia contemporânea. O trabalho de Scianna não apenas é presente nas galerias de arte e na rememoração da vida italiana das últimas décadas, mas também na percepção coletiva da beleza e complexidade da arte da fotografia.

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De onde surgiu a expressão “Vecchio come er cucco”?

De onde surgiu a expressão “Vecchio come er cucco”?

O italiano é repleto de palavras que podem funcionar como fósseis preciosos se olharmos com cuidado em busca da origem do som e do significado! Já ouviu alguém falar esta expressão “Vecchio come er cucco”? Seria uma maneira de descrever exageradamente a idade de uma pessoa, ou seja, uma hipérbole. 

Vecchio come er cucco

Existem alguns resquícios do dialeto romano que, ainda hoje, fazem parte da linguagem cotidiana. Entre tantos, está esse ditado que é frequentemente usado até mesmo pelas novas gerações. É possível encontrar jovens recorrendo a “Vecchio come er cucco”, sem necessariamente saberem a origem e o significado original.

Esta é uma expressão usada para se referir a um objeto muito antigo ou a uma pessoa muito velha, mas também a um conceito, uma forma de pensar considerada antiga e fora de moda. Mas e qual seria a origem desse ditado?

Acredita-se que o termo “cucco”, de acordo com estudos linguísticos e históricos, tenha surgido de uma corruptela, uma deformação onomatopeica do nome “Habacuque”, que foi um dos 12 profetas de Israel. Ele, aliás, é sempre representado como um homem idoso, pensativo, às vezes com uma longa barba!

Habacuque o Sentinela de Deus
Pintura “Habacuque, o Sentinela de Deus”, de 1954, por Frank O Salisbury

Vejamos o que diz a Accademia della Crusca, que é a mais prestigiosa instituição linguística da Itália – e que reúne estudiosos e especialistas em linguística e filologia italiana. É simplesmente a mais antiga entre as academias em atividade no país.

Biblioteca dell'accademia Della Crusca
Biblioteca dell’accademia Della Crusca, em Villa di castello

Segundo a Accademia della Crusca, a palavra “cucco” pode derivar de “cuculo”, cujos nomes “cuco”, “cucco” e “cucù” se originariam do grito repetitivo da ave pertencente à ordem dos Cuculiformes e à família Cuculidae. Ela justamente emite o som “cu-cu”.

cucco

E a Accademia della Crusca escreve:

Tutti i dizionari, antichi e contemporanei registrano le espressioni menzionate alla voce cucco ‘cuculo’. Ad avvalorare l’ipotesi che il cucco dell’espressione in questione sia il ‘cuculo’ contribuisce la presenza del sintagma l’era del cucù (accanto a l’era del cucco) per indicare un ‘tempo molto lontano’. L’Etimologico afferma: già in lat. cucūlus significa ‘infingardo’ e ‘stupido’ e anche l’it. cucco è sinonimo di ‘babbeo’ per la permessività che mostra nei confronti dell’infedeltà della compagna; per la stessa ragione il fr. cocu è divenuto sinonimo di ‘cornuto’.

Traduzindo:

Todos os dicionários antigos e contemporâneos registram as expressões mencionadas do verbete cucco, em ‘cuculo’. A presença da frase “era do cuco” contribui para sustentar a hipótese de que o “cuco” da expressão em questão serve para indicar um ‘tempo muito distante’. O Etmológico afirma: já em latim, “cucūlus” significa ‘lento’ e ‘estúpido’, e também no italiano “cucco” é sinônimo de “babbeo” (otário), pela permissividade que demonstra em relação à infidelidade de seu parceiro; pela mesma razão o francês “cocu” tornou-se sinônimo de “cornuto” (corno).

Ainda de acordo com a Accademia della Crusca, “cucco” também poderia derivar de “bacucco” (que tem uma ligação com o nome ‘Habacuc’); o trecho do argumento diz: “o paralelismo da expressão Vecchio Bacucco e Vecchio come il Cucco, ou Vecchio Cucco, seria explicado neste caso pela queda da sílaba ba-“.

E aí, achou interessante descobrir as raízes sonoras que evidenciam o parentesco antigo das palavras italianas? Então aproveite para assistir aos nossos conteúdos gratuitos de aprofundamento de estudo da história linguística do latim ao italiano, nas seguintes lives: uma do Prof. Vinicio, e outra que o Prof. Darius conduziu com o professor de Latim Artur Costrino. Eles exploraram a herança do latim no italiano e conversaram sobre o trajeto histórico dessa língua-mãe do português, do espanhol, do francês e, é claro, do italiano. Também abordaram as relações linguísticas e históricas entre o latim e o italiano. Você ainda descobrirá quais influências Dante Alighieri promove, mesmo hoje em dia, no modo com que falamos italiano!

#1 Expressões e palavras em latim no italiano de hoje!

#2 Do latim ao italiano – Bate papo com o professor de Latim Artur Costrino!

Buona visione!

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A Festa dei Lavoratori: como é o Dia dos Trabalhadores na Itália?

A Festa dei Lavoratori: como é o Dia dos Trabalhadores na Itália?

A Itália também celebra o Dia Internacional dos Trabalhadores no dia 1º de maio. Escolas, repartições públicas e a maioria das empresas ficam fechadas, promovendo descanso e reflexão sobre os valores deste dia. A celebração é chamada Festa dei Lavoratori (também conhecida, é claro, como Primo Maggio) e, assim como em outros países, celebra as vitórias dos direitos dos trabalhadores italianos, como jornadas de trabalho de oito horas, condições de trabalho seguras e o direito a férias. A data também promove a atualização e a adição de mais proteções e privilégios para que os trabalhadores sejam tratados de forma justa.

Uma diferença notável quando comparamos com o feriado aqui no Brasil é que na Itália acontecem inclusive concertos e desfiles com grande participação do público, além de piqueniques e momentos mais íntimos em família.

Uma das maiores celebrações da Festa dei Lavoratori na Itália é o Concerto del Primo Maggio, realizado desde 1990 na Piazza San Giovanni, em Roma, e patrocinado pelos maiores sindicatos trabalhistas da Itália. O grande evento gratuito é realizado na praça em frente à Basílica de San Giovanni, em frente ao Palazzo Laterano. Além de artistas italianos, o concerto também conta com estrelas internacionais e apoia artistas emergentes e independentes.

Festa do dia do Trabalho em Roma
Concerto na Piazza San Giovanni, Roma, durante a Festa dei Lavoratori

Uma curiosidade especial: no 1º de maio de 2011, o Concerto na Piazza San Giovanni foi realizado no mesmo dia da beatificação do Papa João Paulo II e ganhou um significado adicional bastante especial para milhões de pessoas. A data ficou marcada, inclusive, por ter sido uma das maiores cerimônias da história da Igreja: mais de 1,5 milhão de peregrinos viajaram a Roma para participarem do evento religioso! Sem contar as milhares de outras pessoas que assistiram ao concerto e à cerimônia à distância.

Origens do Dia do Trabalho na Itália

A Festa dei Lavoratori remonta ao final da década de 1880, quando os sindicatos começaram a surgir em todo o mundo. Depois, em 1925, a Festa foi suspensa por um longo período, quando o regime fascista controlava a Itália. O feriado só foi restaurado pelo governo italiano em 1945, após a Segunda Guerra Mundial.

Viajando para a Itália: Maio em Assis

Um fato interessante sobre a abertura do mês de maio na Itália é que a A Festa dei Lavoratori foi precedida por muitos anos pelo “Il Calendimaggio”, Festa da Primavera, uma celebração agrícola que marca o início da estação de cultivo. O nome, inclusive, revela muito sobre os costumes antigos dos romanos. 

A palavra calendário primeiro originou-se do grego “kalein”, significando “chamar em voz alta”, no sentido de uma “convocação”. E, no latim, depois transformou-se em “calendae”. Para os romanos, “calendas” era então o nome do primeiro dia de cada mês, e esse termo teria surgido a partir do costume romano de se “chamar em voz alta” os cidadãos, uma convocação do povo justamente no primeiro dia de cada mês, quando as pessoas eram informadas sobre os festivais e dias sagrados que deviam ser respeitados ao longo do mês.

Muitas regiões da Itália ainda celebram Il Calendimaggio, mas Assis é a mais reconhecida por realizar uma festa que atrai os turistas devido à sua grandeza.

Il Calendimaggio em Assis

Os moradores costumam planejar o ano todo os detalhes dessa comemoração, que dura vários dias, com todos vestidos como se ainda vivessem no período medieval.

A arte italiana caminhando junto nas conquistas

Abrimos este artigo com uma pintura especial, chamada “Il quarto stato”, do pintor italiano Giuseppe Pellizza da Volpedo, criada em 1901. Ela se encontra, desde 7 de julho de 2022, na Galleria d’Arte Moderna de Milão.

A história da composição dessa pintura é de grande simbologia e de inspiração na realidade da luta pelos direitos dos trabalhadores.

“Ambasciatori della fame” (Embaixadores da Fome), primeira versão de esboço do que viria a ser “Il Quarto Stato”
Ambasciatori della fame” (Embaixadores da Fome), primeira versão de esboço do que viria a ser “Il Quarto Stato”

Giuseppe Pellizza havia iniciado sua ideia ao trabalhar em um esboço chamado primeiro de “Ambasciatori della fame” (Embaixadores da Fome), que podemos ver acima. Isso ocorreu em 1891, após Pellizza testemunhar um protesto de um grupo de trabalhadores. O artista ficou muito impressionado com a cena, tanto que escreveu em seu diário: 

“La questione sociale s’impone; molti si son dedicati ad essa e studiano alacremente per risolverla. Anche l’arte non dev’essere estranea a questo movimento verso una meta che è ancora un’incognita ma che pure si intuisce dover essere migliore a patto delle condizioni presenti.”

“A questão social se impõe; muitos se dedicaram a isso e estão trabalhando duro para resolver. Mesmo a arte não deve ser alheia a este movimento em direção a um objetivo que ainda é desconhecido, mas que, no entanto, se sente que deve ser melhor do que as condições atuais.”

“O quarto estado” faz referência, portanto, a uma ideia de poder e de manifestação por esse poder, por esse direito ainda não contemplado na sociedade. A tela retrata um grupo de trabalhadores marchando em protesto em uma praça. O avanço da procissão não é violento, é lento, seguro e confiante, sugerindo portanto um sentimento inevitável de vitória. E esta seria justamente a intenção de Pellizza, dar vida a “una massa di popolo, di lavoratori della terra, i quali intelligenti, forti, robusti, uniti, s’avanzano come fiumana travolgente ogni ostacolo che si frappone per raggiungere luogo dove ella trova equilibrio” (“uma massa de gente, de trabalhadores da terra, que são inteligentes, fortes, robustos e unidos, avançam como uma inundação superando todos os obstáculos que se interpõem no caminho para chegar a um lugar onde encontre equilíbrio”).

“O quarto estado"

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Os povos itálicos pré-romanos e as raízes da língua italiana

Os povos itálicos pré-romanos e as raízes da língua italiana

A história linguística e cultural da Itália remonta a tempos antigos, onde uma rica tapeçaria de povos itálicos pré-romanos moldou as bases das tradições que eventualmente evoluíram para a língua italiana que conhecemos hoje. Esses povos, com suas diversas línguas e culturas, desempenharam um papel fundamental na formação da identidade italiana.

Antes do Império Romano

Antes da expansão do Império Romano, a península itálica era habitada por diferentes grupos étnicos, cada um contribuindo de maneira única para o mosaico cultural. Entre esses povos itálicos, destacam-se os Etruscos, os Umbros, os Sabinos, os Samnitas e os Latinos, entre outros.

Raízes da língua italiana

Os Etruscos, por exemplo, habitavam a região da Etrúria (atual Toscana) e desenvolveram uma civilização avançada com uma escrita própria. Embora a língua etrusca tenha influenciado apenas marginalmente o latim, as interações culturais foram cruciais para a formação da sociedade romana.

Arte etrusca: pintura no “Túmulo dos Touros”, em Tarquinia

Explore imagens de um compilado do Museo Etrusco Guarnacci – 2008 abaixo:

Os Latinos, por sua vez, eram um grupo que se destacou, especialmente com a ascensão de Roma. A língua latina, falada pelos romanos, tornou-se a base do latim vulgar, que evoluiu para o italiano. O latim era originalmente uma língua de prestígio usada pelos escribas e pelas classes educadas, mas, ao longo do tempo, foi sendo assimilada pelas populações locais.

Diversidade latina
Latinos

As raízes da língua italiana

A diversidade linguística na Itália antiga é evidenciada pela coexistência de vários dialetos e línguas itálicas. Os Umbros, na região central da península, falavam o umbro; os Samnitas, no sul, falavam o osco; e assim por diante. Essas línguas compartilhavam características comuns, mas também exibiam singularidades que contribuíram para a riqueza linguística da região.

raízes da língua italiana Umbria

Com o tempo, a expansão romana unificou grande parte da península sob um governo central, levando ao domínio do latim como língua franca. Contudo, a penetração do latim não foi uniforme, e muitos dialetos itálicos resistiram à influência romana.

Ao longo dos séculos, especialmente durante a Idade Média, o latim vulgar, falado pelas populações locais, evoluiu para os dialetos românicos, que deram origem às línguas românicas modernas, incluindo o italiano. A consolidação do italiano como uma língua distintiva ocorreu no período renascentista, com figuras como Dante Alighieri, autor da “Divina Comédia”, contribuindo significativamente para a sua padronização.

As raízes da língua italiana estão, assim, profundamente entrelaçadas com as experiências e interações dos povos itálicos pré-romanos. A diversidade cultural e linguística desses grupos é um reflexo da complexidade histórica da península itálica, que contribuiu para a riqueza e a diversidade que caracterizam a Itália e sua língua oficial, o italiano. Essa jornada através do tempo revela não apenas as origens da língua, mas também a resiliência e a riqueza das tradições que moldaram a identidade italiana ao longo dos séculos.

Produzimos lives que abordaram muitos detalhes dessa trajetória da língua italiana. Assistindo, você descobrirá mais sobre esse espetacular caminho das línguas e sobre as heranças milenares que carregamos, literalmente, na ponta da língua, em cada palavra que pronunciamos hoje, seja no italiano ou no português. Destacamos abaixo, buona visione!

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